Seu cérebro muda quando você joga? Estudo com gamers traz achados intrigantes

Os videogames e cérebro sempre foram tema de debates: afinal, jogar faz bem ou mal para a mente? Uma pesquisa publicada na revista Brain Sciences trouxe novas pistas para essa questão.

Segundo os cientistas, pessoas que jogam videogames de ação com frequência podem apresentar diferenças na estrutura cerebral, especialmente em áreas ligadas à atenção, à tomada de decisão e à coordenação motora.

O que os cientistas descobriram sobre videogames e cérebro

O estudo foi conduzido por pesquisadores da Georgia State University, nos Estados Unidos, e comparou dois grupos de jovens: um formado por jogadores que se dedicavam a pelo menos cinco horas semanais de games de ação, e outro por pessoas que quase não jogavam.

Usando exames de ressonância magnética, os cientistas observaram que os jogadores tinham maior espessura cortical (uma característica associada ao desempenho dos neurônios) em regiões específicas do cérebro, como o lobo parietal e o precuneus.

Essas áreas estão relacionadas a habilidades como:

  • localizar objetos no espaço;
  • reagir rapidamente a estímulos visuais;
  • tomar decisões em frações de segundo;
  • coordenar visão e movimento.

Além disso, os exames mostraram que os jogadores apresentaram sinais de maior integridade nas conexões entre áreas cerebrais, especialmente entre regiões occipitais e parietais, sugerindo que as ligações estruturais podem ser mais robustas nesse grupo.

Jogos de ação e associações com o cérebro

Os chamados jogos de ação — como os de tiro em primeira pessoa (em que o jogador enxerga o ambiente pelos “olhos” do personagem, como se estivesse dentro do jogo), as batalhas em arena online (MOBA) ou os populares modos de batalha real (Battle Royale) — exigem atenção constante, reflexos rápidos e a habilidade de processar várias informações ao mesmo tempo.

Os pesquisadores levantam a hipótese de que esse tipo de desafio cognitivo pode estar associado às diferenças observadas no estudo.

No entanto, eles ressaltam que não é possível afirmar se os games provocaram as alterações ou se pessoas com cérebros naturalmente diferentes tendem a se interessar mais por esses jogos.

Em outras palavras, a relação entre videogames e cérebro ainda não é de causa e efeito, mas de associação.

Videogame faz bem ou mal para o cérebro?

O estudo reforça a ideia de que os videogames não são apenas entretenimento.

Eles podem estar relacionados ao desenvolvimento de habilidades cognitivas, como atenção, memória de trabalho e capacidade de reação.

Por outro lado, especialistas lembram que o uso excessivo pode trazer riscos, incluindo sedentarismo, problemas de sono e até dependência de jogos.

O equilíbrio continua sendo essencial.

Outros estudos e possíveis aplicações positivas

Embora o artigo não tenha investigado isso, outros estudos apontam que os efeitos dos videogames no cérebro podem ter aplicações práticas, como em programas de reabilitação neurológica ou no treinamento cognitivo de idosos.

A ideia é aproveitar o engajamento dos games para estimular áreas ligadas à atenção, à memória e à coordenação.

Limitações importantes do estudo

Para interpretar os resultados com cautela, os cientistas destacam alguns pontos fundamentais:

  • O estudo contou com apenas 46 participantes, o que torna os achados preliminares.
  • O desenho foi transversal, ou seja, feito em um único momento. Para confirmar se as diferenças surgem por causa dos jogos ou se já existiam antes, são necessários estudos longitudinais que acompanhem os jogadores ao longo do tempo.

Um novo olhar sobre videogames e cérebro

A pesquisa mostra que a relação entre videogames e cérebro é mais complexa do que se imaginava.

Longe de serem apenas passatempo, os jogos de ação estão associados a diferenças estruturais em áreas cerebrais ligadas à atenção e ao raciocínio rápido.

Ainda não é possível dizer se essas diferenças são um efeito direto do hábito de jogar, mas os resultados reforçam que os videogames podem ajudar a entender melhor como o cérebro se adapta a experiências do dia a dia.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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