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Qual a melhor dieta para quem tem pressão alta? Estudo compara cetogênica e mediterrânea
Quem convive com a pressão alta sabe que controlar os números no aparelho é só parte do desafio. Muitas vezes, a mudança precisa começar no prato. Mas diante de tantas dietas, restrições e modismos, como saber qual a melhor dieta para quem tem pressão alta?
A relação entre alimentação e saúde cardiovascular é antiga, mas continua sendo um dos pilares mais confiáveis para quem quer prevenir ou controlar a hipertensão.
Evitar o excesso de sal, manter o peso sob controle e investir em alimentos naturais são práticas bem conhecidas — mas, na hora de escolher uma dieta estruturada, surgem dúvidas legítimas: será que a cetogênica funciona mesmo? A mediterrânea ainda é a melhor opção?
Para responder essas questões, um estudo recente comparou os efeitos das duas dietas em pessoas com sobrepeso e pressão alta.
Os resultados trazem boas notícias: ambas ajudaram a reduzir os níveis de pressão arterial, promoveram emagrecimento e mostraram-se seguras quando bem orientadas. Mas as diferenças entre elas merecem atenção.
A seguir, você confere o que esse estudo revelou e como adaptar essas estratégias alimentares à sua realidade — sempre com foco na saúde e no equilíbrio.
Pressão alta e alimentação: qual é a melhor escolha?
A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares no mundo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a condição afeta cerca de 1 bilhão de pessoas e está diretamente ligada a hábitos alimentares inadequados, excesso de peso e sedentarismo. Mas afinal, qual dieta é mais eficaz para controlar a pressão?
Um estudo recente publicado no periódico Nutrients trouxe novas respostas. Os pesquisadores compararam duas abordagens alimentares populares — a dieta cetogênica e a dieta mediterrânea — em adultos com sobrepeso ou obesidade e níveis de pressão arterial elevados.
Ambas se mostraram eficazes na redução da pressão, promovendo também perda de peso e melhorias na composição corporal.
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Qual a melhor dieta para quem tem pressão alta? O que dizem os dados da pesquisa?
O estudo envolveu 26 adultos não diabéticos com sobrepeso ou obesidade central e índice de massa corporal (IMC) acima de 27 kg/m². Os participantes apresentavam pressão arterial entre 130/85 mmHg e 160/100 mmHg — faixas que incluem tanto pressão alta de grau 1 quanto valores considerados limítrofes.
Os voluntários foram divididos em dois grupos. Um seguiu a dieta cetogênica com restrição calórica e alto teor proteico; o outro, a dieta mediterrânea tradicional, rica em vegetais, grãos integrais, azeite de oliva e peixes.
Após três meses, todos os participantes passaram por avaliações laboratoriais, monitoramento da pressão por 24 horas e análise da composição corporal.
Os resultados indicaram que ambas as dietas reduziram a pressão arterial sistólica e diastólica, com média de queda de 9 mmHg na pressão sistólica e 5 mmHg na diastólica.
Além disso, houve perda de peso significativa nos dois grupos: quem seguiu a cetogênica perdeu, em média, 11,3 kg; já os que seguiram a mediterrânea perderam cerca de 7,8 kg.
Dieta cetogênica: o que é, como funciona e quais os riscos?
A dieta cetogênica é caracterizada pela ingestão muito baixa de carboidratos (geralmente menos de 50g por dia), consumo elevado de gorduras e moderado a alto de proteínas. Esse padrão alimentar induz o corpo a entrar em cetose — um estado metabólico no qual a gordura se torna a principal fonte de energia.
No contexto do estudo, a dieta cetogênica levou a uma perda de peso mais acentuada e melhoras nos marcadores metabólicos.
No entanto, é importante destacar que essa dieta costuma conter níveis mais altos de gordura saturada e sódio, o que pode representar um risco adicional para pessoas com predisposição a doenças cardiovasculares se não for bem planejada.
Além disso, embora os participantes do estudo tenham tolerado bem a dieta e não tenham apresentado sinais de inflamação ou danos renais, a adoção da cetogênica deve sempre ser acompanhada por um profissional de saúde, especialmente no caso de hipertensos.
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A força da dieta mediterrânea: equilíbrio e proteção cardiovascular
A dieta mediterrânea é baseada em padrões alimentares tradicionais de países como Itália, Grécia e Espanha. Sua base inclui frutas, vegetais, leguminosas, azeite de oliva, oleaginosas, peixes e grãos integrais.
O consumo de carnes vermelhas, alimentos ultraprocessados e açúcar é muito limitado, e há moderação no uso de laticínios e vinhos.
Essa abordagem é amplamente reconhecida por sua capacidade de proteger o coração e reduzir o risco de infartos, AVCs e hipertensão. No estudo citado, embora a perda de peso tenha sido menor do que na cetogênica, a dieta mediterrânea demonstrou outros benefícios importantes:
Houve melhora na composição corporal, com aumento da proporção de massa livre de gordura.
Os participantes apresentaram maior frequência do chamado “mergulho noturno” — uma queda natural da pressão arterial durante o sono, considerada um indicativo de bom controle cardiovascular.
Além disso, a dieta mediterrânea se destaca pela sustentabilidade a longo prazo, sendo mais fácil de manter e menos restritiva.
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Dieta cetogênica ou mediterrânea: qual é melhor para a pressão alta?
Embora os dados da pesquisa indiquem que ambas as dietas reduzem a pressão arterial e promovem perda de peso, a escolha entre uma e outra depende de vários fatores, como perfil clínico, preferências alimentares e capacidade de adesão a longo prazo.
A dieta cetogênica, ao promover maior perda de peso em curto prazo, pode ser útil em situações específicas — por exemplo, para pessoas com obesidade grave e resistência à insulina, que precisam de uma intervenção mais intensa sob supervisão.
No entanto, seu teor elevado de gorduras saturadas e o potencial aumento do consumo de sódio são fatores que exigem atenção em pacientes com risco cardiovascular.
Já a dieta mediterrânea, embora leve a uma perda de peso mais gradual, tem efeito protetor mais consolidado a longo prazo sobre o sistema cardiovascular.
Ela também demonstrou favorecer um fenômeno fisiológico importante: o chamado “nocturnal dipping”, que é a queda natural da pressão durante o sono. Pessoas hipertensas que não apresentam essa queda noturna têm maior risco de complicações cardiovasculares.
E quanto aos medicamentos para hipertensão?
É importante lembrar que, embora mudanças alimentares sejam altamente eficazes, nem sempre são suficientes para normalizar a pressão arterial. Muitos pacientes necessitam de tratamento medicamentoso complementar.
Entre os medicamentos mais utilizados para controle da pressão estão:
- IECA (Inibidores da Enzima de Conversão da Angiotensina): como o enalapril e o ramipril, que ajudam a relaxar os vasos sanguíneos.
- BRA (Bloqueadores dos Receptores da Angiotensina): como o losartana e o valsartana, que reduzem a pressão ao bloquear substâncias que contraem os vasos.
- Diuréticos tiazídicos: como hidroclorotiazida, que ajudam a eliminar excesso de sal e água do organismo.
- Betabloqueadores: como o atenolol, que diminuem a frequência cardíaca e a força do batimento do coração.
Mesmo com dieta e exercício físico, muitos pacientes continuam necessitando desses medicamentos. Por isso, a decisão sobre iniciar, ajustar ou manter o uso de remédios deve sempre ser feita por um médico, considerando os riscos, benefícios e histórico individual do paciente.
Alimentação saudável é parte da estratégia, não solução isolada
Tanto a dieta cetogênica quanto a mediterrânea apresentaram benefícios no estudo, mas é essencial destacar que o sucesso do tratamento da hipertensão não depende apenas da alimentação.
Outros fatores importantes incluem:
- Prática regular de atividade física (pelo menos 150 minutos por semana);
- Controle do estresse crônico, que pode elevar a pressão de forma persistente;
- Redução do consumo de sal, especialmente em pessoas mais sensíveis ao sódio;
- Abandono do tabagismo e moderação no consumo de álcool;
- Monitoramento regular da pressão arterial em casa ou em consultas médicas.
A melhor plano é o que se adapta a você
A principal mensagem do estudo é que há mais de um caminho seguro e eficaz para controlar a pressão arterial por meio da alimentação. Ambas as dietas avaliadas — a cetogênica e a mediterrânea — podem oferecer benefícios relevantes, desde que sejam feitas com orientação e dentro de um contexto de cuidado integral.
Se o objetivo é emagrecer rápido sob acompanhamento profissional e não há contraindicações cardiovasculares, a dieta cetogênica pode ser uma opção. Mas se o foco está na proteção do coração e na adoção de um padrão alimentar sustentável e prazeroso, a mediterrânea segue como forte recomendação.
Mais estudos com maior número de participantes e por períodos mais longos ainda são necessários para validar completamente essas conclusões. Mas, até aqui, a ciência reforça que comer bem é uma ferramenta poderosa para viver mais e melhor — especialmente quando se trata de pressão alta.
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