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Estudo mostra como atrasar o café da manhã pode afetar a vida dos idosos
O horário das refeições e saúde estão mais conectados do que muita gente imagina.
Um estudo publicado na revista Communications Medicine acompanhou quase três mil idosos ao longo de três décadas e mostrou que mudanças simples na hora de comer podem se associar a doenças e até ao risco de mortalidade.
Os resultados mostram que, à medida que envelhecemos, é comum tomar café da manhã e jantar mais tarde.
No entanto, essa mudança não é apenas um detalhe da rotina: os pesquisadores observaram que atrasos no café da manhã estavam associados a um risco maior de morte entre idosos.
Horário das refeições e saúde: a mudança com o envelhecimento
Com o passar dos anos, o corpo sofre diversas alterações que podem influenciar a rotina alimentar.
O estudo identificou que problemas de saúde física e psicológica, como depressão, ansiedade, fadiga e até dificuldades de mastigação, estão ligados ao atraso do café da manhã.
Além disso, existe também uma influência genética: algumas pessoas têm o chamado “cronotipo noturno”, ou seja, são naturalmente mais dispostas à noite.
Com o passar dos anos, esse padrão pode favorecer refeições mais tardias.
Somam-se a isso fatores comuns no envelhecimento, como mudanças no sono (dormir e acordar em horários diferentes), a perda de apetite logo cedo e até a dificuldade para preparar o próprio alimento.
Tudo isso afeta os hábitos alimentares dos idosos, encurtando a chamada “janela alimentar” (o período entre a primeira e a última refeição do dia) e deixando o jantar cada vez mais próximo da hora de dormir.
Café da manhã tardio e mortalidade: o que os pesquisadores observaram
Um dos achados mais relevantes foi a relação entre o café da manhã tardio e mortalidade.
Em termos estatísticos, cada hora de atraso no café da manhã esteve associada a um aumento no risco de morte, ainda que modesto, ao longo do acompanhamento.
No entanto, os próprios autores destacam que essa relação não significa que atrasar o café da manhã cause mortalidade.
É possível que o atraso seja, na verdade, um reflexo de problemas de saúde já existentes, como fadiga, depressão ou outras condições que dificultam a alimentação logo cedo.
Ainda assim, quando comparados dois grupos – um que mantinha refeições mais cedo e outro que se alimentava mais tarde – o grupo que se alimentava cedo apresentou uma taxa de sobrevivência maior após 10 anos.
Isso reforça a ideia de que o horário das refeições e saúde podem caminhar juntos como um marcador do envelhecimento.
O papel da crononutrição na vida dos idosos
Esse estudo reforça a importância da crononutrição, área da ciência que analisa como o momento em que comemos afeta o funcionamento do organismo.
Não se trata apenas de “o que” comemos, mas também de “quando” comemos.
Outras pesquisas, feitas em adultos de diferentes idades, já mostraram que refeições tardias podem estar ligadas a ganho de peso, acúmulo de gordura corporal e resistência à insulina.
Em idosos, embora o novo estudo não tenha avaliado diretamente todos esses efeitos, o atraso no café da manhã surge como um possível indicador de fragilidade ou declínio de saúde.
Alimentação no envelhecimento: como adaptar a rotina
Embora cada pessoa tenha suas particularidades, os pesquisadores apontam que manter consistência nos horários das refeições pode apoiar o envelhecimento saudável.
Algumas orientações simples podem ajudar:
- Priorizar o café da manhã cedo: começar o dia com uma refeição nutritiva pode estar associado a mais energia e melhor ritmo biológico.
- Manter regularidade: evitar grandes variações no horário de comer ajuda a manter o relógio biológico ajustado.
- Jantar em horário adequado: procurar não deixar a última refeição muito próxima da hora de dormir favorece digestão e sono.
- Observar sinais de saúde: dificuldades para preparar alimentos, perda de apetite ou mudanças bruscas no horário das refeições podem indicar problemas de saúde que merecem atenção médica.
Por que o estudo é importante para famílias e profissionais de saúde
Entender a relação entre horário das refeições e saúde vai além de uma curiosidade científica.
Para profissionais da saúde, cuidadores e familiares, acompanhar mudanças no padrão alimentar pode ser um sinal de alerta precoce de declínio físico ou emocional nos idosos.
O atraso frequente do café da manhã, por exemplo, pode indicar não apenas hábitos diferentes, mas também cansaço excessivo, depressão ou dificuldades funcionais.
Detectar esses sinais a tempo pode permitir intervenções que melhorem a qualidade de vida e aumentem as chances de longevidade.
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