Pesquisadores descobrem que a semaglutida protege mais do que se imaginava

Um estudo publicado na revista The Lancet no dia 22 de outubro pode mudar a forma como a medicina enxerga a semaglutida, um medicamento conhecido por auxiliar na perda de peso e no controle do diabetes.

A pesquisa revelou que o uso semanal da substância não só ajuda a reduzir o peso e a gordura abdominal, como também protege o coração, diminuindo o risco de infarto e AVC, mesmo em pessoas sem diabetes e independentemente da quantidade de peso perdida.

Semaglutida e saúde cardiovascular: efeito protetor além da balança

A análise, chamada SELECT, acompanhou mais de 17 mil pessoas com sobrepeso ou obesidade e doença cardiovascular em 41 países.

Os participantes receberam semaglutida ou placebo (substância sem efeito real) por quase quatro anos.

O resultado foi o seguinte: quem usou o medicamento teve 20% menos eventos cardiovasculares graves, como infarto, derrame e morte por causas cardíacas.

Mas o dado mais surpreendente veio depois.

Mesmo quem perdeu pouco peso nas primeiras semanas continuou se beneficiando.

Ou seja, o efeito protetor da semaglutida sobre o coração vai além do emagrecimento.

Isso sugere que o remédio atua também por outros mecanismos, como melhora da inflamação, da função dos vasos sanguíneos e da pressão arterial.

Por que a cintura importa mais que o peso total

O estudo trouxe outro achado importante.

O remédio foi especialmente eficaz em reduzir a circunferência da cintura, e essa redução estava diretamente ligada a um coração mais protegido.

Para entender isso, é preciso saber que nem toda gordura é igual.

A gordura que se acumula na barriga, chamada gordura visceral, é metabolicamente mais perigosa.

Ela se instala entre os órgãos e libera substâncias inflamatórias que prejudicam o funcionamento do corpo e favorecem o entupimento das artérias.

Os cálculos mostraram que cerca de um terço (33%) do benefício cardíaco veio justamente da perda dessa gordura abdominal prejudicial.

Mas e os outros dois terços?

Aqui está a grande surpresa. A maior parte da proteção veio de outros fatores.

Isso indica fortemente que a semaglutida também age diretamente sobre o sistema cardiovascular, protegendo o coração e os vasos sanguíneos por meio de outros mecanismos, mesmo quando o paciente não perde muita gordura.

E na vida real, o que isso significa?

Essa descoberta representa uma mudança de paradigma na medicina.

  • Antes: medicamentos como a semaglutida eram vistos basicamente como “ferramentas” para emagrecer e controlar o açúcar no sangue no diabetes.
  • Agora: o estudo mostra que eles devem ser encarados como tratamentos que mudam o curso da doença cardíaca, com potencial de proteger o coração de forma direta.

A mensagem mais prática (e aliviadora) para os pacientes é: não é preciso se tornar magro para colher benefícios reais para o coração.

Mesmo uma perda de peso modesta já vem acompanhada de proteção cardiovascular significativa.

Na visão dos especialistas, essa é uma revolução que deve, no futuro, mudar a forma como os médicos prescrevem esse tipo de remédio.

Pode beneficiar um número muito maior de pessoas com sobrepeso e problemas cardíacos, mesmo que não tenham diabetes.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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