Estresse pode agravar inflamações alérgicas na pele, aponta estudo

Imagine que você está passando por um período difícil, cheio de preocupações e ansiedade. Além do cansaço mental, você começa a perceber que sua pele também parece reagir: coceira, vermelhidão e irritação aparecem ou pioram do nada. Isso não é coincidência.

A ciência já mostrou que o estresse não afeta apenas nossa mente, mas também nosso corpo – e a pele, nosso maior órgão, sente esse impacto diretamente.

Um estudo recente, publicado no Journal of Allergy and Clinical Immunology, revelou que o estresse pode agravar inflamações alérgicas na pele porque prejudica a capacidade do organismo de eliminar células mortas.

Esse acúmulo desencadeia ainda mais inflamação, tornando condições como a dermatite atópica ainda mais intensas.

Mas por que isso acontece? Como o estresse interfere no nosso sistema imunológico e faz com que a pele reaja dessa forma? Vamos entender melhor essa conexão e o que podemos fazer para amenizar esse impacto, aqui no SaúdeLAB.

Como o estresse afeta nosso sistema imunológico e piora as alergias de pele

Quando estamos estressados, nosso corpo entra em modo de alerta, ativando dois sistemas principais que ajudam a nos preparar para situações de risco. O estudo mencionado no Journal of Allergy and Clinical Immunology explicou como esse processo ocorre de maneira detalhada.

Primeiro, o corpo ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, responsável pela liberação de hormônios como o cortisol, que é um dos principais hormônios do estresse.

Em paralelo, o sistema nervoso simpático também entra em ação, liberando substâncias como adrenalina e noradrenalina, que aceleram nosso coração e aumentam nossa energia para lidar com o estresse.

Embora esses hormônios sejam importantes para nos preparar para enfrentar desafios, o estudo mostrou que o problema é que eles não afetam apenas nosso humor ou disposição.

Eles também têm um impacto direto no sistema imunológico. Quando o estresse é constante, a produção desses hormônios pode prejudicar a capacidade do corpo de lidar com inflamações e infecções, o que aumenta a vulnerabilidade a doenças – incluindo as alergias de pele.

O que acontece na pele durante períodos de estresse?

Quando uma pessoa está estressada, o corpo reage de diversas formas, e a pele é uma das áreas mais sensíveis a essas mudanças. Um dos exemplos mais comuns é a dermatite atópica, uma condição inflamatória da pele que provoca sintomas como coceira, vermelhidão e ressecamento.

Essa condição está frequentemente relacionada a reações alérgicas, e uma das causas principais é o aumento de uma substância chamada imunoglobulina E (IgE). Esse anticorpo está diretamente envolvido nas respostas alérgicas do corpo e, quando está em níveis elevados, as reações inflamatórias na pele se intensificam.

Quando alguém que já tem dermatite atópica passa por períodos de estresse, o impacto na pele pode ser ainda mais grave. A pesquisa mostrou que, durante esses períodos, o estresse faz com que o corpo libere uma série de substâncias químicas e hormônios, como o cortisol, a adrenalina e a noradrenalina.

Esses hormônios afetam o sistema imunológico de várias maneiras, e isso é o que faz a pele reagir de forma mais agressiva. Aqui estão alguns dos efeitos principais:

1. Aumento na produção de eosinófilos

Eosinófilos são células de defesa que fazem parte do sistema imunológico e têm um papel importante nas reações alérgicas. Quando o estresse está presente, o número dessas células aumenta, o que resulta em uma resposta alérgica mais intensa.

Esses eosinófilos liberam substâncias inflamatórias que agravam os sintomas de irritação e coceira na pele.

2. Níveis elevados de IgE

Além do aumento dos eosinófilos, o estresse também faz com que os níveis de IgE no sangue aumentem. Esse anticorpo é fundamental nas reações alérgicas e, quando em excesso, ele intensifica a inflamação na pele, fazendo com que a dermatite atópica se torne mais difícil de controlar.

A consequência disso é que a pele fica mais sensível e propensa a surtos de inflamação.

3. Alteração no equilíbrio das células de defesa

O sistema imunológico possui diferentes tipos de células que ajudam a combater infecções e controlar reações inflamatórias. Duas dessas células, chamadas TH1 e TH2, desempenham papéis importantes na regulação das respostas imunológicas.

O estresse pode alterar o equilíbrio entre elas, favorecendo as células do tipo TH2, que são mais associadas a reações alérgicas e inflamação.

Isso significa que, em pessoas com dermatite atópica, o estresse pode tornar o sistema imunológico mais propenso a reagir de maneira exagerada, resultando em mais inflamação e agravamento dos sintomas.

Esses três fatores – aumento de eosinófilos, maior quantidade de IgE e o desequilíbrio das células de defesa – fazem com que a pele fique mais vulnerável a inflamações e irritações.

O estresse torna os sintomas da dermatite atópica mais intensos e frequentes, causando um ciclo difícil de quebrar, onde a inflamação gera mais desconforto e o desconforto aumenta ainda mais o estresse.

Portanto, quando você está passando por uma fase de estresse, não é só o seu bem-estar emocional que é afetado, mas também a saúde da sua pele. O impacto pode ser muito maior do que parece à primeira vista, especialmente para quem já lida com doenças como a dermatite atópica.

O que a ciência descobriu sobre o estresse e as alergias cutâneas?

Para entender melhor a relação entre estresse e inflamação alérgica da pele, pesquisadores realizaram um experimento com camundongos. Eles submeteram um grupo de animais a uma situação de estresse moderado por sete dias e depois induziram uma reação alérgica na pele.

Os resultados foram surpreendentes:

Os camundongos estressados apresentaram um aumento significativo nos níveis de corticosterona (hormônio equivalente ao cortisol nos humanos).

Apesar de a inflamação inicial ser aparentemente menor, exames mais detalhados mostraram que a quantidade de células inflamatórias nos tecidos era maior nos camundongos estressados.

A presença de eosinófilos (células envolvidas na alergia) era de duas a quatro vezes maior no grupo submetido ao estresse.

Esses achados confirmam que o estresse psicológico pode intensificar as inflamações alérgicas da pele ao modificar a resposta imunológica do corpo.

O que fazer para minimizar os efeitos do estresse na pele?

Se o estresse piora as inflamações alérgicas, controlar os níveis de tensão no dia a dia pode ser uma estratégia essencial para quem sofre com problemas de pele.

Algumas práticas que podem ajudar incluem:

1. Técnicas de relaxamento

Exercícios de respiração, meditação e mindfulness ajudam a reduzir os níveis de cortisol e equilibrar o sistema nervoso.

2. Sono de qualidade

Dormir bem é fundamental para a regeneração da pele e o equilíbrio hormonal. Tente manter uma rotina de sono regular.

3. Alimentação equilibrada

Dieta rica em frutas, vegetais e alimentos anti-inflamatórios pode fortalecer a imunidade e reduzir processos inflamatórios na pele.

4. Exercícios físicos regulares

A atividade física ajuda a liberar endorfinas, reduzindo o impacto do estresse no organismo e contribuindo para a saúde da pele.

5. Consulta com um especialista

Se você tem dermatite atópica ou outra condição inflamatória da pele, é importante contar com a orientação de um dermatologista para um tratamento adequado.

O estresse não apenas afeta o bem-estar emocional, mas também tem um impacto profundo na saúde da pele. Estudos mostram que períodos prolongados de estresse podem intensificar inflamações alérgicas, como a dermatite atópica, ao desregular a resposta imunológica do corpo.

Controlar o estresse por meio de hábitos saudáveis pode ser uma ferramenta valiosa para minimizar os sintomas dessas condições. Se você enfrenta problemas de pele recorrentes, vale a pena adotar estratégias de relaxamento e buscar ajuda médica para um tratamento adequado.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

Artigos: 125
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