Uma nova pista sobre o que trava os movimentos no Parkinson

Dopamina e Parkinson costumam aparecer juntos quando o assunto é dificuldade de movimento. Por décadas, a explicação parecia simples. Menos dopamina no cérebro significaria movimentos mais lentos e fracos.

No entanto, um novo estudo internacional, liderado por pesquisadores da Universidade McGill e publicado na revista Nature Neuroscience, mostra que essa relação é bem mais complexa do que se pensava.

A descoberta ajuda a entender melhor por que pessoas com Parkinson apresentam lentidão, rigidez e dificuldade para iniciar ações simples, como levantar da cadeira ou dar os primeiros passos.

O que a dopamina realmente faz no Parkinson

A dopamina é um neurotransmissor, um mensageiro químico do cérebro envolvido em funções como motivação, aprendizado e controle dos movimentos.

No Parkinson, ocorre a perda progressiva dos neurônios que produzem essa substância, especialmente em regiões responsáveis pelo controle motor.

Por muito tempo, a explicação para os problemas de movimento parecia direta.

Acreditava-se que variações rápidas da dopamina, que acontecem em frações de segundo, funcionariam como um “controle de volume” dos gestos. Quanto maior o pico, mais forte e rápido seria o movimento.

O novo estudo questiona essa ideia.

Dopamina e Parkinson: o que os pesquisadores descobriram

Ao observar como a dopamina atua durante os movimentos, os cientistas chegaram a uma conclusão:

  • As variações rápidas de dopamina não controlam diretamente a velocidade nem a força de movimentos já em execução, como caminhar ou levantar o braço.
  • Mesmo quando esses picos foram artificialmente aumentados ou reduzidos, o gesto praticamente não se alterou.
  • O que realmente fez diferença foi a presença de um nível contínuo e suficiente de dopamina no cérebro, chamado de nível basal.

Quando esse nível basal estava preservado, os movimentos tendiam a ser mais firmes e fáceis de iniciar. Quando caía demais, ações simples se tornavam lentas e difíceis — um padrão típico do Parkinson.

O que isso explica sobre o tratamento do Parkinson

Essa descoberta ajuda a entender por que a levodopa, principal medicamento usado no Parkinson, é eficaz.

O remédio atua justamente onde está o problema. Ele aumenta a quantidade geral de dopamina no cérebro e ajuda a restabelecer esse nível basal.

Com esse “fundo” de dopamina recuperado, o cérebro volta a conseguir iniciar e sustentar movimentos do dia a dia, como caminhar, levantar da cadeira ou pegar objetos.

É por isso que muitos pacientes apresentam melhora clara da mobilidade após o início do tratamento.

Ao mesmo tempo, a levodopa não transforma o movimento em algo perfeito.

Ações mais rápidas ou que exigem precisão continuam sendo desafiadoras, porque dependem de ajustes finos do cérebro que vão além da simples presença de dopamina basal.

Dopamina, movimentos e aprendizado

O estudo também ajuda a esclarecer o papel das variações rápidas da dopamina. Elas continuam importantes para:

  • aprendizado dos movimentos,
  • motivação para agir,
  • adaptação do corpo ao longo do tempo.

A diferença é que essas variações não funcionam como um comando imediato, que regula a força ou a velocidade de cada gesto em tempo real.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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