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Novo estudo liga bebidas adoçadas a um efeito inesperado no organismo
Quando o assunto é alimentação, o açúcar costuma entrar na conversa por causa do peso e da saúde do fígado. Mas um novo estudo publicado na revista Redox Biology trouxe mais uma peça importante para esse debate.
Pesquisadores europeus descobriram que excesso de frutose e inflamação podem caminhar juntos, influenciando a forma como o sistema imunológico responde a bactérias.
Quando a frutose deixa o sistema imunológico mais sensível
A frutose é um tipo de açúcar presente naturalmente nas frutas, mas também muito usado na indústria alimentícia.
Aparece em altas concentrações em produtos como xaropes adoçantes, néctares de fruta de caixinha, bebidas energéticas, molhos prontos e sobremesas ultraprocessadas.
No estudo, jovens adultos saudáveis consumiram bebidas com doses elevadas desse açúcar, em níveis semelhantes aos encontrados em refrigerantes, sucos industrializados e outras bebidas com adição de frutose.
Algumas horas depois, os cientistas analisaram as células imunológicas do sangue.
Ao entrarem em contato com toxinas de bactérias comuns, essas células reagiram com uma resposta inflamatória mais intensa.
Esse efeito não apareceu quando os voluntários consumiram bebidas adoçadas com outros açúcares, como a maltodextrina. Foi a frutose, isoladamente, que deixou as células mais sensíveis ao estímulo.
O que acontece dentro das células
Para entender o mecanismo, os pesquisadores examinaram em detalhes os monócitos, um tipo de célula de defesa.
O consumo elevado de frutose levou ao aumento da produção de TLR2, uma proteína que funciona como um “sensor” capaz de identificar componentes bacterianos e ativar a inflamação.
Quanto maior a quantidade de TLR2, mais intensa é a resposta imunológica.
Em outras palavras, a frutose colocou essas células em um estado de maior reatividade, produzindo uma inflamação mais forte diante de um mesmo estímulo; não necessariamente mais eficiente, apenas mais intensa.
As frutas não são o problema
Apesar dos resultados, o estudo deixa claro que não estamos falando da frutose presente nas frutas in natura.
Quando comemos maçã, pera, uva e outras frutas, esse açúcar chega acompanhado de fibras, água, antioxidantes e vitaminas; uma combinação que interfere diretamente na forma como o corpo absorve e processa a frutose.
O sinal de alerta vale para alimentos ultraprocessados e bebidas adoçadas, que concentram frutose em grandes quantidades e sem nenhum “freio” natural, como as fibras.
Uma rotina com refrigerante no almoço, suco de caixinha à tarde e sobremesas ricas em açúcar pode facilmente se aproximar das doses avaliadas pelos pesquisadores.
O que essa descoberta representa para a saúde
Ainda não é possível afirmar se essa inflamação mais intensa poderia influenciar a evolução de infecções reais. Mas o estudo mostra algo importante.
O impacto da frutose no organismo pode ir além do fígado e do metabolismo.
Ele também pode afetar a forma como o sistema imunológico responde a agentes infecciosos, deixando-o mais reativo do que o ideal.
Para quem busca cuidar da saúde de forma preventiva, reduzir o consumo de bebidas e produtos ricos em açúcares adicionados é uma estratégia que vai além do controle de peso, colesterol ou triglicerídeos.
Pode ser uma forma de manter o sistema imunológico em um estado mais equilibrado, evitando inflamações desnecessárias.



