O kefir é tudo isso mesmo? O que os estudos indicam

É comum encontrar relatos de pessoas que passam a consumir kefir e percebem melhora do funcionamento do intestino, menos inchaço e uma sensação geral de bem-estar. Mas até que ponto essas percepções individuais são confirmadas pela ciência?

Uma nova revisão publicada na revista científica Nutrients ajuda a esclarecer essa questão.

O estudo reuniu pesquisas feitas com pessoas (ainda pouco comuns quando o assunto são alimentos fermentados) para entender a relação entre kefir e microbiota intestinal e avaliar se essa bebida também pode influenciar a saúde da boca.

O que é o kefir e por que ele desperta tanto interesse

O kefir é uma bebida fermentada feita a partir do leite, da água ou de bases vegetais, utilizando grãos que concentram bactérias e leveduras consideradas benéficas.

Esses microrganismos fazem parte do grupo dos probióticos, associados ao equilíbrio da microbiota (o conjunto de trilhões de bactérias que vivem principalmente no intestino).

Essa interação entre os microrganismos do kefir e as bactérias intestinais é relevante porque a microbiota participa de funções essenciais, como digestão, imunidade, metabolismo e até processos ligados ao humor.

O que os estudos observaram no intestino

A análise dos trabalhos científicos indica que o consumo regular de kefir pode alterar a microbiota intestinal, mas esses efeitos não acontecem da mesma forma em todas as pessoas.

Eles dependem de fatores como o estado de saúde, o uso de medicamentos (especialmente antibióticos) e o tipo de kefir consumido.

Em alguns grupos específicos, como mulheres com síndrome dos ovários policísticos, pessoas com síndrome metabólica e pacientes hospitalizados, foram observadas mudanças como:

  • aumento de bactérias do grupo dos lactobacilos;
  • sinais pontuais de redução da inflamação;
  • melhora em alguns indicadores de bem-estar.

Os pesquisadores reforçam, porém, que esses resultados mostram associações, e não uma relação direta de causa e efeito.

Além disso, as alterações tendem a ser discretas e graduais, o que indica que o kefir não promove mudanças rápidas no intestino nem atua como solução isolada.

E os efeitos na saúde da boca?

Outro ponto analisado foi a microbiota oral.

Estudos com adultos e crianças indicaram redução da bactéria Streptococcus mutans, associada ao desenvolvimento de cáries, após o consumo de kefir.

Isso não substitui hábitos básicos de higiene bucal, como escovação e uso do fio dental, mas sugere que a bebida pode contribuir para um ambiente menos favorável ao crescimento dessas bactérias.

Ainda assim, faltam estudos de longo prazo para confirmar se esse efeito se traduz em menos cáries ao longo do tempo.

Limitações e o que ainda precisa avançar

Os pesquisadores destacam limitações importantes nos estudos analisados, como:

  • número reduzido de participantes;
  • curta duração das intervenções;
  • uso de diferentes preparações de kefir.

Esses fatores dificultam comparações mais precisas e conclusões definitivas sobre os efeitos do kefir no equilíbrio da microbiota intestinal.

Vale a pena incluir o kefir na rotina?

Para quem busca apoiar a saúde intestinal de forma natural, o kefir pode ser um aliado interessante, desde que visto como parte de um conjunto de hábitos saudáveis.

Ele não é remédio, mas pode contribuir para o equilíbrio das bactérias intestinais quando associado a uma alimentação variada, rica em fibras.

A recomendação é introduzir o consumo aos poucos e observar a resposta do organismo.

Em casos de doenças intestinais ou uso contínuo de medicamentos, a orientação de um profissional de saúde continua sendo fundamental.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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