Novo estudo liga consumo de certos alimentos ao aumento do risco de morte em até 24%

Um dos temas mais debatidos atualmente na área da nutrição é o impacto dos alimentos ultraprocessados e mortalidade. Esses produtos, presentes na mesa da maioria dos brasileiros, vão muito além do excesso de sal, açúcar e gordura.

Um novo estudo publicado no The Lancet eClinicalMedicine, revelou que aditivos específicos usados pela indústria (como corantes, adoçantes e realçadores de sabor) foram associados a um risco maior de morte ao longo dos anos.

O que são os ultraprocessados?

Antes de entender os resultados, é importante explicar o que caracteriza os ultraprocessados.

São alimentos que passam por várias etapas industriais e recebem adição de substâncias que não costumam ser usadas em receitas caseiras.

Exemplos comuns são refrigerantes, biscoitos recheados, macarrão instantâneo, salgadinhos, embutidos e até algumas versões de pães e iogurtes.

Esses produtos são criados para serem saborosos, práticos e atraentes, mas acabam substituindo refeições mais naturais.

O novo estudo buscou analisar justamente até que ponto essa presença constante na dieta pode afetar a saúde e a expectativa de vida.

Como o estudo foi feito

A pesquisa acompanhou quase 187 mil pessoas no Reino Unido, com idades entre 40 e 75 anos, durante um período médio de 11 anos.

Durante esse período, mais de 10 mil participantes morreram, e os pesquisadores puderam comparar os hábitos alimentares de quem faleceu com os de quem se manteve vivo.

O diferencial desse estudo foi a forma de análise.

Em vez de olhar apenas para o consumo de ultraprocessados de maneira geral, os pesquisadores foram além: eles investigaram 37 ingredientes específicos que costumam aparecer nesses produtos.

Esses ingredientes, chamados de “marcadores de ultraprocessamento”, são usados para dar sabor, cor, textura ou aumentar a durabilidade dos alimentos.

Entre eles estão substâncias bem conhecidas do público, como adoçantes artificiais (sucralose e sacarina), o glutamato monossódico (famoso realçador de sabor) e diversos corantes sintéticos presentes em refrigerantes, doces e salgadinhos.

Assim, foi possível identificar quais aditivos estavam mais ligados ao aumento do risco de morte.

O que foi descoberto sobre alimentos ultraprocessados e mortalidade

Os resultados chamam a atenção: o consumo elevado de alimentos ultraprocessados esteve significativamente associado à mortalidade.

Alguns grupos usados com frequência pela indústria, como aromatizantes, realçadores de sabor, corantes, adoçantes artificiais e açúcares adicionados, foram associados a maior risco de morte.

Em casos de alto consumo, esse risco chegou a cerca de 24% a mais em comparação com quem tinha dieta mais equilibrada.

Por outro lado, nem todos os aditivos mostraram relação negativa.

Um exemplo foi o grupo dos agentes gelificantes (como a pectina presente em frutas), que esteve associado a um risco menor de morte.

Por que isso acontece?

Os cientistas explicam que os aditivos podem interferir no organismo de várias maneiras.

Aromas e adoçantes artificiais, por exemplo, enganam o cérebro e podem levar ao aumento da ingestão de calorias.

Corantes estão associados a alterações comportamentais e até efeitos cancerígenos em alguns estudos.

Açúcares adicionados, por sua vez, já são conhecidos por contribuir para obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.

Somado a isso, os ultraprocessados costumam ter baixo valor nutricional, com pouca fibra, proteína e micronutrientes, além de favorecer o consumo exagerado pela praticidade e pelo baixo custo.

O que significa para o dia a dia

A relação entre alimentos ultraprocessados e mortalidade reforça a importância de reduzir ao máximo a presença desses produtos na rotina.

Isso não significa que nunca se possa comer um biscoito ou um refrigerante, mas sim que a base da alimentação deve ser composta por alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, verduras, legumes, cereais integrais e proteínas magras.

Guias alimentares de países como Brasil, França e Japão já recomendam limitar ultraprocessados, e este novo estudo oferece mais evidências para apoiar essa orientação.

Caminho para escolhas melhores

Para o consumidor, o primeiro passo é criar o hábito de ler os rótulos. Se a lista de ingredientes for extensa e contiver muitos nomes estranhos, provavelmente se trata de um ultraprocessado.

Buscar alternativas caseiras e naturais sempre que possível é uma forma prática de cuidar da saúde a longo prazo.

Além disso, cozinhar mais em casa e adotar refeições simples pode ser uma estratégia poderosa. Trocar o refrigerante por sucos naturais ou água, substituir biscoitos por frutas ou oleaginosas e preparar refeições com alimentos frescos ajudam a reduzir a exposição aos aditivos mais estudados.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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