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Diabetes tipo 5: a nova classificação para diabetes relacionado à desnutrição
Descubra tudo sobre a diabetes tipo 5, o novo tipo de diabetes relacionado à desnutrição. Entenda causas, sintomas e tratamentos, e veja como ela se diferencia dos outros tipos de diabetes (tipo 1, tipo 2 e gestacional). Informação clara e baseada em estudos recentes.
A diabetes tipo 5 acaba de ser oficialmente reconhecida como uma forma distinta de diabetes, separando-se dos tipos 1 e 2. Essa condição, associada à desnutrição, foi recentemente classificada pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) durante o Congresso Mundial de Diabetes, realizado em Bangkok, Tailândia, em abril de 2025.
A decisão marca um avanço crucial no entendimento de uma doença que afeta principalmente populações de baixa renda e que, por décadas, foi negligenciada pela medicina ocidental.
Uma doença esquecida, agora reconhecida
A diabetes tipo 5 foi descrita pela primeira vez na Jamaica, em 1955, mas só agora recebeu uma classificação própria.
Diferente da diabetes tipo 1 (autoimune) e da tipo 2 (ligada à resistência à insulina), ela ocorre principalmente em jovens adultos de países de baixa e média renda, muitas vezes com índice de massa corporal (IMC) abaixo de 19.
Por anos, esses pacientes foram diagnosticados erroneamente como diabéticos tipo 1, mas apresentam características distintas: não desenvolvem cetonúria ou cetose, mesmo com altos níveis de glicose no sangue e necessidade elevada de insulina.
Em 1985, a Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a incluir a “diabetes relacionada à desnutrição” como uma categoria separada, mas a retirou em 1999, alegando falta de evidências conclusivas sobre a relação entre desnutrição e diabetes. Agora, com novos estudos, a diabetes tipo 5 volta ao cenário científico com status oficial.
O que a ciência descobriu sobre a diabetes tipo 5?
A médica Meredith Hawkins, professora da Albert Einstein College of Medicine e fundadora do Global Diabetes Institute, tem liderado pesquisas sobre o tema. Em 2022, seu estudo com 73 homens indianos – incluindo 20 com o que agora se chama diabetes tipo 5 – revelou dados surpreendentes:
- Baixa secreção de insulina (menor do que em pessoas magras sem diabetes e até mesmo em diabéticos tipo 2);
- Produção de glicose significativamente menor em comparação com a diabetes tipo 2;
- Maior captação de glicose pelos tecidos;
- Menos gordura visceral e hepática do que em pacientes com diabetes tipo 2.
Essas descobertas desmentem a antiga crença de que a diabetes associada à desnutrição seria causada principalmente por resistência à insulina.
“Na verdade, esses pacientes têm um defeito profundo na capacidade de secretar insulina, algo que não era reconhecido antes. Isso muda completamente a forma como entendemos e tratamos essa condição“, explica Hawkins.
Por que o diagnóstico correto é fundamental?
Um dos maiores perigos da diabetes tipo 5 é o tratamento inadequado. Pacientes diagnosticados erroneamente como tipo 1 podem receber doses excessivas de insulina, o que pode levar a complicações graves e até à morte.
Embora ainda não existam diretrizes oficiais para o tratamento da diabetes tipo 5, estudos sugerem que pequenas doses de insulina combinadas com medicamentos orais podem ser mais eficazes. Além disso, Hawkins ressalta a importância da nutrição adequada:
“Suspeitamos que a dieta desses pacientes deve incluir mais proteínas e menos carboidratos, além da reposição de micronutrientes deficientes. Mas isso precisa ser estudado com urgência, agora que há um reconhecimento global da doença.“
Um problema dos pobres, ignorado pelo ocidente
A diabetes tipo 5 é uma doença invisível nos países ricos, mas comum em regiões com altos índices de desnutrição. Hawkins relata que, em suas palestras em universidades de países de baixa renda, sempre ouve a mesma pergunta:
“Por que vemos tantos casos, mas nunca lemos sobre isso nos livros-texto?“
A resposta é simples: os manuais são escritos no Ocidente, onde a doença é rara. Com o novo reconhecimento da diabetes tipo 5, essa realidade deve mudar.
Tipos de diabetes
Diabetes Tipo 1
- Causa: Autoimune (destruição das células produtoras de insulina).
- Tratamento: Insulina injetável obrigatória.
Diabetes Tipo 2
- Causa: Resistência à insulina + produção inadequada de insulina.
- Tratamento: Mudança de hábitos, medicamentos orais e/ou insulina.
Diabetes Tipo 3
- Causa: Doenças pancreáticas, genéticas ou induzidas por medicamentos.
- Tratamento: Depende da causa (ex.: reposição enzimática ou insulina).
Diabetes Gestacional (Tipo 4)
- Causa: Hormônios da gravidez que bloqueiam a ação da insulina.
- Tratamento: Controle alimentar, exercícios e, se necessário, insulina.
Diabetes Tipo 5
- Causa: Desnutrição crônica (falha na produção de insulina).
- Tratamento: Insulina em doses mínimas + dieta hiperproteica.
Observação:
- O pré-diabetes (glicose elevada, mas não suficiente para diagnóstico) não é um tipo específico, mas um estágio de risco.
- Cada tipo exige acompanhamento médico personalizado.
O que vem agora?
Um grupo de trabalho foi formado para desenvolver critérios diagnósticos e terapêuticos nos próximos dois anos. O objetivo é evitar erros médicos e garantir que pacientes recebam o tratamento adequado.
Para Hawkins, a decisão da IDF é um marco na medicina global:
“Estou animada porque, finalmente, estamos dando atenção a uma condição que afeta milhões de pessoas pobres, mas que foi ignorada por tanto tempo.“
Enquanto as pesquisas avançam, uma coisa é certa: a diabetes tipo 5 não é mais uma doença esquecida. Sua classificação oficial é um passo crucial para salvar vidas e reduzir o sofrimento de quem vive à margem dos sistemas de saúde.
A diabetes tipo 5 representa um avanço na compreensão das causas e tratamentos do diabetes em populações desnutridas. Com mais pesquisas e conscientização, será possível oferecer melhores estratégias de prevenção e manejo, garantindo que pacientes em todo o mundo tenham acesso a diagnósticos precisos e terapias eficazes.
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