Finasterida e depressão: alerta reforçado sobre riscos do remédio para queda de cabelo

Nem todo tratamento estético é inofensivo. A relação entre finasterida e depressão volta a preocupar especialistas.

Um artigo publicado no The Journal of Clinical Psychiatry reacende o alerta sobre os riscos psiquiátricos ligados ao uso do medicamento, amplamente prescrito para tratar a calvície masculina.

Segundo a revisão científica, há evidências consistentes de que a finasterida pode aumentar o risco de depressão, ansiedade e até pensamentos suicidas, mesmo após a interrupção do uso.

O que a ciência já sabe sobre finasterida e depressão

A finasterida age bloqueando uma enzima que transforma a testosterona em outro hormônio (DHT), responsável pela queda de cabelo.

Esse bloqueio, no entanto, também interfere na produção de substâncias cerebrais que regulam o humor, como os chamados neuroesteroides.

O resultado, segundo o artigo, é que o medicamento pode alterar a química cerebral e provocar sintomas como tristeza persistente, irritabilidade, insônia e perda de prazer em atividades cotidianas.

Em casos mais graves, foram observados episódios de depressão profunda e ideação suicida.

Os pesquisadores revisaram estudos feitos entre 2017 e 2023 e encontraram um padrão preocupante. Em todos os levantamentos analisados, o uso de finasterida esteve associado a um aumento significativo de casos de depressão e suicídio.

O risco era especialmente maior em homens jovens que usavam o medicamento por razões estéticas e não para tratar doenças da próstata.

Um problema que demorou demais para ser reconhecido

As primeiras suspeitas sobre a ligação entre finasterida e depressão surgiram há mais de 20 anos, mas o reconhecimento oficial veio apenas recentemente.

A agência regulatória americana (FDA) incluiu a depressão como efeito colateral em 2011, e só em 2022 adicionou o risco de suicídio.

Já a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) reconheceu a ligação em 2025.

Para o autor do estudo, o médico e pesquisador Mayer Brezis, o atraso em reconhecer o perigo representou uma falha grave de saúde pública.

De acordo com ele, durante esse tempo, centenas de milhares de pessoas podem ter sofrido sintomas depressivos, e muitas perderam a vida por suicídio.

O que isso significa para quem usa o remédio

A finasterida continua disponível no mercado e é usada por milhões de homens no mundo todo.

Porém, especialistas reforçam que ela não deve ser tratada como um simples “remédio para calvície”.

O uso precisa ser acompanhado por um médico e, de preferência, com monitoramento psicológico, especialmente em pessoas que já têm histórico de ansiedade ou depressão.

Também é essencial não interromper o uso por conta própria, já que a chamada síndrome pós-finasterida (quando os sintomas persistem mesmo após parar o medicamento) tem sido relatada em diversos estudos.

Em um cenário em que a aparência é cada vez mais valorizada, o alerta serve de reflexão: até onde vale a pena colocar a saúde mental em risco por um tratamento estético?

Entender a relação entre finasterida e depressão é, acima de tudo, uma forma de garantir que decisões sobre o próprio corpo sejam feitas com informação, segurança e consciência.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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