O que acontece quando você adiciona farinha de grilo na dieta? Estudo responde

A farinha de grilo está ganhando cada vez mais atenção entre nutricionistas, cientistas e até chefs de cozinha.

Embora ainda pareça estranha para muitos brasileiros, essa alternativa alimentar tem sido apontada por especialistas como uma solução segura, nutritiva e sustentável, especialmente quando combinada com pratos tradicionais como o macarrão.

Um estudo publicado na revista científica Foods mostrou que incorporar farinha de grilo à massa de trigo pode melhorar o valor nutricional do alimento, principalmente em relação ao teor de proteínas e minerais essenciais.

Além disso, a pesquisa reforça que o ingrediente é seguro para o consumo humano, mesmo quando analisado sob critérios rigorosos de contaminação.

Portanto, aqui no SaúdeLab você vai entender por que a farinha de grilos pode representar uma revolução silenciosa na forma como nos alimentamos, e como ela ajuda a combater problemas como a desnutrição, com impactos positivos na saúde e no meio ambiente.

O que é a farinha de grilo e por que ela está em alta

A farinha de grilo é feita a partir do grilo doméstico, cientificamente conhecido como Acheta domesticus.

O inseto é seco e moído até se transformar em um pó fino, de coloração escura e sabor levemente amendoado.

Embora pareça inusitado, esse ingrediente já faz parte da culinária em várias partes do mundo, como Tailândia, México e países da África.

Nessas regiões, os insetos são consumidos há séculos, tanto por sua abundância quanto pelo valor nutricional.

Nos últimos anos, o Ocidente tem começado a olhar com mais atenção para essas alternativas.

Isso porque os insetos, de maneira geral, possuem proteínas de alta qualidade, gorduras boas, vitaminas do complexo B, fibras e minerais como ferro, zinco, selênio e cálcio.

Além disso, a criação de insetos tem baixo impacto ambiental: requer menos água, menos espaço e emite muito menos gases de efeito estufa do que a pecuária tradicional.

Ou seja, além de nutritiva, a farinha de grilo também é ecológica.

Resistência cultural ainda é um desafio

Apesar dos benefícios nutricionais e ambientais, os alimentos feitos com insetos ainda enfrentam resistência por parte do público ocidental, incluindo o brasileiro.

Isso acontece principalmente por dois motivos: a falta de familiaridade e o “nojo” que algumas pessoas sentem — o que os cientistas chamam de neofobia alimentar.

No entanto, estudos mostram que a aceitação pode melhorar quando o inseto é inserido em receitas conhecidas, como pães, bolos e massas.

Isso porque o alimento não tem mais a aparência original do inseto, e o sabor se mistura aos ingredientes já familiares ao paladar do consumidor.

Foi justamente com essa ideia que o novo estudo decidiu avaliar o efeito da farinha de grilo em massas do tipo fettuccine, com resultados promissores.

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Estudo avalia o uso da farinha de grilo em massas

Pesquisadores da área de nutrição analisaram o que acontece quando a farinha de grilo é misturada com farinha de trigo tradicional, em uma proporção de 10%.

A massa foi preparada por um chef experiente, e os cientistas mediram diversos componentes nutricionais e químicos das amostras.

Entre os pontos avaliados estavam:

  • Teor de proteínas e aminoácidos;
  • Quantidade de minerais como ferro, zinco, cálcio e potássio;
  • Perfil de gorduras (saturadas, monoinsaturadas e poli-insaturadas);
  • Segurança alimentar (presença de contaminantes ambientais);
  • Capacidade de armazenamento.

Os resultados confirmaram que a adição de farinha de grilo aumentou significativamente o valor nutricional da massa, sem comprometer a segurança ou a qualidade do alimento.

Rica em proteínas, minerais e gorduras boas

Uma das descobertas mais relevantes do estudo é que a farinha de grilo tem quase dez vezes mais ferro do que a farinha de trigo comum.

Esse mineral é fundamental para o transporte de oxigênio no sangue e prevenção de anemias.

Além disso, o alimento é rico em:

  • Zinco (0,84 mg/100g) – essencial para o sistema imunológico;
  • Cobre (1,6 mg/100g) – importante para funções celulares;
  • Potássio (886 mg/100g) – ajuda na regulação da pressão arterial;
  • Cálcio (973 mg/kg) – fortalece ossos e dentes;
  • Sódio (389 mg/100g) – essencial em pequenas quantidades.

No aspecto proteico, o teor de aminoácidos essenciais também é bastante elevado, com destaque para lisina, valina e alanina, nutrientes que ajudam na formação de músculos, enzimas e hormônios.

O teor de gordura total da farinha de grilo é de cerca de 11%, sendo que boa parte dessa gordura é composta por ácidos graxos saudáveis.

O ácido oleico (encontrado no azeite de oliva) e o ácido linoleico (essencial para o coração) aparecem em concentrações semelhantes às de alimentos tradicionalmente saudáveis.

Segurança alimentar também foi comprovada

Um dos pontos mais delicados ao se pensar em consumir alimentos alternativos é a questão da segurança.

Será que a farinha de grilo tem contaminantes? Pode fazer mal?

O estudo avaliou a presença de compostos químicos perigosos, como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs) e hidrocarbonetos totais de petróleo (TPH).

O resultado tranquiliza: as concentrações estavam muito abaixo dos limites estabelecidos pela legislação europeia, inclusive inferiores às encontradas em alimentos como carne e peixe.

Também foi detectada a presença de quitina, um componente natural do exoesqueleto dos insetos, que pode ter efeito prebiótico, ou seja, ajudar no equilíbrio da flora intestinal e melhorar a digestão.

Substituição de 10% já mostra benefícios, mas pode ir além

Mesmo com apenas 10% de farinha de grilo na mistura com trigo, os ganhos nutricionais já são notáveis.

A massa enriquecida apresentou melhores índices em quase todos os parâmetros analisados, especialmente em minerais e proteínas.

Por outro lado, o estudo aponta que para obter todos os benefícios relacionados aos aminoácidos essenciais, talvez seja necessário aumentar a proporção de farinha de grilo ou combiná-la com outras fontes proteicas complementares.

Ainda assim, como forma de introdução gradual ao paladar ocidental, esse percentual parece ideal.

Ele equilibra a melhora nutricional com um sabor e uma textura que ainda se aproximam do produto original.

Um futuro mais sustentável passa pelo prato

Adotar fontes alimentares mais sustentáveis é uma urgência do nosso tempo.

Ao considerar ingredientes como a farinha de grilo, é possível desenhar um futuro alimentar mais equilibrado, que ofereça qualidade nutricional sem comprometer o meio ambiente.

Além disso, o uso desse tipo de farinha pode ajudar a combater a desnutrição em comunidades vulneráveis, graças ao seu alto valor proteico e à facilidade de produção.

O desafio está em vencer o preconceito e abrir espaço para inovações alimentares.

Assim como o sushi e o tofu, que um dia também causaram estranheza no Ocidente, a farinha de grilo pode conquistar seu espaço no prato do brasileiro, combinando sabor, nutrição e responsabilidade ambiental.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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