Book Appointment Now

Estresse e depressão: O que as horas de tela estão fazendo com a saúde mental do seu filho
O uso excessivo de dispositivos eletrônicos, como celulares, tablets e computadores, tem sido associado a problemas de saúde mental, especialmente entre adolescentes. Estresse e depressão são algumas das consequências mais preocupantes, conforme revelou um estudo recente publicado no JAMA Network Open.
A pesquisa mostrou que crianças que passaram mais tempo em frente às telas antes da adolescência tiveram um risco maior de desenvolver esses transtornos nos anos seguintes.
Embora fatores como sono, alimentação e atividade física também desempenhem um papel importante no bem-estar emocional, os pesquisadores destacam que o tempo de tela se mostrou um dos principais elementos associados ao aumento dos sintomas depressivos e ao estresse nessa faixa etária.
Se você tem filhos, sobrinhos, netos ou convive com adolescentes que passam horas em frente às telas, continue lendo para entender como esse hábito pode afetar a saúde mental e o que fazer para prevenir problemas futuros.
Quanto tempo os adolescentes passam em frente às telas?
A pesquisa analisou o comportamento de um grupo de crianças durante oito anos, monitorando seus hábitos e suas condições emocionais na adolescência.
Os dados mostraram que, em média, os participantes passaram cerca de 4,7 horas por dia utilizando telas para lazer, seja no celular, computador ou televisão.
Além disso, os adolescentes relataram que quanto mais tempo passavam em dispositivos eletrônicos, maiores eram os níveis de estresse e depressão percebidos.
Mas o que explica essa relação? Os especialistas sugerem que o excesso de tempo de tela pode afetar a saúde mental de diferentes formas, desde a interferência no sono até o impacto da exposição a conteúdos negativos na internet.
Por que o tempo de tela pode aumentar o estresse e a depressão?
Os pesquisadores apontam algumas razões que podem justificar a relação entre uso excessivo de telas e problemas emocionais:
- Interferência no sono – A exposição à luz azul das telas, especialmente à noite, reduz a produção de melatonina, o hormônio do sono. Isso pode dificultar o descanso e aumentar a irritabilidade e o estresse.
- Menos interações presenciais – O tempo excessivo em dispositivos pode reduzir o contato cara a cara com amigos e familiares, impactando a socialização e o suporte emocional dos adolescentes.
- Exposição a conteúdos negativos – Redes sociais e plataformas digitais frequentemente apresentam padrões irreais de beleza, sucesso e felicidade, o que pode afetar a autoestima e aumentar os sintomas depressivos.
- Sobrecarga de informações – O consumo constante de notícias e entretenimento pode gerar ansiedade, sensação de esgotamento mental e dificuldade de concentração.
Esses fatores explicam por que adolescentes que passam muito tempo em telas tendem a relatar mais sintomas de estresse e depressão em comparação com aqueles que têm um uso mais equilibrado da tecnologia.
Atividade física pode ajudar, mas os efeitos variam entre meninos e meninas
A pesquisa também analisou se hábitos saudáveis poderiam reduzir os efeitos negativos do tempo de tela.
Os resultados mostraram que a prática de exercícios físicos teve impacto positivo na redução do estresse, mas esse efeito foi mais evidente entre os meninos.
Para as meninas, a relação entre atividade física e bem-estar mental não foi tão clara.
Esse dado reforça que a saúde mental dos adolescentes é influenciada por diferentes fatores e que algumas estratégias podem funcionar melhor para determinados grupos.
Como os pesquisadores analisaram os hábitos dos adolescentes?
Para entender como o tempo de tela e outros hábitos influenciam a saúde mental, os pesquisadores usaram duas formas de coletar informações:
- Relatos dos próprios adolescentes – Os jovens responderam questionários sobre o tempo que passavam usando dispositivos eletrônicos, suas rotinas de sono, atividades físicas e níveis de estresse e depressão percebidos.
- Dispositivos vestíveis – Foram utilizados sensores para medir dados objetivos, como duração do sono, tempo sedentário e quantidade de atividade física realizada diariamente.
O que chamou a atenção foi que os sensores não encontraram uma relação clara entre ficar muito tempo parado e ter sintomas de estresse ou depressão.
Por outro lado, os próprios adolescentes relataram que quanto mais tempo passavam em telas, pior se sentiam emocionalmente.
O que isso significa?
Mais do que apenas o tempo parado, o tipo de atividade realizada durante esse período parece fazer diferença.
Por exemplo, passar horas em redes sociais ou jogando videogames pode ter um impacto maior na saúde mental do que outras atividades sedentárias, como ler um livro.
Isso sugere que o problema não está apenas no sedentarismo, mas no conteúdo e no contexto do tempo gasto em frente às telas.
Como reduzir os impactos negativos do tempo de tela?
Mesmo que o tempo de tela seja uma parte inevitável do dia a dia, é possível adotar algumas estratégias para minimizar seus efeitos negativos:
- Definir horários para o uso de telas, principalmente antes de dormir.
- Incentivar atividades offline, como esportes, leitura e interações presenciais.
- Criar períodos sem dispositivos, como durante as refeições e momentos de lazer em família.
- Monitorar o conteúdo consumido, evitando exposição excessiva a padrões irreais e informações prejudiciais.
- Dar o exemplo, já que adolescentes tendem a repetir os hábitos dos adultos ao seu redor.
A combinação de um uso mais consciente das telas com a adoção de hábitos saudáveis pode ajudar a reduzir os riscos de estresse e depressão e melhorar a qualidade de vida dos mais jovens.
Leia também: Esclerose Múltipla: novo tratamento se mostra como uma luz de esperança no fim do túnel