O glaucoma é uma condição ocular que afeta milhões de pessoas no mundo, sendo uma das maiores causas de perda de visão irreversível.

O grande desafio no diagnóstico do glaucoma está no fato de que, em muitos casos, ele não apresenta sintomas evidentes em seus estágios iniciais, o que leva a doença a progredir silenciosamente até causar danos irreparáveis ao nervo óptico.

Hoje, aqui no SaúdeLAB, conversamos com o Dr. Marco Antonio Félix Filho (CRM 52313 RQE 52872), especialista em glaucoma, que esclareceu pontos essenciais para o reconhecimento precoce da doença, como identificar os fatores de risco e a importância das consultas oftalmológicas preventivas.

A seguir, entenda como proteger a saúde dos seus olhos, conhecer os sinais de alerta e agir com antecedência no combate ao glaucoma.

Glaucoma: existem os primeiros sinais?

O Dr. Marco Antonio Félix Filho explica que o glaucoma é uma doença insidiosa e, em seus estágios iniciais, dificilmente apresenta sintomas evidentes para o paciente.

“O glaucoma é uma doença silenciosa. Então, no início, é muito difícil o paciente sentir alguma coisa”, pontua o oftalmologista.

Ele ressalta que, em casos mais específicos, como o glaucoma de ângulo fechado, o paciente pode experimentar certo desconforto ou até mesmo dor ocular, mas esses sinais são incomuns e, em geral, são notados apenas quando a condição já está avançada.

“No momento inicial, é muito difícil ter algum sintoma”, reforça.

Quando há sintomas iniciais, eles podem incluir halos ao redor de luzes, dor, lacrimejamento, olhos vermelhos, embora seja raro, destaca o especialista.

Em geral, ele enfatiza que as alterações mais significativas aparecem apenas sob análise médica, e envolvem o aumento da pressão ocular e alterações no nervo óptico — sinais que somente um especialista pode detectar.

“Inicialmente, o que vai ser notado, mas aí já é uma avaliação do médico, seria o aumento da pressão intra ocular”, explica o Dr. Marco, apontando que a dilatação ou aumento da escavação do nervo óptico, ocorre com a progressão da doença.

“Ladrão Silencioso da Visão”

Essa característica silenciosa e assintomática do glaucoma é o que lhe confere o apelido de “ladrão silencioso da visão”, como o Dr. Marco destaca.

Ele reforça que muitas vezes, o paciente só procura ajuda médica quando a condição já está em um estágio avançado.

“Os sinais são pouco evidentes. Muitas vezes o paciente já chega em uma avaliação com o especialista em glaucoma com a doença muito avançada, porque ele não gera sintomas”, explica.

Para o médico, a detecção precoce é essencial, pois o glaucoma não tem cura e, o que é perdido, não pode ser recuperado.

“Déficit no nervo óptico… não consigo recuperar. Por isso, a detecção precoce é fundamental”, frisa.

Contudo, a complexidade do diagnóstico torna esse processo desafiador, já que não existe um exame único e específico que confirme a doença.

“O diagnóstico de glaucoma é um mosaico, é um trabalho que vai sendo construído junto com o paciente e o médico”, afirma o Dr. Marco.

Ele ressalta que o acompanhamento inclui o uso de tecnologia e exames detalhados no consultório, e que mesmo assim, podem não chegar a um diagnóstico, e o paciente ser suspeito de glaucoma por toda vida.

Fatores de Risco: Quem está mais propenso ao glaucoma?

O Dr. Marco Antonio Félix Filho destaca que os fatores de risco para o desenvolvimento do glaucoma são variados e incluem aspectos como a etnia, a saúde ocular e o histórico familiar, influenciando diretamente as chances de uma pessoa desenvolver a doença.

“Hoje sabemos que os tipos mais comuns de glaucoma, o de ângulo aberto e o de ângulo fechado, têm fatores de risco distintos”, explica o especialista.

Ele esclarece que, no caso do glaucoma de ângulo fechado, há maior incidência em pacientes de descendência asiática e em indivíduos com hipermetropia, enquanto o glaucoma de ângulo aberto é mais frequente em pessoas de descendência africana ou latino-americana, bem como em pacientes míopes.

Além disso, o glaucoma de ângulo aberto tem relação com condições como diabetes e hipertensão.

“Quando iniciamos uma avaliação, dois pontos são muito importantes: a herança étnica do paciente e o histórico familiar”, enfatiza o Dr. Marco, salientando que um histórico familiar de glaucoma é um fator de risco determinante.
“Se há casos de glaucoma na família, seja nos pais, irmãos ou avós, isso já nos acende um alerta para iniciar uma investigação mais detalhada”, explica.

Mesmo que o paciente ainda não apresente sintomas, a documentação precoce da saúde ocular torna-se um pilar para o acompanhamento contínuo.

“Muitas vezes, iniciamos uma investigação preventiva para documentar o estado inicial do paciente, e assim temos uma base de comparação para exames futuros, o que é essencial para um diagnóstico precoce e preciso”, comenta.

Detecção Precoce: A importância das consultas regulares ao oftalmologista

A consulta regular ao oftalmologista é uma recomendação universal, mas se torna ainda mais importante para aqueles com fatores de risco, como o histórico familiar positivo para glaucoma.

Segundo o Dr. Marco, “a consulta oftalmológica deve ocorrer ao menos uma vez ao ano, independentemente de sintomas aparentes.”

Ele ressalta que a ausência de sintomas não elimina a possibilidade de risco.

“O glaucoma dificilmente gera sintomas perceptíveis no início, então a consulta de rotina, somada ao uso de tecnologias que auxiliam na documentação da saúde ocular, oferece segurança para o paciente e para o médico, ajudando a antecipar possíveis mudanças futuras”, esclarece.

Para o Dr. Marco, a prática de visitas regulares ao oftalmologista é fundamental tanto para a manutenção de uma boa saúde ocular quanto para o acompanhamento dos fatores de risco.

“Mesmo sem sintomas, essa rotina anual é essencial, especialmente para quem tem histórico familiar de glaucoma”, reforça.

Sintomas iniciais e quando procurar ajuda médica imediata

O Dr. Marco Antonio enfatiza a importância de não subestimar mudanças repentinas na visão, especialmente quando surgem de forma inesperada e sem motivo aparente.

Ele alerta que, em caso de alteração súbita, é crucial procurar um oftalmologista imediatamente, mesmo que uma consulta já esteja agendada para uma data próxima.

“Vou dar um exemplo: hoje é sexta-feira e você tem uma consulta marcada para segunda. Mas, se na sexta você acordar com uma visão muito diferente do normal, deve procurar o oftalmologista o quanto antes”, recomenda o especialista.

Para ele, a urgência deve prevalecer em situações como essas, em que o paciente verifica que a visão sofreu uma alteração significativa de um dia para o outro, ao fazer o teste de tampar um olho e depois o outro.

“Os olhos são órgãos delicados, e qualquer alteração pode ter uma repercussão permanente”, explica.

Ele distingue entre uma perda gradual da visão, que pode ocorrer com o tempo e pode ser acompanhada em consultas regulares, e uma alteração súbita e acentuada. Quando a visão se torna subitamente embaçada ou a pessoa tem dificuldade para enxergar à noite, pode ser um sinal de uma condição mais grave.

“É diferente perceber que, ao longo do ano, sua visão está ficando mais fraca, algo que pode ser acompanhado com calma, do que notar uma mudança repentina.
Nesse caso, o ideal é ir imediatamente ao oftalmologista para afastar causas potencialmente prejudiciais”, finaliza Dr. Marco.

O glaucoma é uma doença complexa e muitas vezes silenciosa, que exige atenção redobrada e acompanhamento constante para que seja detectada precocemente.

Como explicado pelo Dr. Marco Antonio Félix Filho, os sinais iniciais são sutis e, por isso, o diagnóstico geralmente ocorre em estágios avançados, quando os danos já são irreversíveis.

A consulta regular com um oftalmologista, especialmente para aqueles com fatores de risco como histórico familiar, descendência específica ou condições como diabetes e hipertensão, é indispensável para evitar a progressão silenciosa da doença.

Além disso, o Dr. Marco reforça a importância de dar atenção a qualquer mudança súbita na visão e buscar ajuda médica imediatamente, pois os olhos são órgãos delicados, e a perda de visão pode ser permanente.

Manter-se informado sobre os riscos, atentar-se aos sinais e priorizar a prevenção é essencial para proteger a saúde ocular e evitar as consequências graves do glaucoma.

Conheça o perfil do Dr. Marco Antonio Félix Filho