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Suplemento mostra efeitos promissores em pacientes com Alzheimer
Pesquisadores da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, investigaram a relação entre creatina e Alzheimer e observaram resultados preliminares interessantes.
Em um estudo piloto, pacientes com a doença que receberam o suplemento por oito semanas apresentaram aumento na força das mãos e pequenas mudanças no tamanho dos músculos das pernas, embora a força das pernas não tenha se alterado significativamente.
Esses achados indicam que a suplementação pode trazer algum benefício funcional para pacientes com Alzheimer, mas os autores destacam que se trata de evidência inicial e que novos estudos são necessários para confirmar os efeitos.
Por que falar em creatina e Alzheimer?
O Alzheimer é conhecido principalmente por afetar a memória e outras funções cognitivas.
Mas além do impacto cerebral, a doença também prejudica o corpo.
Uma das consequências mais preocupantes é a perda de força muscular, que aumenta o risco de quedas, limita a mobilidade e acelera a fragilidade.
A creatina é uma substância natural produzida pelo corpo e presente em alimentos como carne e peixe.
Nos músculos, ela funciona como uma reserva rápida de energia, sendo muito usada por atletas para ganhar força e massa magra.
No estudo, os pesquisadores queriam avaliar se a suplementação poderia ajudar pacientes com Alzheimer a preservar a musculatura e a funcionalidade.
Como o estudo foi conduzido
Vinte participantes diagnosticados com Alzheimer receberam diariamente 20 gramas de creatina monohidratada em pó, divididos em duas doses, durante oito semanas.
Antes e depois da suplementação, eles foram avaliados em:
- Força de preensão das mãos (medida com dinamômetro);
- Tamanho dos músculos das pernas (avaliado por ultrassom);
- Composição corporal, incluindo gordura e massa magra;
- Integridade da junção neuromuscular, importante na comunicação entre nervos e músculos;
- Força das pernas (avaliada em 10 participantes, sem alteração significativa).
Resultados do estudo
O estudo mostrou que:
- Força das mãos: aumentou em média 1,9 kg (aproximadamente 6%). Esse ganho, embora modesto, é considerado clinicamente relevante para pessoas com Alzheimer, pois melhora a capacidade de segurar e manipular objetos no dia a dia, o que está diretamente ligado à autonomia e até à expectativa de sobrevida.
- Músculos das pernas: houve pequenas mudanças no tamanho de músculos como o reto femoral e o vasto medial. Contudo, a força das pernas não apresentou melhora significativa quando medida por um equipamento que avalia a força muscular das pernas (leg dynamometry).
- Composição corporal: pequenas reduções de gordura foram observadas em algumas regiões das pernas, sem alterações relevantes no peso total.
- Junção neuromuscular: não houve mudanças detectáveis durante as oito semanas, possivelmente pelo curto período de intervenção.
O que esses resultados significam
A associação entre creatina e Alzheimer não deve ser vista como tratamento ou cura da doença. Os pesquisadores ressaltam que os benefícios observados são modestos e preliminares.
Ainda assim, manter a força muscular, mesmo que apenas nas mãos, pode ajudar na independência e na qualidade de vida, permitindo que o paciente continue realizando tarefas diárias básicas e evite quedas.
Estudos anteriores em modelos animais sugerem que a musculatura pode influenciar o cérebro de forma indireta, mas esses efeitos ainda precisam ser confirmados em humanos.
Limitações do estudo e próximos passos
Por se tratar de um estudo piloto com apenas 20 participantes e sem grupo de comparação, os resultados devem ser interpretados com cautela.
O tempo de acompanhamento também foi curto — apenas oito semanas.
Mesmo assim, a suplementação foi bem tolerada, sem efeitos adversos significativos, e a adesão dos participantes foi alta.
Isso indica que estudos maiores e de longa duração podem esclarecer melhor o papel da creatina em pacientes com Alzheimer.
Creatina e envelhecimento saudável
Embora este estudo tenha avaliado pessoas com Alzheimer, pesquisas anteriores indicam que a creatina pode trazer benefícios no envelhecimento em geral.
- Entre idosos, a suplementação tem sido associada a:
- Melhor desempenho em treinos de resistência;
- Preservação da massa muscular;
- Apoio à saúde óssea.
Esses achados reforçam a ideia de que estratégias simples, como suplementação de creatina, podem contribuir para a qualidade de vida em fases da vida marcadas por maior vulnerabilidade.
Os cientistas acreditam que novas pesquisas sobre creatina e Alzheimer podem ajudar a melhorar a vida de milhões de pessoas.
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