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O que acontece no intestino… não fica no intestino (e pode afetar sua rinite)
A relação entre microbiota intestinal e rinite alérgica está ganhando novas camadas de compreensão. Um estudo publicado em 11 de novembro, na revista Frontiers in Microbiology, analisou fezes de adultos com rinite alérgica e encontrou sinais consistentes de que alterações no intestino podem influenciar o comportamento das alergias respiratórias.
Os pesquisadores mapearam bactérias e metabólitos (substâncias produzidas pelos microrganismos) e observaram que pessoas com rinite alérgica apresentavam um desequilíbrio intestinal marcante.
Esse cenário incluía a redução de espécies consideradas benéficas e o aumento de bactérias associadas à inflamação.
Para os cientistas, os achados reforçam a hipótese de um “eixo intestino-nariz”, um caminho de comunicação entre o que acontece no sistema digestivo e o sistema imunológico das vias aéreas.
Quando o intestino muda, o nariz pode sentir
Um dos pontos mais claros identificados no estudo foi a menor presença de bactérias capazes de produzir ácidos graxos de cadeia curta (os SCFAs).
Essas substâncias são conhecidas por ajudar na regulação das defesas do corpo e no controle da inflamação.
Entre elas, destaca-se a Faecalibacterium, frequentemente associada a efeitos anti-inflamatórios.
Por outro lado, bactérias relacionadas a processos inflamatórios, como Fusobacterium, apareceram em maior quantidade nos participantes com rinite.
Essa combinação (menos bactérias protetoras e mais microrganismos ligados à inflamação) sugere um ambiente intestinal menos favorável ao equilíbrio imunológico.
Isso não quer dizer que o intestino “cause” a rinite, mas sugere que mudanças na microbiota podem influenciar a intensidade das reações alérgicas quando a pessoa entra em contato com poeira, pólen ou pelos de animais.
O papel dos metabólitos: pequenas moléculas, grandes efeitos
Além das diferenças nas bactérias, o estudo também encontrou alterações nos metabólitos intestinais, que são pequenas moléculas produzidas pelos microrganismos e que funcionam como sinais químicos dentro do corpo.
No grupo com rinite alérgica, alguns desses sinais estavam fora do equilíbrio, especialmente aqueles ligados à produção de energia, vitaminas e substâncias que ajudam a controlar a inflamação.
Esses metabólitos atuam como mensageiros que levam informações do intestino para o sistema imunológico.
Quando essa mensagem chega “desajustada”, o corpo pode reagir de forma mais sensível a poeira, pólen e outros alérgenos.
É como se o intestino enviasse comandos que, dependendo de como são produzidos, podem deixar o nariz mais calmo (ou mais reativo).
O estudo não mostra que um causa diretamente o outro, mas indica que essa conversa entre intestino e sistema imune realmente existe e merece atenção.
O que essas descobertas podem representar no futuro
A ciência ainda está avançando em como usar essas informações na prática, mas o estudo reforça que cuidar da saúde intestinal pode se tornar parte da estratégia para controlar a rinite alérgica.
No futuro, intervenções como probióticos específicos, mudanças alimentares e até terapias voltadas ao microbioma podem ganhar espaço no manejo da doença.
Ainda não é uma solução pronta, e os cientistas são cautelosos ao falar em causalidade, mas é um caminho promissor para ampliar as opções de tratamento e melhorar a qualidade de vida.
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