Autismo e paracetamol: OMS se posicionou sobre o tema

O tema autismo e paracetamol ganhou destaque após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que relacionou o uso do medicamento durante a gravidez a um suposto aumento do risco de autismo em crianças.

Nas falas, ele citou o Tylenol, marca pela qual o paracetamol é conhecido nos Estados Unidos.

A declaração, sem respaldo científico, foi rapidamente contestada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que reafirmou não existir comprovação de que o paracetamol ou as vacinas causem autismo.

Autismo e Paracetamol: OMS esclarece a polêmica

Segundo a OMS, embora alguns estudos observacionais tenham levantado a hipótese de uma possível associação entre o uso de paracetamol durante a gestação e o desenvolvimento do autismo, os resultados permanecem inconsistentes.

Vários estudos não estabeleceram tal relação, e é preciso cautela antes de concluir que existe uma relação causal”, afirmou o porta-voz da entidade, Tarik Jasarevic, em coletiva de imprensa.

Na prática, o paracetamol (também conhecido como acetaminofeno) continua sendo recomendado para gestantes para aliviar dores e febre de forma segura.

Outras medicações comuns, como aspirina e ibuprofeno, são contraindicadas, especialmente no fim da gravidez, por oferecerem riscos maiores à saúde da mãe e do bebê.

Vacinas também foram alvo de desinformação

Na mesma declaração, Trump voltou a questionar a segurança das vacinas e sugeriu mudanças no calendário vacinal infantil.

A OMS foi categórica ao rejeitar essa ideia:

Vacinas salvam vidas, sabemos disso. Vacinas não causam autismo.

Segundo a OMS, alterar ou atrasar calendários de vacinação sem respaldo científico coloca em risco não apenas as crianças, mas toda a comunidade, pois aumenta a possibilidade de disseminação de doenças infecciosas.

O que dizem as entidades ligadas ao autismo

A fala de Trump também gerou reações de organizações que defendem os direitos das pessoas autistas.

A Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas (Autistas Brasil) divulgou nota de repúdio às declarações.

Arthur Ataide Ferreira Garcia, vice-presidente da entidade, destacou que “até o momento, não há ensaios clínicos randomizados, metanálises robustas ou grandes estudos populacionais que apontem uma relação real entre o uso de paracetamol e casos de autismo”.

Segundo a Autistas Brasil, falas como a de Trump podem influenciar negativamente políticas públicas e alimentar movimentos que ainda defendem uma suposta “cura” para o autismo.

“O autismo não é doença e não precisa de cura. O que a sociedade deve buscar são políticas públicas que promovam emancipação, e isso se dá com acessibilidade, educação inclusiva, cuidado humanizado e emprego apoiado”, destacou Garcia.

O que a ciência mostra até agora

O número de diagnósticos de autismo tem crescido nas últimas décadas, especialmente em países como os Estados Unidos.

Contudo, especialistas ressaltam que esse aumento está muito mais relacionado ao avanço nos métodos de diagnóstico e ao maior conhecimento sobre o transtorno do que a uma epidemia.

A OMS estima que cerca de 62 milhões de pessoas em todo o mundo vivam hoje com algum transtorno do espectro autista.

A entidade reforça a necessidade de ampliar pesquisas sobre causas, fatores de risco e formas de apoio, mas rejeita qualquer afirmação sem base científica que associe diretamente autismo e paracetamol.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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