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Lipedema ou obesidade? Entenda as diferenças e por que o diagnóstico certo muda tudo
Nem toda gordura é igual, e reconhecer o que o seu corpo está sinalizando pode evitar anos de frustração, dor e dietas sem resultado
Atendo todos os dias mulheres que chegam ao consultório dizendo a mesma frase: “Já fiz de tudo para emagrecer, mas minhas pernas não mudam”. Em muitos desses casos, o problema não é falta de disciplina, mas um diagnóstico incorreto.
O que parecia obesidade, na verdade, era lipedema (e entender se o quadro é lipedema ou obesidade faz toda a diferença no tratamento)
A obesidade é uma doença metabólica, associada ao desequilíbrio entre calorias consumidas e gastas.
Já o lipedema é uma doença do tecido adiposo, que provoca dor, sensibilidade e acúmulo simétrico de gordura nas pernas e quadris.
Apesar de semelhantes à primeira vista, elas exigem abordagens completamente diferentes.
Obesidade: como o corpo reage ao excesso de gordura
A obesidade é uma condição multifatorial, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que envolve genética, alimentação, metabolismo e hábitos de vida.
O corpo acumula gordura de forma difusa, geralmente no abdômen, braços, rosto e pernas.
Esse excesso aumenta o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão.
O tratamento combina reeducação alimentar, atividade física, acompanhamento psicológico e, em alguns casos, intervenção médica.
Quando tratada corretamente, há redução global da gordura corporal e melhora nos índices metabólicos.
Lipedema: por que a gordura dói e não sai com dieta
O lipedema é diferente. Ele não é causado por excesso de comida e não está ligado ao sedentarismo.
É uma doença inflamatória do tecido adiposo que afeta quase exclusivamente mulheres, com influência hormonal e predisposição genética.
A gordura do lipedema é dolorosa, simétrica e resistente à dieta e ao exercício.
Costuma se concentrar nas pernas, quadris e braços, poupando mãos, pés e tronco.
A paciente sente dor ao toque, apresenta hematomas frequentes e relata inchaço que piora ao longo do dia.
Essa diferença é fundamental: enquanto na obesidade o foco é controlar o peso, no lipedema o objetivo é reduzir inflamação, aliviar dor e restaurar a função.
Lipedema ou obesidade: como diferenciar na prática
Na obesidade, a gordura é macia e indolor.
No lipedema, o tecido é mais denso e sensível. O inchaço aparece mesmo em mulheres magras, e a perda de peso não altera o volume das pernas.
Além disso, o lipedema costuma piorar em fases hormonais, como puberdade, gestação ou menopausa, o que reforça sua ligação com alterações hormonais femininas.
Já na obesidade, o ganho de peso está mais diretamente ligado ao consumo alimentar e ao metabolismo.
Muitas mulheres apresentam os dois quadros ao mesmo tempo, o que exige diagnóstico criterioso e equipe multidisciplinar.
Lipedema ou obesidade: por que o diagnóstico correto é libertador
Quando uma paciente descobre que o que sente tem nome, o tratamento muda e a culpa também.
Ela entende que não é falta de esforço, e sim uma doença que precisa de abordagem específica.
O tratamento do lipedema inclui fisioterapia especializada, drenagem linfática adaptada, exercícios de baixo impacto, alimentação anti-inflamatória e uso de meias compressivas.
Em alguns casos, a cirurgia pode ser indicada, sempre com acompanhamento clínico e foco funcional.
Reconhecer a diferença entre obesidade e lipedema é mais do que uma questão médica: é uma forma de devolver dignidade e consciência corporal às mulheres que, por anos, foram tratadas como se não tivessem força de vontade.
Leitura Recomendada: O que toda mulher com lipedema precisa saber sobre exercícios físicos
Mariana Milazzotto
Fisioterapeuta com quase 20 anos de atuação, mestre em Ciências Médicas e especialista no tratamento clínico do lipedema. Criadora da Jornada Desvendando o Lipedema, programa que forma fisioterapeutas e terapeutas corporais no atendimento a mulheres com diagnóstico confirmado ou suspeita da doença.