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Glúten faz mal? O que a ciência já sabe sobre riscos e benefícios
Quando o assunto é alimentação, uma das dúvidas mais comuns é: glúten faz mal? A questão é válida, já que esse conjunto de proteínas, presente principalmente no trigo, centeio e cevada, está no centro de debates sobre saúde.
Para algumas pessoas, ele pode trazer riscos sérios, mas estudos recentes também apontam potenciais benefícios em situações específicas.
Um artigo científico publicado na revista Foods destacou essa dualidade.
Em outras palavras, há os riscos do glúten para quem tem doenças relacionadas a ele e, ao mesmo tempo, há o potencial de peptídeos bioativos (pequenos fragmentos da proteína que podem trazer benefícios ao organismo).
Quem realmente precisa evitar o glúten?
Antes de tudo, é importante esclarecer, o glúten só faz mal comprovadamente para grupos específicos:
- Doença celíaca: condição autoimune que afeta cerca de 1% da população. O consumo de glúten provoca inflamação intestinal e sintomas como diarreia, dor abdominal, anemia e perda de peso. O único tratamento é seguir uma dieta totalmente livre de glúten.
- Sensibilidade ao glúten não celíaca: pessoas que apresentam sintomas semelhantes aos da celíaca (como inchaço, dor abdominal e cansaço), mas sem alterações típicas nos exames. Os mecanismos ainda não estão totalmente compreendidos, e em alguns casos os sintomas podem estar ligados também a outros componentes do trigo, como os FODMAPs.
- Alergia ao trigo: reação alérgica que pode provocar urticária, dificuldade para respirar e, em situações graves, até risco de anafilaxia. Aqui, o problema não é só o glúten, mas também outras proteínas do trigo.
Para esses três grupos, não há dúvida, o consumo de trigo e de alimentos com glúten deve ser evitado.
E para quem não tem intolerância, o glúten faz mal?
A resposta é diferente. Para a maioria das pessoas saudáveis, o glúten não representa risco.
Pelo contrário, pesquisas indicam que, durante a digestão ou em processos como a fermentação, podem ser liberados peptídeos bioativos com funções promissoras:
- Ação antioxidante, ajudando a reduzir danos de radicais livres, associados ao envelhecimento e a doenças crônicas.
- Efeito anti-hipertensivo, já que alguns fragmentos conseguem inibir uma enzima ligada ao aumento da pressão arterial.
- Modulação da resposta imunológica, podendo auxiliar no equilíbrio inflamatório.
É importante destacar que esses benefícios ainda estão em estudo; muitos resultados vêm de pesquisas em laboratório ou em animais, e não estão totalmente comprovados em humanos.
Mesmo assim, reforçam que o glúten não deve ser visto como um “vilão universal”.
Avanços para reduzir riscos do glúten
A ciência também tem buscado formas de diminuir os efeitos nocivos do glúten para quem é sensível. Entre as estratégias em estudo estão:
- uso de enzimas durante o preparo dos alimentos,
- fermentação com bactérias específicas,
- e até edição genética de variedades de trigo.
Essas técnicas não substituem a dieta sem glúten para pessoas com doença celíaca, mas podem abrir caminho para produtos mais seguros no futuro.
O que fica claro até agora
Diante das evidências, a pergunta inicial (“glúten faz mal?”) só pode ser respondida com um “depende”.
Para quem tem doença celíaca, sensibilidade não celíaca ou alergia ao trigo, sim, o glúten é prejudicial.
Para a maioria da população saudável, não há risco comprovado, e o glúten pode até contribuir com potenciais efeitos positivos ainda em investigação.
O desafio da ciência é equilibrar essas duas faces; reduzir os riscos em quem é vulnerável e, ao mesmo tempo, explorar os benefícios para quem pode consumi-lo sem problemas.
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