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Por que dietas falham? Estudo liga obesidade em mulheres à falta de um mineral essencial
Estudo revela que a obesidade feminina e cobalto estão ligados e destaca a importância da qualidade nutricional na dieta.
A obesidade feminina e cobalto podem ter uma ligação mais profunda do que se imaginava.
Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros e portugueses revelou que mulheres com obesidade apresentaram níveis mais baixos de cobalto no sangue.
A descoberta levanta novas questões sobre a influência dos minerais na saúde metabólica, especialmente entre mulheres, e reforça a importância da qualidade da alimentação (e não apenas da quantidade) na prevenção do excesso de peso.
O cobalto é um mineral presente naturalmente em alimentos como carne, leite, ovos e até vegetais e chocolate.
Ele compõe a vitamina B12 (também chamada de cobalamina), essencial para o funcionamento do sistema nervoso e a produção de células do sangue.
Embora já se conhecesse sua importância para o organismo, agora ele aparece como possível peça-chave na compreensão de alterações metabólicas ligadas ao ganho de peso.
Obesidade feminina e cobalto: o que a deficiência desse mineral revela sobre o ganho de peso em mulheres
A pesquisa, publicada na revista científica Obesities, analisou amostras sanguíneas de 33 mulheres brasileiras: 16 com obesidade e 17 com peso considerado dentro da faixa normal, de acordo com o IMC (Índice de Massa Corporal).
O resultado apontou que os níveis de cobalto no sangue estavam significativamente mais baixos nas mulheres com obesidade.
De acordo com as cientistas, essa deficiência pode estar ligada a uma dieta desequilibrada e pobre em nutrientes, muito comum entre pessoas com obesidade.
Mesmo com um alto consumo calórico, a alimentação pode ser carente em vitaminas e minerais essenciais, como é o caso do cobalto.
Esse achado reforça a possível ligação entre obesidade feminina e cobalto em concentrações reduzidas, especialmente diante do papel que a alimentação desempenha na regulação do metabolismo.
A deficiência do mineral pode aumentar o risco de alterações metabólicas e favorecer o acúmulo de peso, principalmente em dietas com baixo consumo de carnes, ovos e laticínios, principais fontes naturais desse nutriente.
O papel do cobalto no metabolismo e na saúde
O cobalto está diretamente relacionado à produção de células vermelhas do sangue e ao funcionamento do sistema nervoso.
Ele também influencia a forma como o corpo utiliza a energia dos alimentos.
A deficiência desse mineral pode impactar a saúde metabólica de maneira silenciosa, dificultando o controle de peso e favorecendo doenças como diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares.
Os pesquisadores destacam que a obesidade feminina e o cobalto devem ser estudados juntos, especialmente quando se considera a complexidade do metabolismo feminino, que é influenciado por fatores hormonais, genéticos, ambientais e nutricionais.
Além disso, a descoberta abre espaço para uma nova abordagem no tratamento e prevenção da obesidade: a atenção à qualidade dos micronutrientes na dieta.
Ou seja, mais do que contar calorias, pode ser fundamental garantir a presença adequada de minerais como o cobalto.
Estilo de vida e ativação de genes: o papel da epigenética
O estudo também trouxe uma descoberta importante: além de terem menos cobalto no sangue, as mulheres com obesidade apresentavam diferenças no funcionamento dos seus genes; e isso tem a ver com algo chamado epigenética.
Pode parecer complicado, mas é simples. Veja:
- A epigenética é como um controle remoto que liga ou desliga certos genes do nosso corpo.
- Esse controle depende do nosso estilo de vida: alimentação, sono, estresse, exercícios, entre outros.
Ou seja, mesmo que a estrutura do DNA não mude, a forma como ele funciona pode ser alterada pelos nossos hábitos diários.
No caso da obesidade feminina e cobalto, os cientistas notaram que a falta desse mineral pode influenciar esse “controle genético”.
Quando o corpo tem pouco cobalto, isso pode:
- Alterar o comportamento dos genes ligados ao metabolismo;
- Tornar mais difícil perder peso;
- Facilitar o acúmulo de gordura.
Em resumo, uma alimentação pobre em nutrientes, especialmente em minerais como o cobalto, pode afetar diretamente como o corpo regula o peso.
E isso acontece não só por causa das calorias, mas também por mudanças no funcionamento interno dos nossos genes.
Alimentação de baixa qualidade e deficiência de micronutrientes
Mesmo com o alto consumo de calorias, muitas pessoas com obesidade enfrentam deficiências nutricionais importantes.
Isso acontece porque a dieta pode ser rica em energia, mas pobre em qualidade, especialmente quando baseada em alimentos ultraprocessados, que têm pouco valor nutricional.
Esse tipo de alimentação desequilibrada dificulta o bom funcionamento do metabolismo.
No caso da obesidade feminina e o cobalto, essa carência se torna ainda mais relevante.
A ausência do mineral pode ser um fator que liga a má alimentação a alterações metabólicas e ao aumento do risco de doenças como diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares.
Obesidade feminina e cobalto: não olhe apenas para a balança
Esse novo olhar sobre a obesidade feminina e o cobalto chama atenção para um ponto importante: não basta olhar apenas para a balança.
O estudo reforça que é preciso olhar para o prato e o que ele entrega em termos de nutrientes.
Investigar a presença de minerais como o cobalto pode ser uma peça importante para entender por que algumas mulheres desenvolvem obesidade mesmo tentando controlar a alimentação.
A resposta pode estar não apenas na quantidade do que se come, mas na qualidade e no impacto disso no funcionamento do corpo e dos genes.
Futuro das pesquisas e impacto para a saúde pública
Os achados sobre a obesidade feminina e o cobalto representam apenas o ponto de partida.
O grupo de pesquisadores já está expandindo os estudos, agora com um número maior de participantes e com foco na diversidade genética da população brasileira, que tem origens miscigenadas.
A intenção é compreender melhor como fatores como genética, alimentação e estilo de vida se combinam para influenciar o risco de obesidade e outras doenças crônicas.
Com isso, esperam criar caminhos para estratégias de prevenção mais personalizadas, considerando as características individuais de cada pessoa, como o histórico familiar e os hábitos alimentares.
De acordo com o Jornal da USP, o estudo contou com a colaboração da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP-USP) e da Universidade de Lisboa, em Portugal.
Foi financiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e envolveu uma equipe multidisciplinar de pesquisadores dedicados à saúde e nutrição.
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