AVC: sinais de alerta, prevenção e o poder dos primeiros minutos

Quando se fala em derrame cerebral, poucos realmente percebem que não se trata apenas de uma emergência hospitalar, mas de uma encruzilhada de vida.

Dados da Sociedade Brasileira de AVC (SBAVC) e do estudo global Global Burden of Disease (GBD) revelam que um em cada quatro adultos enfrentará um AVC ao longo da vida, e que até 90% dos casos poderiam ser evitados com escolhas conscientes.

Quando falamos de derrame, não falamos apenas de cérebro ou de vasos. Falamos de vidas paradas, de sonhos interrompidos, de famílias que recomeçam.

E o fato de a maioria dos casos ser evitável nos desafia.

AVC: o que realmente está em jogo

São dois perfis principais: o AVC isquêmico, responsável por aproximadamente 85% dos casos, e o hemorrágico, que ocorre quando um vaso se rompe dentro do crânio.

Ambos são graves. O que muda é a forma de atendimento; o que não muda é a urgência.

Os fatores de risco? Aqui não há mistério: hipertensão não controlada, colesterol alto, diabetes, tabagismo, sedentarismo e histórico familiar são os pilares desse cenário silencioso.

A hipertensão é o grande vilão invisível, muitas pessoas só descobrem que têm após o susto.

Há sinais que, se reconhecidos a tempo, podem marcar a diferença entre a recuperação plena e sequelas irreversíveis.

A sigla SAMU ajuda a identificar rapidamente:

  • S – Sorriso: um lado do rosto fica caído;
  • A – Abraço: o braço de um lado não responde;
  • M – Música: a fala sai confusa, difícil, como se estivesse “cantarolando errado”;
  • U – Urgência: ligar para o serviço de emergência (192) antes de qualquer outra coisa.

Cada minuto de espera significa milhões de neurônios perdidos. Responsabilidade médica e cidadã caminham juntas.

E se isso acontecer comigo?

O diagnóstico exige exames de imagem (tomografia ou ressonância) para definir o tipo e o local do AVC.

O tratamento depende: o isquêmico pode exigir medicação para dissolver coágulos; o hemorrágico, intervenção cirúrgica urgente.

Quanto mais precoce for o atendimento, melhor o resultado.

A janela ideal de quatro horas e meia após o início dos sintomas ainda é real para muitos pacientes. Depois disso, o risco sobe muito.

Por que colocar a prevenção na frente

É aqui que a história muda de cor. Porque não estamos apenas falando de doenças, estamos falando de escolhas: comer bem, se mexer, não fumar, dormir com qualidade, monitorar a pressão e o colesterol.

Até 90% dos AVCs poderiam ser evitados com simples ajustes no estilo de vida.

Cuidar da saúde do cérebro é cuidar da sua história. E essa escolha está nas suas mãos.

Depois do susto: reconstrução

Para quem sobrevive ao AVC, o caminho de volta exige tempo, paciência e uma equipe.

Fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional — todas trabalham para restabelecer o que foi perdido.

Não é apenas voltar a andar ou falar: é voltar a viver.

Leitura Recomendada: Entenda comigo as principais doenças da coluna e como elas afetam a qualidade de vida

Dra. Ingra Souza é neurocirurgiã, com atuação em crânio, coluna e dor. É coautora do estudo “Therapeutic anticoagulation for venous thromboembolism after recent brain surgery” (Clin Neurol Neurosurg, 2020) e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN). Atende no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

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Dra. Ingra Souza
Dra. Ingra Souza

Ingra Souza é neurocirurgiã, com atuação em cirurgias de crânio, coluna e dor. É coautora do estudo Therapeutic anticoagulation for venous thromboembolism after recent brain surgery (Clin Neurol Neurosurg, 2020). Membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), atende no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

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