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O silêncio da demência: estudo mostra que o diagnóstico pode demorar mais de 3 anos
O tempo até o diagnóstico de demência é um dos maiores desafios enfrentados por pacientes e familiares.
Uma revisão científica publicada no International Journal of Geriatric Psychiatry, revelou que o tempo médio entre o aparecimento dos primeiros sintomas e o diagnóstico oficial da doença é de 3,5 anos.
Esse dado foi calculado com base em uma análise específica de 10 dos 13 estudos incluídos na pesquisa, e apresenta um intervalo de confiança entre 2,7 e 4,3 anos.
Em alguns casos, esse período é ainda maior, especialmente em tipos de demência de início precoce, como a frontotemporal.
Esse atraso pode trazer impactos negativos na qualidade de vida dos pacientes, aumentar a sobrecarga das famílias e dificultar o acesso oportuno a tratamentos e cuidados.
A pesquisa analisou dados de mais de 30 mil pessoas em diversos países, incluindo países da Europa, Austrália, Estados Unidos e China.
O que é demência e por que o diagnóstico é tão demorado?
Demência é um termo que engloba várias doenças que afetam a memória, o raciocínio, o comportamento e a capacidade de realizar tarefas diárias.
A mais conhecida é o Alzheimer, mas há outros tipos, como a demência vascular e a frontotemporal.
O tempo até o diagnóstico de demência costuma ser longo porque os primeiros sinais da doença são, muitas vezes, confundidos com o envelhecimento normal.
Esquecimentos leves, mudanças de humor ou dificuldades para resolver problemas cotidianos podem parecer normais, mas também indicar sinais iniciais de algo mais sério.
Além disso, em muitos lugares, o acesso a serviços especializados é limitado.
Mesmo em países com bons sistemas de saúde, o caminho até encontrar um especialista pode ser longo.
A pessoa precisa primeiro perceber que há um problema, depois procurar ajuda, receber encaminhamento e, finalmente, passar por avaliações específicas. Tudo isso leva tempo.
Demência precoce pode demorar ainda mais para ser identificada
Um dos achados mais preocupantes do estudo é que o tempo até o diagnóstico de demência é ainda maior em pessoas com menos de 65 anos.
A chamada demência de início precoce costuma demorar mais de 4 anos para ser diagnosticada.
Isso acontece porque, em pessoas mais jovens, é menos comum suspeitar de demência.
Os sintomas podem ser atribuídos a estresse, depressão ou outras condições mentais.
Com isso, os pacientes passam por vários serviços e consultas até que se chegue ao diagnóstico correto.
O estudo também mostrou que, nesse grupo, o tipo de demência mais comum é a frontotemporal, que afeta o comportamento e a linguagem, e pode ser confundida com distúrbios psiquiátricos.
Fatores que contribuem para a demora no diagnóstico
Segundo os pesquisadores, o tempo até o diagnóstico de demência pode variar de acordo com alguns fatores.
No entanto, muitos desses achados vieram de estudos isolados, com resultados ainda inconclusivos ou contraditórios:
- Idade: alguns estudos sugerem que pacientes mais jovens tendem a demorar mais para receber o diagnóstico.
- Tipo de demência: em algumas pesquisas, casos de demência frontotemporal mostraram maior atraso.
- Grau de instrução: há indícios de que menor escolaridade esteja associada a diagnósticos mais tardios.
- Acesso a serviços especializados: a dificuldade para acessar neurologistas e exames pode aumentar a espera.
- Gênero e etnia: em um dos estudos analisados, conduzido nos Estados Unidos, mulheres e pessoas negras tiveram maior dificuldade de acesso ao diagnóstico.
Por que um diagnóstico mais rápido pode fazer diferença?
Receber um diagnóstico não significa apenas dar um nome aos sintomas.
Quando o tempo até o diagnóstico de demência é menor, a família e o paciente podem se preparar melhor para lidar com a doença.
Também é possível iniciar terapias, organização financeira e planejamento de cuidados futuros.
Apesar de o estudo apontar que ainda faltam dados quantitativos robustos sobre os benefícios diretos do diagnóstico mais rápido, outros trabalhos já indicam que a intervenção precoce pode contribuir para uma melhor qualidade de vida e para o alívio da sobrecarga dos cuidadores.
O que pode ser feito para reduzir o tempo de espera?
O estudo aponta que a criação de centros especializados em demência de início precoce pode ajudar a reduzir o tempo até o diagnóstico de demência.
Esses centros têm equipe treinada para reconhecer sintomas incomuns e acolher pacientes jovens, com maior agilidade.
Outra recomendação é investir na formação de profissionais da saúde para que saibam identificar os primeiros sinais e encaminhar para os serviços corretos.
A conscientização da população também é essencial: quanto mais cedo a família perceber que algo está errado, mais rápido é o acesso ao tratamento.
Além disso, o uso de protocolos mais claros e acesso facilitado a exames como ressonância magnética, testes neuropsicológicos e avaliações com especialistas pode encurtar a jornada até o diagnóstico.
Demência não é parte normal do envelhecimento
Por fim, é importante reforçar que envelhecer não significa perder a memória ou a capacidade de pensar com clareza.
O tempo até o diagnóstico de demência pode ser reduzido quando reconhecemos que há diferença entre envelhecimento normal e sinais de doença.
Ficar atento a mudanças de comportamento, esquecimentos frequentes, dificuldade para realizar tarefas rotineiras e alterações na linguagem pode fazer toda a diferença.
Buscar ajuda o quanto antes é fundamental para cuidar melhor de quem está passando por isso.
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