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Estudo mostra que você pode estar saudável por fora — e com o coração em risco por dentro
Você pode até estar dentro do peso ideal, mas isso não é garantia de saúde. O perigo pode estar escondido onde não vemos: a gordura visceral.
Por seus efeitos silenciosos sobre o metabolismo, os cientistas a consideram uma das maiores ameaças à saúde do coração.
A prova disso veio de um novo estudo publicado na revista Communications Medicine, que mostrou que mesmo pessoas com peso aparentemente normal não estão livres de risco.
A gordura visceral foi associada ao espessamento e ao endurecimento das artérias (uma condição chamada aterosclerose).
E o risco se manteve até em pessoas que não têm colesterol alto, pressão alta e não fumam.
O que é gordura visceral e por que ela é tão perigosa?
Imagine duas camadas de gordura. A primeira é a gordura subcutânea, aquela que fica logo sob a pele, que você pode beliscar.
A segunda, e mais preocupante, é a gordura visceral, que é uma gordura profunda que se instala dentro do abdômen, envolvendo e pressionando órgãos vitais como o fígado, o pâncreas e os intestinos.
É esse acúmulo interno que muitas vezes causa aquele formato de “barriga de cerveja” ou uma cintura mais dura e saliente, mesmo em pessoas que, à primeira vista, não parecem estar acima do peso.
No entanto, o perigo real não está na aparência, e sim no que essa gordura faz dentro do corpo.
Esse tipo de gordura é altamente ativa no metabolismo e libera substâncias inflamatórias capazes de afetar o funcionamento do corpo inteiro.
As inflamações silenciosas aumentam o risco de diabetes tipo 2, hipertensão arterial, colesterol alto e, principalmente, doenças cardíacas.
O que é aterosclerose e como ela se relaciona com a gordura visceral
A aterosclerose acontece quando placas de gordura se acumulam nas paredes das artérias, deixando-as mais rígidas e estreitas.
Com o tempo, isso dificulta a passagem do sangue e pode levar a infarto ou derrame.
O estudo com mais de 30 mil pessoas do Canadá e do Reino Unido, revelou que quem tinha maiores níveis de gordura visceral também apresentava artérias mais espessas (um sinal precoce de aterosclerose).
O mais impressionante é que essa ligação se manteve firme mesmo entre pessoas que, em tese, já cuidavam da saúde; um sinal de que a gordura visceral é um risco à parte.
A gordura no fígado também apresentou ligação com o problema, embora de forma mais discreta.
Ela costuma aparecer junto com a gordura visceral, mas não é a mesma coisa; enquanto a visceral se acumula ao redor dos órgãos, a hepática se deposita dentro do fígado.
Quando as duas estão presentes, o corpo entra em um estado inflamatório ainda mais intenso, e o risco para o coração aumenta significativamente.
Por que o peso na balança não conta toda a história
Segundo os pesquisadores, muitas pessoas acreditam estar saudáveis apenas por não estarem “acima do peso”.
O índice de massa corporal (IMC), usado para avaliar se alguém está dentro da faixa ideal, não mostra onde a gordura está concentrada. Assim, uma pessoa com peso normal pode ter um acúmulo perigoso de gordura visceral e nem desconfiar.
O ideal é observar medidas como a circunferência abdominal.
Para homens, valores acima de 94 cm já indicam risco; para mulheres, acima de 80 cm.
Exames de imagem, como a ressonância magnética, são os mais precisos para detectar o acúmulo interno, mas a simples medição da cintura já ajuda a identificar o perigo.
Como reduzir a gordura visceral
A gordura visceral responde bem a mudanças no estilo de vida.
Adotar uma alimentação equilibrada, inspirada na dieta mediterrânea (rica em frutas, verduras, legumes, azeite de oliva, peixes e oleaginosas) pode reduzir significativamente esse tipo de gordura.
Praticar atividade física regular, especialmente exercícios aeróbicos como caminhada, corrida ou pedalada, ajuda o corpo a queimar a gordura interna de forma eficiente.
Dormir bem, controlar o estresse e evitar o consumo excessivo de álcool também fazem diferença.
Em casos selecionados e sob orientação médica, podem ser indicados medicamentos que auxiliam na redução da gordura visceral.
Ainda assim, as estratégias naturais continuam sendo as mais eficazes e seguras a longo prazo.
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