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Quem pode tomar a vacina da dengue? Pesquisadores alertam sobre novos surtos da doença
A dengue é um problema de saúde pública há décadas no Brasil. Causada por quatro tipos de vírus transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), a doença apresenta ciclos epidêmicos que desafiam o sistema de saúde.
Recentemente, o ressurgimento do sorotipo 3 (DENV-3), após 17 anos de baixa circulação, trouxe um alerta importante dos pesquisadores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto.
Esse sorotipo pode desencadear novos surtos graves, já que grande parte da população não tem imunidade contra ele.
Essa situação reforça a necessidade de medidas preventivas e da vacinação como ferramenta essencial no combate à doença.
Com a campanha de imunização em andamento no Brasil, muitas pessoas se perguntam quem pode tomar a vacina da dengue e como ela está sendo disponibilizada.
A seguir, aqui no SaúdeLAB, você confere as principais informações sobre a doença, a vacinação no SUS e na rede privada, e os detalhes do alerta feito por especialistas.
O que é a dengue e por que ela preocupa tanto?
Antes de explicar quem pode tomar a vacina da dengue, é essencial compreender melhor a doença e o funcionamento da imunização.
A dengue é uma doença viral transmitida por mosquitos infectados, principalmente o Aedes aegypti.
Ela pode se manifestar de forma leve, com sintomas como febre, dores musculares e manchas na pele, ou em casos graves, causar hemorragias e até levar à morte.
O que torna a dengue tão perigosa é que a infecção por um dos quatro sorotipos do vírus não protege contra os outros. Pelo contrário, uma segunda infecção aumenta o risco de formas graves da doença.
Atualmente, o Brasil enfrenta um novo desafio com o retorno do DENV-3. Estudos mostram que esse sorotipo está associado a quadros mais graves.
Em 2024, o Brasil registrou números alarmantes: foram 6,6 milhões de casos de dengue e mais de 6 mil mortes, um recorde histórico.
Essa situação destaca a importância de estratégias de prevenção, como a vacinação.
Como funciona a vacina contra a dengue?
Atualmente, o SUS oferece a vacina Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda, para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos em regiões com maior incidência da doença.
O imunizante é tetravalente, ou seja, protege contra os quatro sorotipos do vírus.
A Qdenga é feita com vírus vivo atenuado, um processo que “enfraquece” o vírus para estimular o sistema imunológico sem causar a doença.
Ela é aplicada em duas doses, com intervalo de três meses entre elas, garantindo maior proteção contra hospitalizações e casos graves.
Os dados de eficácia da Qdenga são promissores:
- Proteção de 69,8% contra o DENV-1;
- Proteção de 95,1% contra o DENV-2;
- Proteção de 48,9% contra o DENV-3;
Não foi possível avaliar o DENV-4 devido ao baixo número de casos registrados.
Além disso, a vacina mostrou eficácia de 84,1% na prevenção de hospitalizações.
Quem pode tomar a vacina da dengue no SUS?
Apesar dos avanços com a vacina Qdenga, a população brasileira não será vacinada em massa contra a dengue neste ano.
O imunizante está sendo distribuído de forma limitada, com prioridade para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, que vivem em regiões com alta incidência de casos de dengue.
Essa faixa etária é especialmente vulnerável a formas graves da doença, o que justifica a escolha do público-alvo inicial.
Portanto, no SUS, a vacina Qdenga está disponível para crianças e adolescentes na faixa-etária citada.
Quem pode tomar a vacina da dengue na rede privada
A Anvisa aprovou o imunizante para pessoas entre 4 e 59 anos.
Isso significa que, fora da faixa etária contemplada pelo SUS (crianças e adolescentes de 10 a 14 anos), é possível buscar a rede privada para se vacinar.
No entanto, não foram realizados estudos para avaliar a eficácia da vacina em pessoas com mais de 60 anos, razão pela qual ela não é indicada para essa faixa etária.
As doses na rede privada custam entre R$ 350 e R$ 500, mas a disponibilidade é limitada, já que a prioridade é atender a população vulnerável por meio do sistema público.
Mesmo quem já teve dengue pode tomar a vacina, já que ela ajuda a evitar novas infecções e, em caso de reinfecção, pode reduzir a gravidade dos sintomas.
No entanto, pessoas que tiveram dengue recentemente devem esperar um período de seis meses antes de se vacinar, para garantir uma resposta imunológica adequada.
Contraindicações da vacina Qdenga:
- Não indicada para gestantes e lactantes;
- Contraindicada para pessoas com alergia a componentes da vacina;
- Não recomendada para imunossuprimidos ou pessoas com doenças que comprometem o sistema imunológico.
A vacinação no Brasil e os desafios de implementação
A campanha com a vacina Qdenga começou em 2024, mas enfrenta desafios devido à produção limitada do imunizante. Portanto, a vacinação em massa contra a dengue não será realizada na população brasileira neste ano.
Por outro lado, o Instituto Butantan está desenvolvendo uma vacina nacional contra a dengue.
Diferentemente da Qdenga, a vacina do Butantan requer apenas uma dose, o que facilita a logística de aplicação.
O instituto já iniciou a produção de um lote inicial de um milhão de doses, com previsão de entregar 100 milhões de vacinas até 2027, caso seja aprovada pela Anvisa e incluída no SUS.
A expectativa é que a vacina do Butantan amplie o acesso à imunização no Brasil, permitindo campanhas em larga escala e beneficiando também outras faixas etárias.
Por que a vacinação é tão importante e o alerta de pesquisadores
O retorno do sorotipo 3 da dengue (DENV-3) ao Brasil, após 17 anos, gerou alertas importantes.
Pesquisadores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP) publicaram um estudo no Journal of Clinical Virology destacando o risco de surtos mais graves, já que grande parte da população não está imunizada contra esse sorotipo.
A pesquisa, que monitora a dengue no Brasil há mais de 20 anos, mostra que a introdução de um novo sorotipo em uma população previamente exposta a outros (como DENV-1 e DENV-2) aumenta o risco de infecções graves.
Em 2024, o país registrou mais de 6,6 milhões de casos e 6.100 mortes por dengue, refletindo a gravidade do problema.
Vacinar é essencial nesse cenário. Além de prevenir hospitalizações e formas graves da doença, a imunização reduz a circulação do vírus, ajudando a controlar surtos e protegendo toda a população.
Cuidados adicionais para evitar a dengue
Enquanto a vacinação não está disponível para todos, a prevenção continua sendo a principal arma contra a dengue. Medidas simples, como eliminar focos de água parada, usar repelentes e instalar telas em janelas, ajudam a reduzir o risco de transmissão.
O combate à dengue é uma responsabilidade coletiva. Vacinar-se, quando possível, e adotar hábitos preventivos são formas eficazes de proteger a si mesmo e à comunidade.
Resumo: quem pode tomar a vacina da dengue?
- No SUS: Crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos em regiões de alta transmissão.
- Na rede privada: Pessoas de 4 a 59 anos podem se vacinar, com custo entre R$ 350 e R$ 500 por dose.
- Indicação: Tanto para quem já teve dengue quanto para quem nunca foi infectado.
- Contraindicações: Gestantes, lactantes, imunossuprimidos e alérgicos a componentes da vacina.
Com a ampliação da vacinação e a produção nacional da vacina pelo Butantan, o Brasil avança no enfrentamento da dengue, protegendo milhões de pessoas de uma doença que há anos desafia o país.
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