Alimentos processados com proteína adicionada: são realmente saudáveis?

A proteína tornou-se um dos nutrientes mais celebrados no mundo da nutrição e do fitness. Seja para ganhar massa muscular, melhorar o desempenho físico ou controlar o peso, a recomendação mais repetida por especialistas e influenciadores é clara: precisamos de mais proteína.

No entanto, esse foco excessivo no nutriente levou a uma explosão de produtos industrializados fortificados com proteína. Barras de chocolate, sorvetes, pizzas, cafés e até bebidas alcoólicas agora se vendem como alternativas ricas em proteínas.

Mas será que esses alimentos realmente trazem benefícios à saúde? Ou estamos diante de uma estratégia de marketing que pode confundir o consumidor?

A importância da proteína – mas sem exageros

A proteína é, de fato, essencial para o organismo. Ela atua na manutenção da massa muscular, na recuperação de tecidos e no fortalecimento do sistema imunológico.

As diretrizes nutricionais tradicionais recomendam cerca de 0,75 g de proteína por quilo de peso corporal por dia, mas estudos recentes sugerem que essa quantidade pode ser subestimada.

Evidências indicam que:

  • Pessoas em recuperação de doenças podem precisar de mais proteína.
  • Idosos devem consumir pelo menos 1,2 g por quilo para evitar a perda muscular relacionada à idade.
  • Atletas necessitam de quantidades maiores para suportar treinos e recuperação.
  • Pacientes em uso de medicamentos para perda de peso também podem se beneficiar de uma ingestão proteica mais alta para minimizar a perda de massa magra.

Apesar disso, mais proteína nem sempre significa mais saúde. O corpo tem um limite de aproveitamento desse nutriente, e consumir quantidades muito acima do necessário não traz vantagens adicionais.

O mito do “superalimento proteico”: quando o marketing supera a nutrição

A indústria alimentícia identificou na proteína um poderoso chamariz comercial. Em um mercado cada vez mais competitivo, onde consumidores buscam opções que aliem praticidade e benefícios à saúde, os alimentos enriquecidos com proteína surgem como uma solução aparentemente perfeita.

No entanto, por trás das embalagens atraentes e das alegações nutricionais, esconde-se uma realidade menos glamorosa.

O “efeito halo” e a distorção da percepção nutricional

O fenômeno conhecido como “efeito halo” ocorre quando um único atributo positivo – no caso, o alto teor proteico – faz com que o consumidor generalize erroneamente a qualidade do produto como um todo. Em outras palavras: um alimento rico em proteína nem sempre é sinônimo de alimento saudável.

Estudos em comportamento do consumidor mostram que essa distorção é especialmente comum em produtos voltados para o público fitness e para quem busca “comer melhor” sem abrir mão da conveniência.

Uma pesquisa revelou que 70% dos participantes associaram automaticamente barras de proteína a uma alimentação equilibrada, ignorando outros componentes nutricionais críticos, como teor de açúcar e aditivos químicos.

A realidade por trás dos alimentos proteicos industrializados

Muitos desses produtos são, na verdade, ultraprocessados disfarçados de opções saudáveis. A adição de proteína isolada (como whey, soja ou ervilha) não compensa a presença de outros ingredientes questionáveis. Vejamos exemplos concretos:

1. Leites e bebidas proteicas

Algumas versões de “leite com alto teor proteico” são produzidas por meio de desidratação ou adição de concentrados lácteos, processo que remove água e aumenta artificialmente a densidade proteica.

O problema? Muitas marcas adicionam espessantes, aromatizantes e açúcares para melhorar o sabor e a textura.

2. Barras de proteína: do fitness ao fast food

Nem toda barra de proteína é criada igual. Enquanto algumas são formuladas com ingredientes minimamente processados (como castanhas e tâmaras), outras se assemelham mais a doces industrializados.

3. Snacks proteicos: a ilusão da nutrição completa

Bolinhos, biscoitos e até cereais “enriquecidos com proteína” frequentemente falham em fornecer outros nutrientes essenciais.

A proteína é um nutriente vital, mas não justifica o consumo indiscriminado de produtos ultraprocessados.

Proteína sim, mas com equilíbrio

A melhor maneira de obter proteína de qualidade ainda é por meio de alimentos in natura ou minimamente processados, como:

  • Ovos
  • Peixes e carnes magras
  • Leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico)
  • Nozes e sementes
  • Laticínios naturais (queijo, iogurte, leite)

Para quem busca praticidade, suplementos proteicos (como whey protein) podem ser uma opção, desde que usados com moderação e dentro de um contexto alimentar balanceado.

A moda dos alimentos enriquecidos com proteína não deve ser encarada como uma solução milagrosa. Embora possam ser úteis em situações específicas (como para atletas ou pessoas com dificuldade de ingestão proteica), não devem substituir refeições completas e nutritivas.

O caminho para uma alimentação verdadeiramente saudável passa por:

  • Priorizar alimentos frescos e integrais
  • Equilibrar proteína com fibras, vitaminas e minerais
  • Evitar o consumo excessivo de ultraprocessados

No fim das contas, proteína é importante, mas não é o único nutriente que importa. A verdadeira nutrição está na variedade, no equilíbrio e na qualidade – não em embalagens chamativas que prometem mais do que podem entregar.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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