Patinete elétrico causa mais acidentes do que bicicleta, revela novo estudo europeu

No Brasil, o uso crescente de patinete elétrico levanta alertas semelhantes: risco triplicado de lesões graves, baixa adesão ao capacete e muitos acidentes noturnos com álcool.

Nos últimos anos, os patinetes elétricos se tornaram uma alternativa cada vez mais presente na mobilidade urbana brasileira. Disponíveis por aplicativos em diversas capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Recife, esses veículos prometem agilidade e sustentabilidade.

Mas junto com a praticidade, vieram também os riscos e eles não são pequenos.

Um novo estudo realizado na Europa, mais precisamente em Helsinque, capital da Finlândia, aponta que o uso do patinete elétrico causa mais acidentes do que a bicicleta. O risco de sofrer um acidente com necessidade de atendimento hospitalar é 3,6 vezes maior entre os usuários de patinetes.

Embora o estudo tenha sido conduzido fora do Brasil, seus achados refletem uma realidade que já pode ser observada nas grandes cidades brasileiras, onde o uso recreativo e impulsivo do patinete, aliado à ausência de capacete e ao consumo de álcool, tem gerado preocupações entre especialistas em saúde e segurança viária.

Neste artigo, o SaúdeLAB traz uma análise completa do estudo e orientações sobre como reduzir os riscos associados ao uso do patinete elétrico.

Patinete elétrico causa mais acidentes do que bicicleta: o que diz o estudo

A pesquisa, publicada no periódico Scientific Reports, analisou todos os atendimentos por traumas em três hospitais públicos de Helsinque, entre janeiro de 2022 e dezembro de 2023.

Ao todo, foram registrados 677 acidentes com patinetes e 1.889 com bicicletas.

Mas o número de acidentes, por si só, não revela toda a história. Os pesquisadores compararam esses dados com o número estimado de viagens realizadas: aproximadamente 8 milhões de viagens de patinete compartilhado e quase 83 milhões de viagens de bicicleta.

A partir disso, foi calculada a incidência de acidentes por 100 mil viagens:

  • Patinetes elétricos: 7,8 acidentes por 100 mil viagens
  • Bicicletas: 2,2 acidentes por 100 mil viagens

Esses números indicam que o patinete elétrico causa mais acidentes do que a bicicleta, com um risco 3,6 vezes maior de levar o usuário ao hospital.

Por que os acidentes com patinetes são mais graves?

O estudo também apontou que os acidentes com patinetes tendem a gerar ferimentos mais sérios na cabeça. Cerca de 46% dos usuários de patinetes sofreram lesões na região da cabeça e pescoço, enquanto entre ciclistas esse número foi de 31%.

Além disso, os usuários de patinete apresentaram:

  • Menor uso de capacete (apenas 4% utilizavam)
  • Maior índice de intoxicação por álcool (29% dos casos)
  • Maior número de acidentes noturnos (40% entre 22h e 8h)

Entre os usuários de patinetes alcoolizados, 76% sofreram ferimentos na cabeça, e praticamente nenhum estava usando capacete. Já entre os ciclistas alcoolizados, 63% tiveram lesões semelhantes, e apenas 9% usavam capacete.

Esses dados indicam uma relação direta entre o consumo de álcool, a ausência de capacete e a gravidade das lesões, principalmente em acidentes noturnos.

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Perfil dos acidentados

Outro dado importante do estudo é o perfil das vítimas:

  • Idade média dos usuários de patinete: 33 anos
  • Idade média dos ciclistas: 47 anos
  • Maioria dos acidentados eram homens em ambos os grupos

Esse perfil reforça a percepção de que o patinete é muito utilizado por jovens adultos, especialmente no deslocamento noturno, incluindo momentos de lazer, o que pode explicar a maior incidência de álcool nos acidentes.

Quais tipos de lesões são mais comuns?

As lesões mais frequentes entre os usuários de patinetes foram:

  • Traumas na cabeça e face
  • Fraturas craniofaciais (12% dos casos)
  • Entorses e escoriações leves

Já entre os ciclistas, predominavam:

  • Fraturas nos braços, punhos e ombros (principalmente ao tentar se proteger na queda)
  • Lesões no tronco
  • Necessidade maior de cirurgia ortopédica

Apesar da maioria dos casos serem classificados como de baixa gravidade (grau 1 na Escala de Gravidade de Lesões), o grupo de usuários de patinetes apresentou uma proporção ligeiramente maior de ferimentos considerados graves.

Internações e recursos hospitalares

Os dados também mostram que:

  • Usuários de patinete foram mais vezes levados à UTI (1,2%) do que ciclistas (0,6%)
  • A necessidade de internação hospitalar foi parecida (8,1% para patinetes e 9,8% para bicicletas)
  • Cirurgias foram mais frequentes entre ciclistas (13,4%) devido a fraturas nos membros superiores

Esses números ajudam a entender o custo que esses acidentes geram para o sistema de saúde, especialmente considerando que muitos casos poderiam ser evitados com medidas simples de prevenção.

Quais medidas podem reduzir os acidentes com patinetes?

Os pesquisadores destacam que, mesmo com políticas públicas adotadas em Helsinque (como limite de velocidade noturno de 15 km/h e restrições de uso aos finais de semana), os acidentes continuam frequentes, especialmente à noite.

A recomendação principal é investir em:

  • Campanhas de conscientização sobre uso de capacete
  • Limitações mais rígidas ao uso de patinetes sob efeito de álcool
  • Incentivo a ciclovias seguras e bem iluminadas
  • Monitoramento de velocidade e horários de uso nos aplicativos de aluguel

Além disso, educar a população sobre os riscos associados ao uso do patinete elétrico em ambientes urbanos é essencial para reduzir os acidentes.

A mobilidade deve ser prática, mas também segura

O patinete elétrico pode ser um aliado da mobilidade urbana sustentável, mas não pode ser tratado como um brinquedo ou um item de lazer sem regras.

O estudo europeu serve como um alerta, inclusive para o Brasil, onde o uso desregulado já tem deixado vítimas e sobrecarregado os serviços de saúde.

Seja para ir ao trabalho, fazer um trajeto curto ou se deslocar no lazer, o patinete deve ser usado com conhecimento, proteção e responsabilidade.

Lembre-se: capacete, sobriedade e atenção ao trânsito fazem a diferença entre uma viagem segura e um trauma irreversível.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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