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Fissura anal dói muito e não é hemorroida; Especialista explica causas, sintomas e solução
Se você sente dor aguda e intensa ao evacuar, como se fosse um “corte” na região do ânus, é muito possível que esteja lidando com um problema chamado fissura anal.
Essa condição, apesar de extremamente comum, ainda é cercada de dúvidas, mitos e, muitas vezes, vergonha por parte dos pacientes.
O fato é que a fissura anal não escolhe idade ou gênero e pode atingir qualquer pessoa, especialmente quem sofre de constipação (intestino preso) ou episódios frequentes de diarreia.
O desconforto pode ser tanto físico quanto emocional, já que muitas pessoas passam a evitar ir ao banheiro com medo da dor, o que só agrava o problema.
Para esclarecer os principais pontos sobre esse tema, conversamos com o médico Alexandre Nishimura, cirurgião-geral, cirurgião robótico e coloproctologista, que respondeu às perguntas mais comuns sobre o assunto.
Aqui você entenderá o que é fissura anal, como ela surge, os principais sintomas, as diferenças em relação às hemorroidas, quais os tratamentos modernos disponíveis e, claro, como prevenir.
Fissura anal e fissura retal são a mesma coisa? Entenda a diferença
Apesar dos nomes parecidos, elas não são exatamente a mesma coisa. O Dr. Alexandre Nishimura explica:
“A fissura anal é uma pequena ‘ferida’ ou ‘corte’ na borda do ânus, geralmente causada por esforço ao evacuar”, afirma.
Já a fissura retal ocorre mais acima, dentro do reto, e é bem mais rara. “Mas também se trata de uma ferida na região”, completa o médico.
Embora ambas sejam lesões na mucosa do canal anal ou reto, a fissura anal é mais frequente, sendo responsável por grande parte dos atendimentos em consultórios de coloproctologia.
Os principais fatores de risco são:
- Constipação intestinal (fezes ressecadas e esforço para evacuar);
- Diarreia frequente (que gera irritação e atrito constante);
- Estresse e ansiedade (que interferem no funcionamento do intestino e aumentam a tensão da musculatura anal).
Fissura anal e hemorroidas: quais as diferenças?
Esse é um dos maiores motivos de confusão.
Muita gente acha que está com hemorroidas, quando na verdade tem uma fissura anal, e vice-versa.
Embora ambas afetem a mesma região, são problemas bem diferentes.
O médico Alexandre Nishimura explica:
“São doenças anorretais diferentes, mas muitas vezes confundidas.”
Veja a diferença prática:
Fissura anal:
“Causa dor intensa ao evacuar (tipo ‘corte’); pode haver sangramento vivo pequeno; é uma ferida na região anal”, explica.
Hemorroidas:
“Geralmente não causam dor, mas sim sangramento e inchaço; podem sair para fora do ânus; é resultante de um vaso sanguíneo dilatado na região anal”, complementa.
Ou seja, a dor aguda, que muitas vezes é descrita como uma fisgada ou queimação intensa, está muito mais associada à fissura anal.
Já o sangramento sem dor, acompanhado de inchaço ou caroços, tende a indicar hemorroidas.
Sintomas de fissura anal: como reconhecer o problema?
O sinal mais clássico e comum é a dor, que surge durante e logo após evacuar.
O paciente costuma relatar uma dor cortante, ardência ou uma sensação de que a pele foi rasgada.
Outros sintomas incluem:
- Sangramento leve, geralmente percebido no papel higiênico ou no vaso, com sangue vivo;
- Coceira ou ardência na região anal;
- Sensação de queimação após evacuar;
- Medo ou receio de ir ao banheiro por conta da dor.
É importante destacar que, quanto mais a pessoa evita evacuar por medo da dor, mais ressecadas as fezes ficam e maior é o risco da lesão piorar.
Como saber se a fissura anal está cicatrizando?
O processo de cicatrização pode ser observado por alguns sinais bem claros, segundo o Dr. Alexandre Nishimura:
“Sinais de boa cicatrização são: diminuição da dor a cada evacuação, redução do sangramento e menor ardência ou incômodo”, explica.
Por outro lado, é essencial ficar atento aos alertas de que a fissura não está melhorando:
- “Dor persistente por mais de 6 semanas”;
- “Presença de um ‘nódulo’ duro próximo à fissura (papila anal sentinela)”;
- “Secreção ou sinais de infecção”.
Nesses casos, é possível que a fissura anal tenha se tornado crônica e precise de um tratamento mais específico.
Alimentos que pioram ou ajudam na fissura anal
A alimentação tem impacto direto na saúde intestinal e, consequentemente, na evolução da fissura anal.
O coloproctologista Alexandre Nishimura alerta:
“Evite: alimentos ultraprocessados, carne vermelha em excesso, café, pimenta, álcool e laticínios em grandes quantidades, pois podem prender o intestino”, orienta.
Por outro lado, ele recomenda fortemente uma dieta rica em fibras, líquidos e gorduras boas:
“Prefira alimentos ricos em fibras (aveia, frutas, vegetais, sementes), água em abundância e azeite de oliva. Eles ajudam a manter as fezes macias e evitam traumas ao evacuar”.
Além disso, vale lembrar que a hidratação adequada é indispensável para que as fibras cumpram seu papel, deixando o bolo fecal mais macio e fácil de ser eliminado.
Existe uma forma correta de evacuar durante a crise de fissura anal?
Sim, e muitas pessoas não sabem disso.
O modo como você se posiciona no vaso pode ajudar ou atrapalhar a evacuação.
O coloproctologista Alexandre Nishimura dá algumas orientações muito práticas:
“Evite forçar. Não empurre com força. Mantenha os pés elevados (com um banquinho) para alinhar melhor o reto. Não segure vontade de evacuar. Tomar um banho morno antes pode ajudar a relaxar a musculatura”, recomenda.
Essa técnica, de usar um banquinho para elevar os pés, simula a posição de cócoras, que é muito mais natural e eficiente para o corpo evacuar sem esforço.
Quando a fissura anal se torna crônica? Cirurgia é sempre necessária?
O especialista esclarece que nem toda fissura anal precisa ser tratada com cirurgia.
“Uma fissura se torna crônica quando dura mais de 6 a 8 semanas e, normalmente, apresenta bordas mais endurecidas”, explica.
Mesmo assim, a maioria dos casos responde bem a tratamentos clínicos, como uso de pomadas específicas, ajustes na alimentação, melhora do hábito intestinal e controle da ansiedade.
“A cirurgia é indicada apenas quando as opções de tratamento clínico falham”, reforça o médico.
Tratamentos modernos para fissura anal: toxina botulínica, laser e cirurgia
A medicina avançou bastante, e hoje existem diversos tratamentos modernos e menos invasivos para a fissura anal.
O Dr. Alexandre cita as principais opções:
“Além das pomadas (nitrato de prata, diltiazem, entre outras), temos:”
- “Toxina botulínica (Botox): relaxa, através de um bloqueio neuromuscular, a musculatura do ânus, permitindo a cicatrização. Funciona bem em casos crônicos, principalmente”;
- “Cirurgia de esfincterotomia lateral interna: muito eficaz, mas deve ser feita com cuidado para evitar riscos de incontinência”;
- “Laser de CO2: utilizado para ressecar a ferida da fissura e para estimular a cicatrização da ferida, através do estímulo de colágeno”.
O uso da toxina botulínica, por exemplo, tem ganhado espaço por ser um procedimento minimamente invasivo, feito em consultório, que relaxa temporariamente a musculatura do esfíncter anal, permitindo que a lesão cicatrize sem a necessidade de cortes.
Já o laser tem a vantagem de ser menos agressivo e oferecer uma recuperação mais rápida, sendo indicado em alguns casos selecionados.
Hábitos essenciais para prevenir e tratar fissura anal
Adotar alguns hábitos no dia a dia faz toda a diferença tanto na prevenção quanto no tratamento da fissura anal.
O coloproctologista Alexandre Nishimura destaca medidas simples, mas extremamente eficazes:
“Beber pelo menos 2 litros de água por dia”;
“Comer fibras diariamente”;
“Evitar prender a vontade de evacuar”;
“Manter higiene suave (sem sabões agressivos)”;
“Usar banhos de assento com água morna”;
“Praticar atividade física leve regularmente”;
“Evitar papel higiênico seco (prefira lenço umedecido ou lavar com água)”.
Essas medidas não só ajudam a cicatrizar a fissura, mas também previnem que ela volte, além de contribuírem para um intestino mais saudável e funcional.
Como vimos, a fissura anal é uma condição que merece atenção e cuidado.
Embora cause muito desconforto, ela tem solução na grande maioria dos casos.
Procurar ajuda de um coloproctologista é fundamental para aliviar os sintomas, tratar adequadamente e recuperar qualidade de vida.
Dr. Alexandre Nishimura é médico, cirurgião-geral, cirurgião robótico e coloproctologista.
Membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Minimamente Invasiva, Robótica e Digital (SOBRACIL), atua com foco em técnicas avançadas e tratamentos de alta precisão.
LinkedIn: Alexandre Nishimura
Facebook: Dr. Alexandre Nishimura
Instagram: @dr.alexandrenishimura
Saiba mais: http://www.proctoprime.com.br