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Estudo revela ligação entre alimentação e saúde mental em pessoas acima dos 50 anos
A relação entre nutrição e saúde mental tem ganhado cada vez mais destaque em estudos científicos. Muito além de prevenir doenças físicas, a alimentação também pode afetar a forma como pensamos, sentimos e até como lidamos com os desafios da vida.
Um novo estudo publicado no British Journal of Health Psychology analisou adultos com mais de 50 anos e mostrou que incluir mais frutas, vegetais e peixes na rotina pode estar ligado a níveis mais altos de felicidade, propósito e satisfação com a vida.
Por que falar de nutrição e saúde mental na maturidade
O envelhecimento traz mudanças naturais no corpo e na mente.
Manter-se ativo, cultivar relações sociais e ter uma boa alimentação são fatores que ajudam a envelhecer com mais qualidade.
Mas além de proteger contra doenças, o estudo sugere que a dieta pode ter um papel importante também em aspectos positivos da mente, como bem-estar, felicidade e motivação.
Ou seja, cuidar do prato pode estar associado a cuidar também das emoções.
O que os pesquisadores descobriram
Os cientistas analisaram mais de 3 mil adultos acima dos 50 anos no Reino Unido e avaliaram três dimensões do bem-estar psicológico:
- Bem-estar eudaimônico: ligado ao propósito de vida, senso de controle e realização pessoal;
- Bem-estar hedônico: relacionado à felicidade e às emoções positivas do dia a dia;
- Satisfação com a vida: como a pessoa avalia sua trajetória e escolhas.
Quando olharam para a dieta, três grupos de alimentos chamaram atenção:
- Frutas e vegetais: mostraram associação com todos os aspectos de bem-estar, mas, no fim, só a relação com o bem-estar eudaimônico (propósito de vida) permaneceu consistente mesmo após todos os ajustes.
- Peixes: também apareceram ligados a diferentes indicadores, mas apenas a associação com a felicidade se manteve firme depois dos ajustes.
- Gorduras poli-insaturadas (PUFAs): presentes em oleaginosas, sementes e peixes, mostraram resultados positivos iniciais, mas esses efeitos desapareceram quando os pesquisadores levaram em conta fatores como sintomas depressivos.
Em outras palavras: de todas as análises, só duas relações foram realmente robustas — comer mais frutas e vegetais esteve ligado a um maior senso de propósito e realização, e consumir peixe esteve ligado a sentir mais felicidade.
Alimentação e humor: por que alguns alimentos fazem diferença
Não é só impressão: o que comemos pode realmente impactar o humor.
Frutas e vegetais, por exemplo, contribuem para a saúde intestinal, reduzem inflamações no corpo e favorecem a produção de neurotransmissores como a serotonina, conhecida como o “hormônio do bem-estar”.
Já os peixes ricos em ômega-3 (como sardinha, salmão, atum e cavalinha) atuam em mecanismos cerebrais ligados à dopamina e à serotonina, substâncias diretamente relacionadas à sensação de prazer e felicidade.
É por isso que a conexão entre alimentação e humor vem sendo cada vez mais explorada pela ciência.
O desafio das porções: ainda estamos longe do ideal
Apesar dos benefícios, a pesquisa mostrou que a maioria dos participantes comia em média apenas duas porções de frutas e vegetais por dia, muito abaixo das cinco porções recomendadas pelos guias de saúde.
Além disso, mais da metade relatou não ter consumido peixe nos dias analisados.
Esse dado revela um desafio prático: mesmo sabendo que esses alimentos fazem bem, grande parte das pessoas ainda não consegue incluí-los de forma consistente na rotina.
Como aplicar na vida real
O estudo é britânico, mas suas lições podem ser aplicadas no dia a dia dos brasileiros:
- Frutas e vegetais: variar as cores no prato aumenta a diversidade de nutrientes. Uma dica é usar a regra “5 ao dia”: incluir frutas no café da manhã e lanches, além de verduras e legumes no almoço e jantar.
- Peixes: mesmo opções mais acessíveis, como sardinha e cavalinha, oferecem altos níveis de ômega-3. Incluir ao menos duas porções por semana já traz benefícios.
- Gorduras boas: castanhas, sementes de linhaça, chia e azeite de oliva são aliados fáceis de adicionar à alimentação.
Essas escolhas simples podem ter impacto não apenas na saúde física, mas também no equilíbrio emocional e no bem-estar.
Um campo de estudo em crescimento
Os cientistas destacam que, apesar dos resultados animadores, o estudo é de corte transversal, ou seja, mostra associações, mas não prova que a dieta seja a causa direta do aumento do bem-estar.
Ainda faltam estudos de longo prazo para confirmar de forma definitiva os efeitos da alimentação sobre a mente.
Mesmo assim, a evidência atual já aponta para uma conclusão prática: investir em uma alimentação variada e nutritiva pode ser uma forma acessível e eficaz de favorecer tanto a saúde do corpo quanto a da mente, especialmente depois dos 50 anos.
Mais do que prevenir problemas, nutrição e saúde mental caminham juntas para promover uma vida mais plena, feliz e com maior qualidade de vida.
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