Arroz integral é realmente seguro para crianças menores de 5 anos? O que cientistas descobriram

O arroz integral é seguro para crianças menores de 5 anos? Estudo revela riscos do arsênio e como equilibrar nutrição e segurança. Saiba mais.

O arroz integral é frequentemente recomendado como uma opção mais saudável do que o arroz branco, graças ao seu alto teor de fibras, vitaminas e minerais.

No entanto, um alerta recente tem chamado a atenção de pais e nutricionistas: a possível presença de arsênio, um elemento tóxico, em níveis que podem ser preocupantes para crianças pequenas.

A questão que surge, então, é: o arroz integral é seguro para crianças menores de cinco anos? A resposta não é simples.

Enquanto ele oferece nutrientes essenciais para o crescimento, também pode conter concentrações mais altas de arsênio inorgânico — uma substância associada a riscos para a saúde quando consumida em excesso, especialmente em fases críticas do desenvolvimento infantil.

Nos primeiros anos de vida, a alimentação desempenha um papel fundamental na formação do sistema imunológico, cognitivo e metabólico. Por isso, é crucial equilibrar os benefícios nutricionais dos alimentos com possíveis riscos à saúde.

O arroz, seja integral ou branco, é um alimento básico em muitas culturas, mas será que deve ser oferecido sem restrições às crianças?

Este artigo examina os prós e contras do consumo de arroz integral na primeira infância, com base em evidências científicas recentes, e oferece orientações práticas para pais e cuidadores que desejam tomar decisões informadas sobre a alimentação dos pequenos.

Pesquisa avaliou os riscos do arroz integral para crianças menores de 5 anos

Um estudo recente publicado na revista Risk Analysis alerta para um possível risco oculto: a exposição a níveis elevados de arsênio em crianças menores de cinco anos que consomem esse alimento regularmente.

A pesquisa comparou a exposição ao arsênio entre consumidores de arroz branco e integral nos Estados Unidos, revelando que o arroz integral pode conter quantidades significativamente maiores desse elemento tóxico, especialmente em crianças pequenas, que consomem mais arroz por peso corporal do que os adultos.

Por que o arroz integral contém mais arsênio?

O arroz integral é menos processado que o branco, mantendo o germe e o farelo, onde se concentram muitos nutrientes.

No entanto, essa mesma camada de farelo retém também níveis mais altos de arsênio inorgânico — uma substância associada a riscos para a saúde, como doenças cardiovasculares e câncer, mesmo em baixas concentrações.

De acordo com o estudo, o farelo do arroz contém 72% a 98% mais arsênio inorgânico do que a parte interna do grão (endosperma).

Isso explica por que o arroz integral apresenta maior risco de toxicidade em comparação ao arroz branco polido.

Além disso, fatores como variedade do arroz, local de cultivo e métodos agrícolas influenciam a quantidade de arsênio presente no alimento.

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Crianças são as mais afetadas

Uma das descobertas mais preocupantes da pesquisa é que crianças com menos de cinco anos consomem até três vezes mais arroz por peso corporal do que os adultos, aumentando significativamente sua exposição ao arsênio quando o arroz integral faz parte da dieta habitual.

Os dados analisados mostraram que:

  • Crianças entre 6 e 24 meses que comem arroz integral regularmente ingerem, em média, 0,295 μg/kg de peso corporal por dia de arsênio, ultrapassando o limite de segurança estabelecido (0,21 μg/kg/dia).
  • Bebês menores de seis meses em subgrupos específicos também apresentaram ingestão elevada (0,221 μg/kg/dia), acima do considerado seguro.

Embora o arsênio no arroz cultivado nos EUA seja ligeiramente menor do que em fontes internacionais, a diferença não é suficiente para eliminar o risco em crianças pequenas.

E os adultos?

Para a população adulta, os níveis de exposição ao arsênio através do consumo de arroz (tanto integral quanto branco) permanecem dentro de limites considerados seguros.

No entanto, o estudo ressalta que mais pesquisas são necessárias para entender se os benefícios nutricionais do arroz integral — como a presença de fibras e micronutrientes — podem compensar o aumento da exposição ao arsênio.

É possível reduzir o arsênio no arroz?

Algumas práticas culinárias podem ajudar a diminuir os níveis de arsênio no arroz, como:

  • Parboilização (processo que envolve pré-cozimento e secagem do grão).
  • Lavar bem o arroz antes do cozimento.
  • Cozinhar com excesso de água e descartar a sobra (método semelhante ao do preparo de macarrão).

No entanto, o estudo não incorporou essas variáveis em suas estimativas, o que significa que os dados podem subestimar ou superestimar a exposição real, dependendo dos hábitos alimentares de cada família.

O que isso significa para as famílias?

Os resultados não sugerem que o arroz integral deva ser completamente evitado, mas indicam a necessidade de moderação e atenção especial na alimentação de crianças pequenas. Algumas recomendações práticas incluem:

  • Diversificar a dieta infantil, incluindo outros cereais integrais (como quinoa, aveia e trigo sarraceno) para reduzir a dependência do arroz como fonte principal de carboidratos.
  • Optar pelo arroz branco em algumas refeições, especialmente para crianças menores de cinco anos, já que ele contém menos arsênio.
  • Consultar um pediatra ou nutricionista para ajustar a alimentação de acordo com as necessidades individuais da criança.

O arroz integral tem vantagens nutricionais inegáveis, mas seu consumo por crianças pequenas exige cautela.

Enquanto mais pesquisas são necessárias para entender completamente a relação entre os benefícios do farelo e os riscos do arsênio, pais e cuidadores devem estar cientes dos possíveis perigos e adotar estratégias para minimizar a exposição.

A ciência da nutrição está em constante evolução, e estudos como esse reforçam a importância de basear escolhas alimentares em evidências — especialmente quando se trata da saúde dos mais jovens.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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