Depressão pode aumentar as dores menstruais, aponta novo estudo

Se você já sentiu que sua menstruação parece mais dolorosa nos momentos de maior estresse e tristeza, saiba que não está sozinha. Muitas mulheres relatam que, durante períodos de ansiedade ou depressão, as cólicas ou dores menstruais se tornam ainda mais intensas e difíceis de suportar.

Agora, a ciência confirma que essa relação não é apenas uma impressão: um novo estudo identificou que a depressão pode aumentar em até 1,5 vezes as chances de sofrer com dores menstruais severas.

Os pesquisadores descobriram que essa ligação vai além do emocional, tendo raízes genéticas e biológicas. Além disso, a insônia parece ser um dos principais fatores que ampliam esse desconforto, tornando o ciclo menstrual ainda mais desafiador para quem já enfrenta problemas de saúde mental.

Compreender essa conexão pode ajudar muitas mulheres a encontrar formas mais eficazes de aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida. Hoje, aqui no SaúdeLAB, vamos entender como a depressão influencia a dismenorreia e o que pode ser feito para minimizar esse impacto.

O que o estudo analisou?

A relação entre saúde mental e bem-estar físico tem sido amplamente estudada, mas a conexão entre depressão e dores menstruais ainda não era totalmente compreendida.

Para investigar essa ligação, um novo estudo publicado na revista Briefings in Bioinformatics, analisou a influência de fatores genéticos na associação entre depressão e dismenorreia (cólicas menstruais intensas).

Utilizando uma abordagem chamada randomização mendeliana, os pesquisadores exploraram dados genéticos de larga escala para entender se a depressão pode, de fato, causar ou agravar a dor menstrual.

O estudo também examinou possíveis fatores intermediários nessa relação, como a insônia, que pode desempenhar um papel importante no aumento da sensibilidade à dor.

Os achados fornecem evidências sólidas de que a depressão pode aumentar o risco de dismenorreia, abrindo caminho para novas estratégias de tratamento que levem em consideração tanto a saúde mental quanto o alívio da dor menstrual.

A seguir, vamos entender melhor os principais resultados desse estudo e suas implicações para a saúde da mulher.

Como a depressão e a dismenorreia estão conectadas

A relação entre saúde mental e bem-estar físico é um tema amplamente estudado, mas a conexão entre depressão e dor menstrual ainda gera muitas dúvidas.

Mulheres que enfrentam episódios depressivos costumam relatar cólicas mais intensas e persistentes, mas até recentemente, não havia uma explicação clara para essa associação. Agora, a ciência começa a esclarecer esse vínculo, mostrando que fatores genéticos e biológicos podem influenciar ambas as condições.

Um estudo recente utilizou uma técnica chamada randomização mendeliana para analisar grandes bancos de dados genéticos. Essa abordagem permite identificar possíveis relações causais entre diferentes condições de saúde, eliminando interferências externas.

Os pesquisadores descobriram que algumas variantes genéticas associadas à depressão também estão ligadas à dismenorreia, sugerindo que essas duas condições compartilham mecanismos biológicos comuns.

Além da genética, a depressão também afeta diretamente a forma como o corpo percebe e responde à dor. Estudos indicam que pessoas com transtornos depressivos apresentam alterações nos neurotransmissores responsáveis pelo controle da dor, como a serotonina e a dopamina.

Essas substâncias desempenham um papel fundamental na regulação do humor e na sensação de bem-estar, mas quando estão em desequilíbrio, podem tornar o organismo mais sensível a estímulos dolorosos.

Isso significa que, para uma mulher com depressão, as cólicas menstruais podem ser sentidas de maneira mais intensa e incapacitante do que para alguém sem esse quadro emocional.

Outro fator importante é a relação entre inflamação e depressão. Pesquisas sugerem que pessoas com depressão apresentam níveis mais altos de marcadores inflamatórios no sangue.

Como a inflamação também está envolvida no processo das cólicas menstruais, essa condição pode intensificar ainda mais a dor sentida durante o período menstrual.

Com essas descobertas, fica claro que a dismenorreia não é apenas um problema isolado do ciclo menstrual, mas sim uma condição que pode ser agravada por fatores emocionais e genéticos.

Esse novo entendimento abre portas para tratamentos mais eficazes, que levem em conta tanto a saúde mental quanto os sintomas físicos da dor menstrual.

A insônia como fator de risco para a dor menstrual

O estudo também identificou a insônia como um dos principais mediadores entre a depressão e a dismenorreia. Isso significa que noites mal dormidas podem piorar as dores menstruais, aumentando ainda mais o impacto da depressão na saúde da mulher.

A privação do sono afeta diretamente a regulação da dor no corpo, tornando-a mais intensa e difícil de suportar. Além disso, a insônia pode provocar alterações hormonais que aumentam a inflamação e contribuem para o agravamento das cólicas.

Outro fator importante é o impacto emocional da falta de sono. Mulheres que dormem mal tendem a apresentar níveis mais altos de estresse e ansiedade, o que pode intensificar ainda mais a dor menstrual.

Esses achados reforçam a importância de um sono de qualidade como parte do tratamento para a dismenorreia, especialmente em mulheres com sintomas depressivos.

O que a ciência diz sobre o impacto da genética

Para entender melhor essa relação, os pesquisadores usaram uma técnica chamada Randomização Mendeliana, que analisa a influência dos genes na manifestação de doenças. Esse método permite determinar se a depressão pode realmente causar dismenorreia ou se a relação entre as duas condições é apenas uma coincidência.

Os resultados foram consistentes em diferentes populações, incluindo mulheres da Europa e da Ásia, mostrando que a depressão tem um impacto significativo no aumento do risco de dores menstruais.

Além disso, o estudo analisou a interação entre proteínas relacionadas à depressão e à dor menstrual. Os pesquisadores observaram que certas proteínas podem desempenhar um papel central no desenvolvimento dessas condições, abrindo caminho para possíveis novas abordagens de tratamento.

Essas descobertas reforçam a ideia de que a genética tem um papel crucial na relação entre a saúde mental e as dores menstruais. No entanto, fatores ambientais, como estresse e estilo de vida, também podem influenciar essa conexão e precisam ser considerados.

Como aliviar as dores menstruais e melhorar a saúde mental

Diante desses achados, especialistas recomendam algumas estratégias para minimizar o impacto da depressão nas cólicas menstruais:

Melhorar a qualidade do sono: Criar uma rotina de sono saudável pode reduzir significativamente a intensidade das dores menstruais. Evitar telas antes de dormir e manter horários regulares para deitar-se são hábitos essenciais.

Praticar atividade física: Exercícios físicos ajudam a liberar endorfinas, que são analgésicos naturais do corpo. Além disso, eles também contribuem para o bem-estar mental.

Reduzir o estresse: Técnicas de relaxamento, como meditação e respiração profunda, podem ajudar a controlar a ansiedade e minimizar o impacto da dor.

Consultar um especialista: Em casos mais graves, o acompanhamento com um ginecologista e um psicólogo pode ser fundamental para encontrar o melhor tratamento.

Essas medidas podem melhorar tanto a saúde mental quanto o bem-estar físico, proporcionando uma melhor qualidade de vida para mulheres que sofrem com depressão e dismenorreia.

O estudo trouxe evidências importantes sobre a relação entre depressão e dores menstruais, mostrando que mulheres com transtornos depressivos têm maior probabilidade de sofrer com cólicas intensas. Além disso, a insônia foi identificada como um fator que pode agravar ainda mais essa situação.

Esses achados reforçam a importância de tratar a saúde mental como parte do manejo da dismenorreia. Estratégias como melhorar o sono, praticar exercícios e reduzir o estresse podem ajudar a amenizar os sintomas e proporcionar uma vida mais equilibrada.

Por fim, pesquisas como essa são essenciais para ampliar o conhecimento sobre o impacto da saúde mental no bem-estar físico, permitindo que mais mulheres tenham acesso a tratamentos eficazes e integrados.

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Estudo: Liu, S., Wei, Z., Carr, D. F., & Moraros J. (2024). Deciphering the genetic interplay between depression and dysmenorrhea: a Mendelian randomization study. Briefings in Bioinformatics.

 

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Elizandra Civalsci Costa
Elizandra Civalsci Costa

Farmacêutica (CRF MT n° 3490) pela Universidade Estadual de Londrina e Especialista em Farmácia Hospitalar e Oncologia pelo Hospital Erasto Gaertner. - Curitiba PR. Possui curso em Revisão de Conteúdo para Web pela Rock Content University e Fact Checker pela poynter.org. Contato (65) 99813-4203

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