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Síndrome de burnout: estudo revela que o trabalho nem sempre é o principal vilão
Quando ouvimos falar em síndrome de burnout, é comum imaginar alguém exausto por excesso de trabalho, prazos apertados ou um ambiente profissional tóxico.
No entanto, um estudo do final do ano passado, realizado por pesquisadores da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU) trouxe uma nova perspectiva sobre esse esgotamento emocional e físico.
Os dados mostram que, na verdade, o trabalho pode não ser o principal vilão por trás da síndrome, como muitos pensam.
A pesquisa, publicada no Journal of Psychosomatic Research, envolveu 813 profissionais na Noruega e revelou que menos de 30% das pessoas com sintomas de esgotamento acreditavam que o motivo principal fosse o trabalho.
Essa descoberta desafia o entendimento tradicional e levanta um alerta importante: fatores fora do ambiente profissional também podem estar drenando nossa energia e afetando nossa saúde mental.
O que é síndrome de burnout e como ela afeta o corpo e a mente
De acordo com o Ministério da Saúde do Brasil, a síndrome de burnout é um distúrbio psíquico causado por situações de estresse crônico e excessivo, especialmente ligadas ao ambiente profissional.
No entanto, como o novo estudo indica, nem sempre o trabalho é o único ou o principal fator envolvido.
Os principais sintomas da síndrome de burnout incluem:
- Cansaço físico e emocional extremo;
- Falta de motivação ou energia para realizar tarefas do dia a dia;
- Irritabilidade, impaciência e isolamento;
- Dificuldade de concentração e lapsos de memória;
- Sensação constante de fracasso ou impotência;
- Alterações no sono e no apetite.
O diagnóstico é feito por um profissional de saúde, geralmente um médico ou psicólogo, por meio de avaliação clínica e análise do histórico de vida do paciente.
O tratamento pode envolver psicoterapia, mudanças no estilo de vida, atividades físicas e, em alguns casos, uso de medicamentos para controle da ansiedade ou depressão.
Estresse além do trabalho: as outras causas do esgotamento
A pesquisa norueguesa revela que o esgotamento pode surgir por diversas pressões da vida cotidiana, como preocupações familiares, problemas financeiros, questões de saúde e até mesmo traços da personalidade.
Pessoas mais ansiosas, por exemplo, podem se sentir constantemente sobrecarregadas, mesmo sem grandes demandas no trabalho.
Esse dado é importante porque ajuda a compreender que a síndrome de burnout não se resume a um problema organizacional ou ocupacional.
Embora o ambiente de trabalho possa contribuir para o quadro, não é o único fator.
A forma como cada pessoa lida com os desafios e pressões da vida tem um peso significativo.
O estudo também avaliou a relação entre burnout, sofrimento psicológico e variáveis como segurança no emprego e apoio dos colegas.
Curiosamente, fatores como estabilidade no trabalho estavam mais relacionados ao estresse emocional generalizado do que ao esgotamento em si.
📌 Leitura Recomendada: Síndrome de Burnout: Quando saber a hora de parar?
Por que repensar o conceito tradicional de burnout
Desde que o termo burnout foi criado, nos anos 1970, pelo psicólogo Herbert Freudenberger, ele tem sido associado principalmente a profissões de cuidado (como médicos, enfermeiros, professores e assistentes sociais).
Com o tempo, a definição foi ampliada para abranger todas as ocupações.
A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) define a síndrome de burnout como um fenômeno ocupacional, caracterizado por:
- Exaustão emocional;
- Distanciamento ou negativismo em relação ao trabalho;
- Redução da eficácia profissional.
No entanto, à luz das novas pesquisas, especialistas sugerem que essa definição pode estar incompleta.
Se o esgotamento pode ter causas fora do ambiente profissional, é preciso repensar como o diagnosticamos, prevenimos e tratamos esse transtorno.
Ignorar os aspectos pessoais da vida de uma pessoa esgotada, como problemas familiares, dificuldades emocionais ou desafios financeiros, pode limitar a eficácia de qualquer abordagem terapêutica.
Como prevenir a síndrome de burnout de forma mais ampla
O estudo aponta algumas medidas eficazes para reduzir o risco de burnout dentro do ambiente de trabalho:
- Ter mais autonomia para tomar decisões;
- Contar com o apoio dos colegas e da equipe;
- Sentir-se seguro em relação ao emprego (sem medo constante de ser demitido);
- Na medida do possível, trabalhar com algo que goste ou que faça sentido para você.
Mas, para além da esfera profissional, é essencial adotar uma visão mais ampla de bem-estar.
Veja algumas estratégias que ajudam na prevenção da síndrome de burnout:
- Estabeleça limites entre vida pessoal e profissional;
- Mantenha uma rotina de sono adequada;
- Pratique exercícios físicos regularmente;
- Invista em atividades de lazer e relaxamento;
- Procure apoio emocional quando necessário (amigos, familiares ou profissionais).
Cuidar da saúde mental é uma responsabilidade contínua e não depende apenas do ambiente de trabalho.
A síndrome de burnout é um sinal de que o corpo e a mente estão em alerta, pedindo por mudanças.
Um chamado à reflexão: nem todo cansaço pode ser culpa só do emprego
O estudo da NTNU reforça algo que muitas pessoas já sentem, mas nem sempre conseguem nomear: o cansaço profundo da vida moderna pode vir de várias fontes.
E, conforme aponta o estudo, quando olhamos apenas para o trabalho como culpado, deixamos de perceber outros gatilhos importantes.
Reconhecer a complexidade por trás da síndrome de burnout é um passo fundamental para melhorar a saúde mental da população.
E mais do que isso, é uma forma de promover empatia e cuidado com nós mesmos e com os outros.
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