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Especialista explica o que é adenoma de hipófise, seus riscos e os primeiros sinais
Quem busca entender o que é adenoma de hipófise geralmente chegou a essa dúvida após notar alterações hormonais inesperadas, ciclos menstruais irregulares, dores de cabeça persistentes ou mudanças físicas progressivas.
Isso acontece porque, mesmo sendo um tumor benigno, o adenoma pode interferir diretamente no funcionamento da hipófise, que é uma glândula-chave do organismo, responsável por regular hormônios que influenciam praticamente todos os sistemas do corpo.
Para esclarecer a condição, o SaúdeLab entrevistou a endocrinologista Dra. Marilia Bortolotto Felippe Trentin, diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional São Paulo (SBEM-SP).
Ela detalha quais são os sintomas de adenoma de hipófise, como surgem, como funciona o diagnóstico, quando existe cura e por que o tratamento não pode ser adiado.
O que é adenoma de hipófise e por que ele surge
A especialista explica de forma direta o que é um adenoma de hipófise. Segundo ela:
“É um tumor benigno que se desenvolve na hipófise, uma glândula localizada na base do cérebro e responsável por controlar a produção de diversos hormônios essenciais para o equilíbrio do organismo.”
Mesmo benigno, o tumor pode causar impacto importante porque a hipófise atua como um “maestro hormonal”, coordenando funções como crescimento, fertilidade, metabolismo e resposta ao estresse.
Quando o adenoma altera o equilíbrio, o corpo inteiro pode ser afetado.
A endocrinologista também esclarece por que ele aparece, ou melhor, o que se sabe até agora sobre isso.
“A maior parte dos adenomas não tem uma causa definida. Sabemos que eles surgem a partir do crescimento desordenado das células”, afirma.
Assim, embora existam estudos investigando fatores genéticos e ambientais, a maioria dos casos é considerada esporádica.
Sintomas de adenoma de hipófise: quando é hora de procurar ajuda
Os sintomas de adenoma de hipófise variam conforme o tipo de hormônio afetado.
Quando ele faz com que a glândula produza hormônios demais ou de menos, surgem alterações perceptíveis em diferentes sistemas.
A seguir, estão os principais sintomas, organizados por tipo de adenoma, de acordo com o que detalhou a endocrinologista.
1. Adenomas que aumentam a prolactina (prolactinomas)
A médica explica que, quando há excesso de prolactina, podem surgir:
- Irregularidade menstrual;
- Infertilidade;
- Saída de leite pelas mamas (mesmo fora do período gestacional);
- Queda da libido em homens;
- Disfunção erétil.
Ela reforça que esses sintomas são característicos dos prolactinomas, o tipo mais comum de adenoma de hipófise.
2. Adenomas que produzem hormônio de crescimento
Ainda segundo a especialista, quando o adenoma produz hormônio de crescimento em excesso, podem ocorrer:
- Aumento de mãos e pés;
- Mudanças faciais progressivas;
- Dores articulares.
Esse conjunto de sinais está associado à acromegalia em adultos, condição que evolui de forma lenta e contínua.
3. Adenomas relacionados à síndrome de Cushing
A endocrinologista explica que, nos casos em que o tumor provoca excesso de ACTH e, consequentemente, de cortisol, o corpo pode apresentar:
- Ganho de peso, especialmente no tronco;
- Estrias arroxeadas;
- Fraqueza muscular;
- Pressão alta;
- Diabetes.
Ela destaca que esses sintomas costumam se instalar gradualmente, o que faz com que muitos pacientes só busquem avaliação médica quando o quadro já está mais avançado.
4. Sintomas causados pelo crescimento do tumor (efeito compressivo)
A médica também chama atenção para os sintomas que não vêm de alterações hormonais, mas sim do tamanho do adenoma.
Segundo ela, o tumor pode:
- Comprimir estruturas próximas, causando dor de cabeça;
- Atingir o quiasma óptico, levando a alterações visuais, como visão borrada ou perda de campo visual.
Ela reforça que isso acontece porque a hipófise fica muito próxima dessa região sensível, o que torna a visão um dos primeiros sistemas afetados quando o tumor cresce.
Adenoma de hipófise tem cura?
A endocrinologista traz uma boa notícia: “sim, muitos adenomas têm cura, dependendo do tipo e tamanho”.
Em prolactinomas, por exemplo, o tratamento medicamentoso costuma ser altamente eficaz.
Mesmo quando não há cura completa, ainda é possível controlar a condição.
A médica explica:
“Conseguimos controle clínico dos hormônios e dos sintomas, na grande parte dos casos”.
Isso significa que, com acompanhamento adequado, o paciente pode recuperar qualidade de vida.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico inclui duas etapas complementares.
A primeira é a avaliação hormonal, que mostra se a hipófise está “produzindo hormônios demais ou de menos”.
Isso ajuda a identificar o tipo de adenoma e o impacto no organismo.
A segunda etapa é o exame de imagem.
Sobre isso, a especialista assegura: “a ressonância magnética é o exame mais indicado”.
O exame detalha o tamanho do tumor, sua localização exata e se há compressão de estruturas vizinhas.
Quando o paciente relata visão borrada ou perda de campo visual, exames oftalmológicos também são necessários.
Tratamento: cirurgia, medicamentos ou acompanhamento?
O tratamento depende do tipo de adenoma e do perfil clínico do paciente.
Para tumores que produzem prolactina, “o tratamento farmacológico é a primeira escolha”.
Já a cirurgia tende a ser indicada “quando há alterações visuais ou secreção do hormônio de crescimento e excesso do cortisol”.
A decisão final considera o quadro hormonal, a imagem, o tamanho do tumor e a saúde geral do paciente.
Riscos de não tratar o adenoma de hipófise
Ignorar a condição pode trazer consequências sérias.
A médica Marilia Trentin alerta para riscos como “perda visual progressiva, deficiência hormonal permanente e crescimento tumoral”.
Nos adenomas produtores de hormônios, o impacto é ainda maior, incluindo “diabetes mellitus descompensado, osteoporose, hipertensão arterial, risco cardiovascular elevado e piora da qualidade de vida”.
Por isso, ela enfatiza: “o adenoma de hipófise não deve ser negligenciado”.
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