Não é só estresse: cientistas descobrem novo fator por trás da psoríase

Sua pele está inflamada? O culpado pode estar na sua despensa. Estudo revela o impacto dos ultraprocessados na psoríase e dicas práticas para reduzir riscos.

Imagine abrir o armário e pegar aquele pacote de biscoito recheado ou aquela bolacha salgada para o lanche da tarde. Prático, rápido e, vamos admitir, até gostoso. Mas e se alguém dissesse que esses alimentos tão comuns no nosso dia a dia podem estar ligados a um risco maior de desenvolver psoríase?

Pois é exatamente isso que um estudo recente, publicado na revista Nutrients, está sugerindo.

Depois de acompanhar mais de 120 mil pessoas por 12 anos, pesquisadores descobriram que quem consome mais alimentos ultraprocessados – aqueles cheios de ingredientes industriais e poucos nutrientes – tem até 23% mais chance de desenvolver essa doença inflamatória da pele.

E o pior: mesmo quem tem uma vida ativa e não está acima do peso não está totalmente livre desse risco.

Será que vale a pena trocar aquele salgadinho por uma fruta ou um punhado de castanhas? Os dados sugerem que sim – e a diferença pode estar não só no espelho, mas também na saúde da sua pele.

O que é psoríase e por que ela é preocupante?

A psoríase é uma doença inflamatória da pele caracterizada por lesões avermelhadas, descamativas e coceira intensa. Embora possa afetar qualquer região do corpo, é comum em áreas como cotovelos, joelhos, couro cabeludo, palmas das mãos e solas dos pés.

Além do desconforto físico, a condição está ligada a complicações mais graves, como:

  • Maior risco de depressão e ansiedade;
  • Doenças cardiovasculares;
  • Doença de Crohn (um tipo de inflamação intestinal).

Estima-se que a psoríase afete entre 2% e 3% da população global, com variações regionais significativas. Embora não haja cura, tratamentos como fototerapia, medicamentos e agentes biológicos ajudam a controlar os sintomas. No entanto, a nova pesquisa sugere que a dieta pode desempenhar um papel crucial na prevenção.

Alimentos ultraprocessados: O que são e por que fazem mal?

Os alimentos ultraprocessados passam por extensas modificações industriais para se tornarem mais palatáveis e duráveis. No entanto, esse processo reduz seu valor nutricional e adiciona altos teores de açúcar, gordura, sal, emulsificantes e aromatizantes artificiais.

De acordo com o sistema NOVA, que classifica os alimentos por grau de processamento:

  • Grupo 1: Alimentos in natura ou minimamente processados (frutas, legumes, grãos integrais).
  • Grupo 2: Ingredientes processados para cocção (óleos, açúcar, sal).
  • Grupo 3: Alimentos preservados (enlatados, fermentados).
  • Grupo 4: Ultraprocessados (salgadinhos, refrigerantes, fast food, nuggets).

Em países como EUA, Canadá e Reino Unido, os AUP já representam mais de 50% da ingestão calórica diária. Estudos anteriores já os relacionaram a doenças como diabetes tipo 2, obesidade e problemas cardiovasculares. Agora, a nova pesquisa aponta que eles também podem desencadear ou agravar a psoríase.

Como os pesquisadores chegaram a essa conclusão?

A pesquisa analisou dados de 121.019 participantes do UK Biobank, com idades entre 40 e 69 anos. Os cientistas acompanharam seus hábitos alimentares e a incidência de psoríase por 12 anos, considerando fatores como:

  • Consumo de alimentos ultraprocessados (dividido em quatro categorias, do menor ao maior consumo);
  • Histórico genético;
  • IMC;
  • Nível de atividade física;
  • Tabagismo e consumo de álcool.

O que os números revelam?

Os resultados do estudo mostram uma relação direta e preocupante entre alimentos ultraprocessados e psoríase:

  • Quanto mais industrializado, maior o perigo
  • Quem consumia uma quantidade moderada de ultraprocessados (segundo grupo) já tinha 7% mais risco de desenvolver psoríase
  • No terceiro grupo de consumo, o risco saltou para 19%
  • Quem mais abusou desses alimentos (quarto grupo) apresentou 23% mais chances de ter a doença

Pouco já faz diferença

A cada 10% a mais de ultraprocessados na dieta, o risco aumentava 6% – como se cada pacote de bolacha ou porção de nuggets contasse pontos contra a saúde da pele.

Genética + dieta = risco triplicado

Quem já tinha predisposição genética e consumia muitos ultraprocessados teve risco quase três vezes maior do que pessoas com baixa predisposição que se alimentavam melhor.

O peso importa, mas não é tudo

Cerca de 30% do risco estava ligado ao IMC – mostrando que a obesidade piora a situação, mas mesmo pessoas com peso normal não estão totalmente protegidas se abusarem desses alimentos.

A boa notícia: trocar funciona!

Quando os participantes substituíam apenas 20% dos ultraprocessados por alimentos naturais (como frutas, legumes e grãos), o risco de psoríase caía 18%. Ou seja: pequenas mudanças já fazem uma diferença significativa.

Traduzindo: Não é preciso eliminar totalmente os industrializados, mas quanto menos espaço eles ocuparem no prato, melhor para sua pele e saúde como um todo.

Por que os ultraprocessados pioram a psoríase?

Os pesquisadores destacam dois mecanismos principais:

Inflamação Sistêmica:

  • Alimentos ultraprocessados são pobres em fibras e antioxidantes, mas ricos em aditivos que perturbam a microbiota intestinal e aumentam marcadores inflamatórios.
  • Estudos anteriores já associaram esses alimentos a níveis elevados de IgE (relacionado a alergias) e condições como asma e eczema.

Obesidade e Resistência à Insulina:

  • Alimentos ultraprocessados contribuem para o ganho de peso, que por si só é um fator de risco para psoríase.
  • A gordura corporal libera citocinas pró-inflamatórias, piorando a condição.

A dieta como forma de prevenção

Esta é a primeira pesquisa prospectiva a relacionar diretamente o consumo de alimentos ultraprocessados com a incidência de psoríase. Os resultados sugerem que reduzir alimentos industrializados e priorizar opções naturais pode ser uma estratégia eficaz para prevenir a doença.

Recomendações práticas:

  • Evite: Refrigerantes, salgadinhos, fast food, nuggets, salsichas e outros embutidos.
  • Prefira: Frutas, legumes, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis (azeite, castanhas).
  • Controle o peso: Manter um IMC saudável reduz a inflamação e o risco de psoríase.

Embora mais estudos sejam necessários, a mensagem é clara: o que comemos não afeta apenas o peso e o coração, mas também a saúde da pele.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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