Book Appointment Now

Reposição hormonal: começar cedo importa? Especialista responde
A reposição hormonal ainda desperta dúvidas comuns, principalmente sobre câncer de mama, riscos cardiovasculares, ganho de peso e a famosa “janela de oportunidade”.
Para esclarecer o que é mito e o que a ciência realmente sabe, o SaúdeLab conversou com a endocrinologista Dra. Dolores Pardini, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional São Paulo (SBEM-SP).
A médica destaca que os riscos e benefícios sempre precisam ser avaliados dentro do contexto clínico de cada mulher.
Afinal, a queda do estradiol afeta o metabolismo, o coração, os ossos, o cérebro e a qualidade de vida.
Reposição hormonal e câncer de mama: o que dizem os dados
O risco de câncer de mama está entre os principais receios das mulheres.
A endocrinologista reconhece que esse ainda é “um assunto polêmico e controverso”, mas reforça que é preciso interpretar os números no contexto correto.
Segundo ela, “entre 10 mil mulheres, haveria cerca de 30 casos de câncer de mama sem reposição hormonal e 38 com reposição — um aumento de 8 casos”.
Esse aumento absoluto é pequeno e precisa ser avaliado junto ao histórico de saúde da paciente.
A médica ressalta que a proteção ao coração é um dos pontos mais relevantes, desde que o início seja feito no período ideal.
Ela explica que existe proteção cardiovascular “desde que a pessoa receba a reposição no período onde os benefícios são maiores, que é de 50 a 59 anos ou até 10 anos na menopausa”.
Por outro lado, quando a mulher chega à menopausa com obesidade, diabetes, colesterol alto ou sedentarismo, o risco global aumenta. Não por causa da reposição, mas pelo estado geral de saúde.
“Se ela já entrou assim, o risco inevitavelmente é maior, mas é maior para qualquer coisa, porque é uma paciente que não é saudável”, afirma.
Reposição hormonal causa ganho de peso?
Não. E esse é um dos mitos mais difundidos.
A endocrinologista é categórica ao afirmar que “a terapia de reposição hormonal na menopausa não aumenta o peso”, observando que isso já está “muito bem demonstrado com estudos muito bem controlados”.
O que realmente pesa na balança é o processo natural de envelhecimento:
“O que aumenta o peso é a própria faixa etária… a taxa metabólica cai”, explica ela.
A falta de estradiol também dificulta a regulação do apetite e do gasto energético. Por isso, ela esclarece:
“a menopausa per si contribui para o ganho de peso, porque o estradiol é um hormônio que aumenta o consumo calórico… e estimula o centro de saciedade. Na falta dele, quando a mulher não é tratada, isso tudo fica muito ativado.”
A médica ainda alerta que quem já chega obesa à menopausa tende a acumular mais gordura abdominal (tipo mais prejudicial para o coração).
Hormônios bioidênticos são sempre melhores?
A endocrinologista afirma que “o hormônio bioidêntico é sempre melhor que o sintético”, explicando que bioidêntico significa apenas que ele é igual ao produzido pelos ovários.
Mas ela faz um alerta importante:
“Não confundir bioidêntico com formulações, ok? Que esses não são ideais, porque não existe vigilância para a fabricação deles.”
Ou seja, o ideal é usar hormônios bioidênticos industrializados, com controle rigoroso e aprovação sanitária, não manipulados.
Principais benefícios da reposição hormonal
A menopausa pode afetar ondas de calor, sono, humor, libido, foco e dores articulares. E a reposição tem impacto direto nesses sintomas.
A endocrinologista resume:
“Os benefícios são inúmeros. Não só retardar a perda óssea, mas para a cognição, para a memória, para dores articulares e para os sintomas que são inerentes à falta do estradiol.”
A reposição adequada também ajuda a proteger o cérebro, o sistema cardiovascular e a saúde mental.
Toda mulher na menopausa deve considerar reposição hormonal?
Depende da avaliação individual. Mas dentro da janela de oportunidade e sem contraindicações, os benefícios tendem a superar os riscos.
Segundo a especialista, a reposição é indicada para mulheres na fase em que os resultados são melhores — “até dez anos depois da última menstruação, mas quanto mais perto ela começar a tratar, melhor”.
E não é preciso esperar parar de menstruar:
“Se ela já tiver sintomas, a gente já pode iniciar a reposição,” assegura.
As contraindicações absolutas citadas pela médica são:
- câncer de mama vigente.
- câncer de endométrio invasivo
- insuficiência hepática aguda
- tromboembolismo prévio
Fora esses casos, a terapia tende a ser segura quando bem indicada.
Reposição hormonal ajuda a prevenir osteoporose?
Sim. A queda do estradiol acelera a perda óssea, e a reposição é uma das formas mais eficazes de preservar a densidade mineral, especialmente quando iniciada cedo.
Como afirma a médica: “o estradiol é muito importante para a manutenção do osso.”
A importância da janela de oportunidade
Durante a entrevista, a especialista reforçou várias vezes que iniciar o tratamento no momento certo faz diferença nos resultados e na segurança:
“Quanto mais perto ela começar a tratar, melhor, os benefícios são melhores.”
Ela também detalhou por que as vias não orais são preferidas:
“A gente prefere o gel ou os adesivos porque a via oral passa pelo fígado e pode aumentar fatores trombogênicos, inflamatórios e hipertensivos”, concluiu.
Leitura Recomendada: Nutri recomenda! 10 alimentos perfeitos para menopausa



