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Tratamento para endometriose no SUS agora inclui novas opções; saiba o que muda
O tratamento para endometriose no SUS está em fase de ampliação com a incorporação de duas novas opções hormonais: o DIU com levonorgestrel (DIU-LNG) e a pílula à base de desogestrel.
Ambos atuam no controle do crescimento do tecido da endometriose fora do útero, principal característica da doença.
A decisão foi oficializada em portarias publicadas nos dias 29 de maio e 2 de junho de 2025. A partir dessas datas, o SUS tem até 180 dias para garantir a oferta gratuita dos medicamentos em todo o país.
Com a medida, o Sistema Único de Saúde passa a oferecer mais alternativas de tratamento para mulheres com endometriose, com base em evidências científicas analisadas pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec).
Vale lembrar que, apesar de também serem anticoncepcionais, esses medicamentos serão disponibilizados exclusivamente para tratar a endometriose, e não como métodos de prevenção da gravidez.
Saiba, a seguir, o que é a endometriose, como funcionam os novos tratamentos e quais opções já estão disponíveis no SUS para lidar com essa condição que afeta milhões de mulheres.
O que é endometriose
A endometriose é uma doença em que o tecido que normalmente reveste o útero (chamado de endométrio) cresce fora dele, em outras áreas do corpo.
Esse tecido pode se espalhar para os ovários, trompas de falópio, bexiga, intestino, diafragma e, em casos mais raros, até para os pulmões.
Embora esteja fora do útero, ele ainda responde aos ciclos hormonais do corpo.
Isso significa que esse tecido cresce e sangra todo mês, mas, como não tem por onde sair, acaba causando inflamação, dor intensa e, em alguns casos, dificuldades para engravidar.
Isso gera inflamação local, dores intensas e, em alguns casos, dificuldades reprodutivas.
De acordo com o Ministério da Saúde, entre os sintomas mais relatados estão:
- Cólicas menstruais intensas e persistentes;
- Dores pélvicas fora do período menstrual;
- Dor durante as relações sexuais;
- Alterações intestinais e urinárias;
- Infertilidade ou dificuldade para engravidar.
A causa exata da endometriose ainda não é totalmente conhecida.
Especialistas consideram possíveis fatores genéticos, hormonais, imunológicos e a chamada menstruação retrógrada, quando parte do sangue menstrual percorre as tubas uterinas em direção à cavidade abdominal.
Como funcionam as novas opções de tratamento para endometriose no SUS
O tratamento para endometriose no SUS já incluía métodos hormonais e cirúrgicos.
Agora, com a incorporação do DIU-LNG e do desogestrel, as pacientes contarão com alternativas que podem ser indicadas conforme o perfil clínico de cada caso.
DIU com levonorgestrel (DIU-LNG)
Trata-se de um dispositivo inserido dentro do útero que libera pequenas quantidades de hormônio levonorgestrel de forma contínua.
Esse hormônio pode reduzir o crescimento do tecido endometrial ectópico, ou seja, fora do útero.
O método é indicado para mulheres que têm contraindicação ao uso de contraceptivos orais combinados (com estrogênio e progesterona).
Uma vantagem do DIU-LNG é sua longa duração: ele pode permanecer no útero por até cinco anos, o que favorece a continuidade do tratamento.
Desogestrel
É um anticoncepcional hormonal oral de uso diário, cuja principal ação é impedir a ovulação.
Ao suprimir os ciclos hormonais, contribui para o controle da proliferação do tecido endometrial fora do útero.
Segundo o Ministério da Saúde, o desogestrel poderá ser prescrito ainda durante a fase de investigação clínica da doença, mesmo antes da confirmação diagnóstica por exames.
Ainda assim, o uso deve ser orientado por um profissional de saúde, já que a resposta ao tratamento pode variar entre as pacientes.
Uso exclusivo para casos de endometriose
Apesar de serem métodos anticoncepcionais, o tratamento para endometriose no SUS com DIU-LNG e desogestrel será indicado exclusivamente para o manejo da doença.
Para a contracepção em geral, o SUS já disponibiliza gratuitamente outros métodos, como:
- DIU de cobre;
- Anticoncepcionais injetáveis;
- Pílula combinada e minipílula;
- Diafragma;
- Preservativos masculinos e femininos;
- Pílula de emergência.
A recomendação é que o uso de qualquer um desses métodos seja sempre acompanhado por profissionais da saúde, com base no histórico clínico da paciente.
Tratamentos já existentes continuam disponíveis
Além dos novos recursos, o tratamento para endometriose no SUS segue oferecendo duas abordagens principais:
Tratamento clínico
Envolve o uso de hormônios, como os progestágenos, contraceptivos orais combinados e análogos do GnRH, que agem na regulação do ciclo hormonal e podem reduzir os sintomas.
Também são utilizados analgésicos e anti-inflamatórios para controle da dor.
Tratamento cirúrgico
Recomendado quando os sintomas não respondem bem ao tratamento medicamentoso.
A cirurgia busca remover os focos de endometriose com o objetivo de aliviar a dor e preservar a fertilidade, sempre considerando os riscos e benefícios de cada caso.
Atendimento pelo SUS tem crescido nos últimos anos
Dados do Ministério da Saúde indicam que a assistência a mulheres com endometriose na rede pública vem crescendo.
Entre 2022 e 2024, houve um aumento de 30% nos atendimentos na Atenção Primária, e de 70% na Atenção Especializada, saltando de 31 mil para mais de 53 mil registros.
As internações por endometriose também cresceram 32% no período, totalizando mais de 34 mil hospitalizações entre 2022 e 2024.
Esses números refletem uma maior procura por diagnóstico e tratamento, além de melhorias no acesso aos serviços.
Ampliação das opções pode beneficiar pacientes, mas requer acompanhamento contínuo
A inclusão do DIU-LNG e do desogestrel no tratamento para endometriose no SUS representa um avanço em termos de acesso e diversidade de opções terapêuticas.
No entanto, é importante destacar que o efeito dos tratamentos hormonais pode variar de mulher para mulher.
A escolha do melhor tratamento deve levar em conta o histórico de saúde da paciente, o estágio da doença, a presença de comorbidades e o desejo ou não de engravidar no futuro.
Em todos os casos, o acompanhamento regular com ginecologista ou especialista em endometriose é fundamental.
Além disso, a chegada dos novos métodos ao SUS depende ainda da organização dos estados e municípios para garantir que os medicamentos estejam disponíveis nas unidades de saúde dentro do prazo estabelecido.
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