O perigo invisível de conversar enquanto dirige — mesmo sem celular

Conversar enquanto dirige parece algo inofensivo para muita gente. Afinal, é só falar. Mas a ciência mostra que a história é bem diferente.

Um estudo publicado na revista científica PLOS ONE revela que falar ao dirigir prejudica a atenção de forma mais profunda do que se imaginava, afetando diretamente o movimento dos olhos e o tempo de reação do cérebro.

Logo no início da pesquisa, os cientistas observaram algo preocupante.

Quando uma pessoa fala e precisa, ao mesmo tempo, reagir a estímulos visuais, o cérebro demora mais para perceber o que está acontecendo ao redor. E isso vale mesmo quando não há celular nas mãos.

O que acontece com o cérebro ao falar e olhar ao mesmo tempo

Dirigir exige que o cérebro capte informações visuais, interprete o ambiente e reaja rapidamente.

Grande parte desse processo começa pelos olhos, que precisam se mover com precisão para detectar riscos ao redor.

No estudo, voluntários realizaram uma tarefa simples, mover rapidamente o olhar para pontos que surgiam na tela de um computador.

Em alguns momentos, faziam apenas isso. Em outros, precisavam responder perguntas ao mesmo tempo.

Quando estavam falando, os participantes demoravam mais para iniciar o movimento dos olhos, levavam mais tempo para alcançar o alvo visual e também tinham dificuldade para manter o olhar fixo no ponto correto.

Na prática, falar tornou o controle do olhar mais lento e menos preciso.

Não é só o celular que distrai

Um dos achados mais importantes é que o problema não se limita ao uso do telefone.

Conversas sem celular, como falar com um passageiro, também geram sobrecarga cognitiva.

Falar exige organizar ideias, buscar informações na memória e formular respostas.

Esse esforço consome recursos mentais que poderiam estar focados no trânsito.

Como consequência, os olhos tendem a reagir mais lentamente e a explorar menos as áreas laterais da visão.

Pequenos atrasos, grandes riscos

Os atrasos observados foram de poucos milissegundos, mas no trânsito isso faz diferença.

Em situações reais, pode significar perceber tarde demais uma criança atravessando a rua, um buraco na pista ou uma bicicleta surgindo de repente.

O estudo também mostrou que os atrasos foram maiores para estímulos que surgiam na parte inferior do campo visual — justamente onde costumam aparecer obstáculos no asfalto e pedestres mais baixos.

Ouvir não é o mesmo que falar

Curiosamente, apenas ouvir áudios não causou o mesmo efeito.

Quando os participantes escutavam uma gravação sem precisar responder, o desempenho visual foi semelhante ao de quem não fazia nenhuma outra tarefa.

Isso indica que o principal fator de distração é o esforço mental de pensar e falar, não o som em si.

Um alerta além do volante

Embora o foco do estudo seja o trânsito, os resultados ajudam a entender riscos em outras situações do dia a dia.

Conversar enquanto atravessa a rua ou realiza tarefas que exigem atenção visual pode aumentar a chance de erros.

No trânsito, falar ao dirigir prejudica a atenção ao obrigar o cérebro a dividir recursos; e essa divisão cobra um preço, mesmo quando tudo parece sob controle.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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