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Novo estudo revela que o uso de adoçantes pode afetar mais do que o corpo
A relação entre consumo de adoçantes e declínio cognitivo vem despertando a atenção da ciência e da saúde pública. Esses produtos, muito usados por quem deseja reduzir o açúcar ou controlar doenças como diabetes, são comuns no dia a dia dos brasileiros.
No entanto, uma nova pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) trouxe um alerta: o uso elevado de adoçantes artificiais pode estar associado a um envelhecimento cerebral mais rápido.
Os resultados foram publicados na revista científica Neurology, da American Academy of Neurology, e chamam atenção para possíveis efeitos negativos de substâncias até então consideradas alternativas seguras ao açúcar.
O que é declínio cognitivo?
Antes de entender a relação entre adoçantes e declínio cognitivo, é importante saber do que se trata esse problema.
O termo é usado para descrever a perda gradual de habilidades como memória, raciocínio, linguagem e atenção.
Embora pequenas falhas de memória possam ser normais com o envelhecimento, o declínio cognitivo é mais intenso e pode comprometer atividades simples do dia a dia, como lembrar compromissos, organizar tarefas ou se comunicar com clareza.
Em alguns casos, pode evoluir para quadros mais graves, como a demência.
Como os adoçantes podem influenciar a saúde do cérebro
O estudo da USP acompanhou mais de 12 mil adultos brasileiros, com idade média de 52 anos, durante cerca de oito anos.
Foram avaliados sete tipos de adoçantes comuns em alimentos ultraprocessados e também no uso individual: aspartame, sacarina, acessulfame-K, eritritol, xilitol, sorbitol e tagatose.
Segundo os pesquisadores, os participantes que consumiam maiores quantidades de adoçantes apresentaram um declínio mais acelerado da memória e do raciocínio em comparação com os que ingeriam menos.
Esse efeito equivale a cerca de 1,6 ano de envelhecimento cerebral antecipado.
Em outras palavras, pessoas que usaram muito adoçante tiveram um desempenho mental semelhante ao de alguém quase dois anos mais velho.
Adoçantes e declínio cognitivo: quem apresentou maior risco
Os dados mostraram que adultos com menos de 60 anos foram os mais vulneráveis ao efeito dos adoçantes no cérebro.
Nesse grupo, as habilidades de memória e fluência verbal caíram mais rápido quando o consumo era alto.
Entre os participantes com diabetes, também foi observado um declínio cognitivo mais rápido entre aqueles que consumiam maiores quantidades de adoçantes.
Segundo os pesquisadores, isso pode estar ligado ao fato de que pessoas com diabetes costumam usar esses produtos com mais frequência como substitutos do açúcar.
Nem todos os adoçantes tiveram o mesmo efeito
A pesquisa também avaliou separadamente cada tipo de adoçante.
O consumo de aspartame, sacarina, acessulfame-K, eritritol, xilitol e sorbitol mostrou associação com pior desempenho cognitivo.
Já a tagatose não apresentou relação com o declínio das funções do cérebro.
Vale lembrar que o estudo não comprova que os adoçantes causam diretamente o problema, mas mostra uma associação importante que precisa ser investigada em novas pesquisas.
Como reduzir riscos ligados a adoçantes e declínio cognitivo
A principal autora da pesquisa, professora Claudia Suemoto, da USP, destacou que ainda não é hora de criar pânico, mas sim de refletir sobre os hábitos alimentares.
Para ela, o consumo exagerado de adoçantes deve ser visto com cautela, assim como o açúcar em excesso.
Existem alternativas naturais que podem ser usadas no lugar do açúcar refinado ou dos adoçantes artificiais, como mel, purê de frutas, xarope de bordo e até o açúcar de coco.
Essas opções não são isentas de calorias, mas podem trazer menos riscos para o cérebro a longo prazo.
Muitas vezes, quem usa adoçante não percebe a quantidade ingerida. Eles estão presentes não só no cafezinho adoçado com gotas, mas também em refrigerantes, iogurtes, sobremesas prontas e até em bebidas energéticas.
O alerta da ciência é claro: quanto maior o consumo, maior parece ser o risco para a saúde do cérebro. Por isso, repensar a rotina alimentar pode ser um passo importante para preservar a memória e o raciocínio com o passar dos anos.
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