Novo medicamento transforma seu sangue em arma contra mosquitos perigosos (entenda como funciona)

O mosquito Aedes aegypti é mais do que um simples incômodo: ele é o principal transmissor da dengue, zika e chikungunya. Essas doenças, além de provocarem sintomas como febre alta, dores no corpo e fadiga intensa, podem evoluir para formas graves e até fatais.

No Brasil, a preocupação é constante, principalmente durante o verão e períodos chuvosos, quando o número de casos dispara. Agora, imagine um medicamento que mata mosquito.

Ou seja, e se fosse possível transformar o seu próprio sangue em um “veneno” para o mosquito, de forma que, ao picar, ele não conseguisse sobreviver?

Essa é justamente a proposta de um medicamento inovador que está em fase de desenvolvimento e pode mudar radicalmente a forma como combatemos o Aedes aegypti.

Entenda os detalhes aqui, no SaúdeLAB.

Como funciona essa ideia revolucionária?

A lógica é simples, mas poderosa: o medicamento contém uma substância que, ao ser ingerida, circula no seu sangue por um período determinado. Essa substância é inofensiva para o corpo humano, mas tóxica para o mosquito.

Assim, quando o Aedes aegypti pica uma pessoa que fez uso do medicamento, ele ingere o sangue com essa substância e morre logo em seguida.

Ou seja, o próprio sangue da pessoa se torna uma arma contra o mosquito.

Esse conceito lembra muito o uso de medicamentos veterinários que deixam o sangue de animais tóxico para parasitas, mas, neste caso, a formulação é adaptada para humanos e está sendo cuidadosamente estudada para garantir segurança e eficácia.

Segurança em primeiro lugar

É natural que surja a dúvida: “Mas será que é seguro ingerir algo que mata um mosquito?”.

De acordo com os pesquisadores, a substância é escolhida justamente por ter ação seletiva: ela afeta apenas organismos muito pequenos, como insetos, e não interage com as células humanas de forma prejudicial.

Os testes clínicos (que seguem protocolos rígidos) estão avaliando não apenas a eficácia contra o mosquito, mas também a segurança para quem toma o medicamento, incluindo possíveis efeitos colaterais.

Até o momento, os resultados preliminares mostram que o composto é bem tolerado, mas ainda é cedo para dizer quando estará disponível para uso amplo.

O impacto potencial no combate à dengue

Atualmente, as estratégias para combater o Aedes aegypti envolvem:

  • Eliminar criadouros (água parada)
  • Aplicar larvicidas
  • Usar repelentes tópicos
  • Campanhas de conscientização
  • Controle biológico (como uso de mosquitos com Wolbachia)

O grande problema é que o mosquito tem se adaptado a muitas dessas medidas, além de sua alta capacidade de reprodução.

Um medicamento capaz de fazer cada pessoa atuar como uma “armadilha viva” pode diminuir drasticamente a população de mosquitos em uma região, especialmente em áreas com alta adesão ao uso do produto.

Se parte significativa da comunidade tomar o medicamento durante períodos críticos, a taxa de sobrevivência do mosquito cai, interrompendo o ciclo de transmissão.

Comparação com outros métodos

Método de prevençãoVantagensLimitações
Repelentes tópicosFácil de encontrar, protege imediatamentePrecisa de reaplicação constante, menos eficaz contra alta infestação
Mosquitos com WolbachiaReduz transmissão de doençasProcesso lento, exige soltura contínua de mosquitos
VacinaçãoProtege contra formas gravesAtualmente disponível apenas para dengue, não cobre todas as doenças transmitidas pelo Aedes
Novo medicamentoAção contínua, mata o mosquito ao picarAinda em testes, depende de adesão coletiva

 Possíveis desafios

Por mais promissora que a ideia seja, há pontos que precisam ser discutidos:

  • Aderência da população: Para ter impacto significativo, muitas pessoas precisam usar o medicamento simultaneamente.
  • Custo e acesso: O valor precisa ser viável para que toda a população, especialmente em áreas endêmicas, possa ter acesso.
  • Período de proteção: É preciso entender por quanto tempo a substância permanece ativa no organismo e se será necessário uso contínuo.
  • Monitoramento de resistência: Assim como acontece com inseticidas, há risco de o mosquito desenvolver resistência, exigindo ajustes na fórmula.
Controle do Aedes aegypti.
Foto: Depositphotos

O medicamento que mata mosquito elimina o risco de transmissão de doenças?

Uma dúvida muito comum ao falar sobre esse novo medicamento que torna o sangue humano tóxico para os mosquitos é: se o mosquito morre depois de picar, ainda existe risco de contaminação pelas doenças que ele pode transmitir?

A resposta é: sim, existe um risco, mas com algumas considerações importantes.

Quando um mosquito pica uma pessoa, ele pode estar infectado com vírus ou parasitas, como os responsáveis pela dengue, zika, chikungunya ou malária.

Durante a picada, o mosquito injeta essas partículas infecciosas na corrente sanguínea da pessoa, dando início ao processo de infecção.

O medicamento nitisinona não impede que o mosquito pique, ele atua depois que o mosquito já se alimentou, tornando o sangue daquela pessoa fatal para o mosquito, que acaba morrendo pouco tempo após a picada.

Ou seja, a morte do mosquito acontece após a possível transmissão do agente infeccioso.

Isso significa que, no momento da picada individual, ainda pode haver a transmissão da doença, mesmo que o mosquito não sobreviva para picar outras pessoas.

No entanto, o grande benefício dessa descoberta está no impacto populacional: ao matar os mosquitos após se alimentarem, o medicamento ajuda a reduzir significativamente o número desses insetos na comunidade, o que, a médio e longo prazo, diminui as chances de que outras pessoas sejam picadas e contaminadas.

Assim, embora não elimine o risco imediato da picada, o medicamento representa uma ferramenta inovadora e complementar no combate às doenças transmitidas por mosquitos, especialmente em regiões onde o controle tradicional com inseticidas está cada vez mais difícil devido à resistência dos mosquitos.

Leitura Recomendada: Como amenizar a picada de mosquito borrachudo? Passo a passo fácil e prático

O que dizem os especialistas?

Pesquisadores que acompanham os estudos afirmam que essa abordagem pode ser um divisor de águas no controle de doenças transmitidas por mosquitos.

No entanto, eles alertam que não se trata de uma solução mágica: o medicamento deve ser visto como parte de um conjunto de estratégias, e não como substituto das medidas já conhecidas.

E quando estará disponível?

O desenvolvimento de medicamentos passa por várias fases:

  • Estudos laboratoriais
  • Testes pré-clínicos em modelos animais
  • Ensaios clínicos em humanos (fase 1, 2 e 3)
  • Aprovação regulatória
  • Produção e distribuição em larga escala

Atualmente, o projeto está avançando nas fases de teste em humanos. Se tudo correr bem e os resultados forem positivos, poderemos ter o produto disponível nos próximos anos, embora prazos exatos ainda não possam ser confirmados.

Um futuro com menos medo do mosquito

A ideia de transformar o próprio sangue em uma arma contra o Aedes aegypti pode soar futurista, mas está cada vez mais próxima da realidade.

Enquanto aguardamos a conclusão dos estudos, é fundamental manter os cuidados já conhecidos: eliminar água parada, usar repelente, proteger portas e janelas e participar das campanhas de prevenção.

Se essa inovação se provar segura e eficaz, ela poderá somar forças às outras estratégias e finalmente nos dar uma vantagem real nessa batalha contra um dos mosquitos mais perigosos do planeta.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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