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O que a ciência revela sobre o índice glicêmico e o risco de câncer de pulmão
A relação entre alimentação e o risco de desenvolver câncer é um tema central na saúde moderna.
Um estudo publicado neste mês de novembro nos Annals of Family Medicine, avança nessa discussão ao investigar a possível influência do índice glicêmico dos alimentos no aumento do risco de câncer de pulmão.
Antes de tudo: não é sobre culpar carboidratos
Os pesquisadores destacam que o objetivo não é “eliminar” carboidratos da dieta.
O ponto central é entender que nem todos eles se comportam da mesma forma no organismo.
Alguns carboidratos fazem a glicose subir muito rápido, e foram justamente esses que apareceram ligados a um risco maior de câncer de pulmão, um dos tipos mais frequentes e com alta taxa de mortalidade.
Mas, afinal, o que é índice glicêmico?
O índice glicêmico (IG) é uma medida que indica o quanto um alimento eleva a glicose no sangue depois que você o consome.
- Quanto maior o IG, mais rápido ocorre esse aumento.
- Já a carga glicêmica (CG) combina o IG com a quantidade total de carboidratos do alimento.
Alimentos de alto índice glicêmico incluem pão branco, doces, refrigerantes e farinhas muito refinadas.
Por outro lado, alimentos com carga glicêmica mais alta, mas de boa qualidade, podem incluir frutas, legumes e grãos integrais.
Saber distinguir esses conceitos evita confusões e ajuda a fazer escolhas mais equilibradas no dia a dia.
O que o estudo revelou sobre índice glicêmico e câncer de pulmão
O estudo acompanhou mais de 100 mil pessoas durante cerca de 12 anos.
A pergunta-chave era se alimentos de alto índice glicêmico (aqueles que elevam a glicose rapidamente) poderiam estar associados ao câncer de pulmão?
A resposta encontrada foi sim. Existe uma associação moderada, mas consistente.
Pessoas que consumiam mais alimentos com alto IG apresentaram maior risco de desenvolver a doença, tanto na forma mais comum (câncer de pulmão de não pequenas células) quanto na forma de pequenas células.
Esse achado reforça uma recomendação já bem estabelecida por especialistas, a de que vale a pena reduzir o consumo frequente de açúcar, farinhas muito refinadas e ultraprocessados.
O risco não está em um alimento isolado, mas sim no conjunto de escolhas repetidas ao longo dos anos.
Quando a carga glicêmica muda o cenário
Os pesquisadores também analisaram a carga glicêmica, que leva em conta não apenas a velocidade com que a glicose sobe, mas o quanto de carboidrato é consumido de fato.
Foi aqui que apareceu a parte mais surpreendente do estudo.
Dietas com carga glicêmica mais alta foram associadas a um risco menor de câncer de pulmão.
À primeira vista, parece contraditório, mas faz sentido quando se olha para o padrão alimentar.
Dietas com maior CG podem incluir mais alimentos como frutas, legumes, verduras e grãos integrais. Esses alimentos até têm carboidratos, mas:
- liberam energia de forma mais estável,
- possuem fibras,
- carregam vitaminas,
- e são ricos em antioxidantes.
Ou seja, quantidade maior não significa, necessariamente, pior qualidade.
Esse contraste mostra que o contexto importa muito.
Comer uma porção de fruta não tem o mesmo efeito que comer um doce ou um pão branco, embora ambos contenham carboidratos.
O que fica para você, leitor
O estudo não pretende alarmar ninguém.
Ele apenas reforça algo que a ciência vem apontando há anos, o de que padrões alimentares consistentes têm impacto real na saúde a longo prazo.
Uma alimentação rica em vegetais, frutas e grãos integrais ajuda a reduzir inflamações e contribui para a prevenção de diversas doenças, inclusive as mais graves.
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