Nanotecnologia brasileira promete revolucionar exames de imagem com agente de contraste mais seguro e eficiente

A medicina diagnóstica pode estar diante de uma mudança significativa, graças a uma nova tecnologia desenvolvida por pesquisadores da USP.

Eles criaram um agente de contraste à base de nanopartículas de dióxido de titânio e óxido de ferro, que promete ser mais seguro e eficiente do que os compostos de gadolínio usados atualmente em exames como ressonância magnética e angiografia.

A novidade surge como uma alternativa para reduzir os riscos de toxicidade, especialmente em pacientes com insuficiência renal, e mantém os protocolos clínicos já existentes, o que facilita sua adoção.

Mas será que essa tecnologia vai realmente se tornar uma opção viável no dia a dia dos hospitais? Vamos entender melhor como ela funciona e quais impactos pode trazer.

O problema com os contrastes atuais

Os agentes de contraste à base de gadolínio são amplamente utilizados em exames de imagem para realçar estruturas como vasos sanguíneos, tumores e tecidos danificados.

No entanto, esses compostos apresentam riscos significativos, especialmente para pacientes com problemas renais. O gadolínio pode se acumular no cérebro, ossos e outros órgãos, causando efeitos colaterais graves, como a nefropatia por contraste. Além disso, sua eliminação pelo organismo é lenta, o que aumenta o risco de toxicidade.

A busca por alternativas mais seguras e eficientes tem sido um desafio global. Até agora, as soluções propostas eram baseadas em contrastes negativos, que escurecem as áreas de interesse nas imagens, mas não oferecem a mesma resolução e clareza que os contrastes positivos à base de gadolínio.

A nova tecnologia desenvolvida pela USP resolve esse problema ao combinar segurança e alta qualidade de imagem.

Como funciona a nova tecnologia?

A inovação está nas nanopartículas ultrapequenas (UPN) de dióxido de titânio revestidas por óxido de ferro. Esses dois elementos são biocompatíveis e eliminados naturalmente pelo organismo, o que reduz drasticamente os riscos de toxicidade.

Além disso, a combinação química entre titânio e ferro garante um realce de contraste forte e prolongado, superando até mesmo o desempenho do gadolínio.

Vantagens clínicas e práticas

Uma das grandes vantagens da nova tecnologia é sua compatibilidade com os protocolos clínicos já existentes. Isso significa que hospitais e clínicas não precisarão investir em novos equipamentos ou treinamentos para adotar o agente de contraste à base de nanopartículas.

Além disso, os testes em modelos animais mostraram que o material permanece na circulação sanguínea por mais tempo, o que é especialmente útil em exames como a angiografia, onde a visualização detalhada dos vasos sanguíneos é crucial.

Outro ponto destacado pelos pesquisadores é a rapidez com que o novo contraste é eliminado pelo organismo.

Enquanto o gadolínio pode levar dias ou até semanas para ser completamente excretado, as nanopartículas de titânio e ferro são eliminadas pela urina em um período significativamente menor, reduzindo o risco de acúmulo em órgãos vitais.

Impacto na medicina diagnóstica

A adoção dessa tecnologia pode representar um avanço significativo para a medicina diagnóstica, especialmente para pacientes com doenças renais crônicas ou alergias ao gadolínio. Além disso, a melhoria na qualidade das imagens pode facilitar a detecção precoce de doenças como câncer, aneurismas e problemas cardiovasculares.

Curiosidades sobre a nanotecnologia na medicina

A nanotecnologia já é utilizada em diversas áreas da saúde, como no desenvolvimento de medicamentos direcionados a células cancerígenas e na criação de implantes mais duráveis.

O dióxido de titânio, um dos componentes das nanopartículas, é amplamente utilizado em protetores solares e produtos cosméticos devido à sua biocompatibilidade.

O óxido de ferro, além de ser seguro, é um material magnético que já é utilizado em outras aplicações médicas, como no tratamento de tumores por hipertermia.

Próximos passos e expectativas

O estudo, publicado na revista científica Nano Letters, já chamou a atenção de empresas e investidores interessados em levar a tecnologia para o mercado. A expectativa é que, nos próximos anos, o novo agente de contraste esteja disponível para uso clínico, beneficiando milhões de pacientes em todo o mundo.

Enquanto isso, a equipe da USP continua trabalhando no aprimoramento da tecnologia, explorando novas aplicações e possibilidades. “Acreditamos que essa é apenas a ponta do iceberg. A nanotecnologia tem um potencial enorme para revolucionar a medicina”, conclui Araki.

A nanotecnologia desenvolvida pela USP representa um marco importante para a medicina diagnóstica, oferecendo uma alternativa mais segura e eficiente aos agentes de contraste tradicionais.

Com benefícios que vão desde a redução de riscos para pacientes até a melhoria na qualidade dos diagnósticos, essa inovação tem tudo para se tornar um novo padrão na área de exames de imagem.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

Artigos: 221
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