Alerta: Quem consome ultraprocessados tem 58% mais risco de depressão persistente, aponta estudo

Uma alimentação rica em produtos industrializados pode ter um impacto significativo na saúde mental. Segundo um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados pode aumentar em até 58% o risco de desenvolver depressão persistente, também conhecida como transtorno depressivo persistente ou distimia.

A pesquisa analisou dados de mais de 14 mil pessoas de seis capitais brasileiras e revelou uma forte associação entre esses produtos e a recorrência da doença ao longo dos anos.

Os resultados, publicados no Journal of Academy of Nutrition and Dietetics, destacam a importância de uma alimentação equilibrada para a prevenção de transtornos mentais.

Mas afinal, o que é depressão persistente, como ela se diferencia de outros tipos de depressão e de que forma a alimentação influencia sua evolução? Vamos entender melhor.

O que é depressão persistente (transtorno depressivo persistente/distimia)?

A depressão persistente, também conhecida como transtorno depressivo persistente ou distimia, é um tipo de depressão crônica.

Diferente de episódios depressivos ocasionais, essa condição se caracteriza por um estado contínuo de tristeza, baixa autoestima, falta de energia e pessimismo, que pode durar anos.

Pessoas com depressão persistente muitas vezes não conseguem identificar um momento exato em que começaram a se sentir mal, pois os sintomas se tornam parte da rotina.

Além disso, o transtorno pode ser menos intenso do que a depressão maior, mas seus efeitos prolongados impactam significativamente a qualidade de vida, o trabalho e os relacionamentos.

Fatores genéticos, eventos traumáticos e condições médicas podem influenciar o desenvolvimento da depressão persistente, mas o estudo da USP traz um novo alerta: a alimentação pode desempenhar um papel fundamental no surgimento e agravamento desse quadro.

Como os alimentos ultraprocessados aumentam o risco de depressão persistente?

O estudo da FMUSP usou dados do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), que acompanha a saúde de servidores públicos em várias cidades do Brasil desde 2008, incluindo Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória.

Isso permitiu que os pesquisadores analisassem melhor como diferentes fatores afetam a saúde física e mental das pessoas ao longo do tempo.

Os participantes foram divididos em grupos com base na quantidade de calorias que consumiam de alimentos ultraprocessados.

Os pesquisadores descobriram que aqueles que comiam mais desses produtos tinham 30% mais chances de desenvolver um primeiro episódio de depressão ao longo de oito anos.

Além disso, o estudo mostrou que o consumo elevado de alimentos ultraprocessados pode aumentar em até 58% o risco de desenvolver depressão persistente, que, como vimos, é quando a pessoa tem episódios de depressão que se repetem e duram por muito tempo.

O que são alimentos ultraprocessados?

Os alimentos ultraprocessados são produtos industrializados que passam por diversas etapas de fabricação e contêm aditivos químicos, corantes, conservantes e realçadores de sabor.

Alguns exemplos comuns são:

  • Refrigerantes e sucos artificiais;
  • Biscoitos recheados e salgadinhos de pacote;
  • Macarrão instantâneo;
  • Nuggets, hambúrgueres e salsichas industrializados;
  • Pães de forma industrializados;
  • Cereais matinais adoçados;
  • Barras de cereal e iogurtes com aromatizantes artificiais.

Esses alimentos são práticos e acessíveis, mas possuem baixo valor nutricional.

Em vez de fornecer nutrientes essenciais, eles contêm grandes quantidades de açúcares, gorduras saturadas, sódio e substâncias químicas que podem afetar a saúde do cérebro.

De acordo com a Dra. Naomi Vidal Ferreira, pós-doutoranda da FMUSP e autora principal do estudo, a alta ingestão desses produtos leva à deficiência de vitaminas, minerais e antioxidantes fundamentais para o funcionamento do sistema nervoso.

Além disso, os aditivos presentes nos ultraprocessados podem causar inflamações no organismo, um fator associado ao desenvolvimento do Transtorno Depressivo Persistente.

Como reduzir os riscos?

A boa notícia é que mudanças na alimentação podem trazer um impacto significativo na prevenção da depressão persistente.

O estudo mostrou que substituir apenas 5% das calorias diárias de alimentos ultraprocessados por opções mais naturais pode reduzir o risco de depressão em 6%.

Se essa substituição chegar a 20%, a probabilidade de desenvolver o transtorno cai para 22%.

Isso significa que pequenas trocas no dia a dia podem ajudar a proteger a saúde mental.

Veja algumas sugestões:

  • Substituir refrigerantes por sucos naturais ou água com gás e limão;
  • Trocar biscoitos recheados por frutas ou oleaginosas (como castanhas e amendoas);
  • Escolher pão integral artesanal em vez de pão de forma industrializado;
  • Optar por refeições caseiras no lugar de fast food;
  • Incluir mais legumes, verduras e proteínas naturais na alimentação.

A Dra. Naomi Vidal reforça que uma alimentação equilibrada não é importante apenas para a saúde física, mas também para a saúde mental.

O estudo foi conduzido sob a supervisão da Profa. Dra. Claudia Suemoto, especialista em geriatria e diretora do Biobanco para Estudos em Envelhecimento da FMUSP.

A relação entre dieta e saúde mental vem sendo cada vez mais estudada, e este novo levantamento reforça a necessidade de repensarmos nossos hábitos alimentares.

Embora a rotina corrida e a praticidade dos produtos industrializados sejam tentadoras, priorizar uma alimentação mais natural pode ser um passo importante para evitar problemas como a depressão persistente e, assim, garantir mais bem-estar a longo prazo.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

Artigos: 206
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