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Primeiros sinais de demência: 9 mudanças que indicam que é hora de agir
Reconhecer os primeiros sinais de demência é essencial para buscar diagnóstico precoce e iniciar os cuidados adequados. A condição costuma se manifestar de forma lenta, com alterações sutis na memória, na comunicação, no comportamento e até na percepção do ambiente, que muitas vezes passam despercebidas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 57 milhões de pessoas vivem com demência no mundo, e a cada ano surgem cerca de 10 milhões de novos casos.
A doença está entre as sete principais causas de morte globais e é uma das maiores responsáveis por dependência e incapacidade entre idosos.
Apesar de atingir com maior frequência pessoas acima dos 65 anos, a demência não deve ser vista como uma consequência inevitável do envelhecimento.
Seus sinais iniciais vão além da perda de memória e podem incluir mudanças no humor, na orientação espacial e até na capacidade de planejar tarefas simples.
Detectar essas transformações cedo pode fazer toda a diferença no cuidado.
Entendendo o que é a demência
A demência não é uma única doença, mas um termo que reúne várias condições que afetam funções cognitivas como memória, raciocínio, linguagem e comportamento.
A doença de Alzheimer é a causa mais frequente, responsável por 60% a 70% dos casos, mas também existem:
- Demência vascular;
- Demência com corpos de Lewy;
- Demência frontotemporal;
- Demência associada a lesões cerebrais, infecções ou deficiências nutricionais.
9 primeiros sinais de demência que merecem atenção
Reconhecer os primeiros sinais de demência é essencial para buscar diagnóstico precoce, iniciar tratamentos disponíveis e adotar estratégias de cuidado que podem melhorar a qualidade de vida do paciente e da família.
1. Esquecimento de fatos recentes
O sintoma mais comum e precoce é o esquecimento frequente de informações recentes.
Não se trata de distração normal, mas de lapsos que atrapalham o dia a dia.
Exemplos:
- Esquecer compromissos importantes;
- Repetir perguntas em pouco tempo;
- Perder objetos e não lembrar onde os colocou;
- Preparar o café e esquecer o fogão aceso.
- Quando esse tipo de esquecimento começa a impactar a rotina, pode representar um dos primeiros sinais de demência e deve ser avaliado por um médico.
2. Dificuldade para encontrar palavras e manter conversas
Nos estágios iniciais, a comunicação pode ser afetada. A pessoa pode:
- Ter dificuldade para lembrar palavras simples;
- Substituir termos corretos por palavras vagas;
- Interromper frases com frequência;
- Perder o fio da conversa, principalmente em diálogos longos.
Se isso se torna frequente, pode ser um dos primeiros indícios de declínio cognitivo.
3. Alterações no sono
Estudos apontam que mudanças no padrão de sono podem anteceder outros sintomas. Entre os sinais estão:
- Demorar para pegar no sono;
- Acordar diversas vezes durante a noite;
- Dormir pouco à noite e sentir sono excessivo durante o dia;
- Apresentar sonhos agitados e pesadelos frequentes.
Alterações persistentes no sono podem indicar mudanças no cérebro associadas ao início da demência.
4. Apatia e perda de interesse
A apatia é um dos sinais iniciais mais relatados por familiares. A pessoa pode:
- Perder o interesse por atividades antes prazerosas;
- Evitar sair de casa ou socializar;
- Demonstrar falta de iniciativa para começar tarefas simples.
Esse sintoma pode ser confundido com depressão, mas, quando vem acompanhado de outros sinais cognitivos, pode indicar o início da doença.
5. Alterações dos sentidos e percepção visual
Mudanças sutis na visão, no olfato e na audição também estão entre os sinais iniciais de demência.
- A perda do olfato pode ser um marcador precoce, especialmente na doença de Alzheimer;
- Dificuldades visuais podem afetar o reconhecimento de rostos e a percepção de distâncias;
- Alterações auditivas podem prejudicar a compreensão de conversas e favorecer o isolamento social.
Essas alterações nem sempre estão presentes, mas, quando aparecem, ajudam a compor o diagnóstico.
6. Dificuldade para tomar decisões e resolver problemas
A pessoa começa a ter problemas para pensar e escolher soluções, mesmo em situações simples.
Exemplos:
- Demorar para decidir o que vestir;
- Ficar confusa ao lidar com contas ou listas;
- Ter dificuldade para resolver problemas do dia a dia, como trocar uma lâmpada ou organizar objetos.
Essa perda de julgamento e raciocínio (mais ligada ao pensar do que ao executar) é um dos primeiros sinais de demência e costuma preocupar familiares.
7. Alterações posturais e da marcha
Algumas pesquisas mostram que mudanças sutis na forma de andar e se equilibrar podem aparecer anos antes do diagnóstico. Entre os sinais:
- Passos mais curtos ou arrastados;
- Rigidez ao se movimentar;
- Instabilidade ao permanecer em pé;
- Quedas mais frequentes e aparentemente sem causa.
Esse sinal não é universal, mas é um importante indício quando associado a outros sintomas.
8. Desorientação no tempo e no espaço
A perda de referência temporal e espacial pode surgir cedo:
- Esquecer o dia, o mês ou o ano;
- Confundir manhã com noite;
- Perder-se em lugares familiares;
- Dificuldade para reconhecer ambientes conhecidos.
Essa desorientação pode gerar situações de risco, especialmente se a pessoa sai sozinha.
9. Dificuldade para realizar tarefas habituais e planejar atividades
Aqui, a dificuldade está na execução das tarefas rotineiras, mesmo aquelas que antes eram fáceis.
Exemplos:
- Esquecer etapas simples de uma receita ou de uma atividade doméstica;
- Ter problemas para organizar compromissos, compras ou pagamentos;
- Precisar de ajuda de familiares para tarefas que antes fazia sozinho.
Esse sinal reflete o impacto prático do declínio cognitivo, afetando a independência e a capacidade de se organizar no dia a dia.
Leitura Recomendada: Como prevenir a demência: o hábito simples que pode atrasar a doença em 5 anos
A importância do diagnóstico precoce
Identificar os primeiros sinais de demência aumenta as chances de intervir de forma eficaz. O acompanhamento médico pode:
- Retardar a progressão da doença com tratamentos adequados;
- Prevenir complicações relacionadas à segurança e à autonomia;
- Fornecer suporte para familiares e cuidadores;
- Ajudar no planejamento de cuidados e na melhoria da qualidade de vida.
Se você ou alguém próximo apresenta dois ou mais desses sinais, procure um neurologista ou geriatra.
Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as possibilidades de preservar a independência.
Leitura Recomendada: O que é a Dieta MIND? Veja como ela ajuda na saúde cerebral e previne demência
Referências
- ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Dementia: fact sheet. 2025. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/dementia.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Alzheimer — Ministério da Saúde. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/alzheimer.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Relatório Nacional sobre a Demência. 2024. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/relatorio_nacional_demencia_brasil.pdf.
BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Identificação da Demência na Atenção Primária. 2024. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/identificacao_demencia_atencao_primaria_digital.pdf.
LUCHESI, Bruna Moretti; KAJIYAMA, Mariana Tiemi. Monitoring risk factors for dementia in middle-aged and older adults: a longitudinal study. Journal of Clinical Gerontology and Geriatrics, v. 13, p. 100-106, 2023. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11041916/.