Você pode ensinar seu bebê no útero a gostar de comida saudável – veja como

Você sabia que o bebê no útero pode começar a formar suas preferências alimentares antes mesmo de nascer? Um estudo conduzido pela Universidade de Durham, no Reino Unido, sugere que os fetos conseguem sentir e memorizar os sabores dos alimentos consumidos pela mãe durante a gravidez.

Publicada no periódico científico Appetite, essa pesquisa pode ajudar a entender como incentivar hábitos alimentares mais saudáveis desde os primeiros momentos da vida.

A investigação contou com a colaboração de cientistas da Aston University (Reino Unido), do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) e da Universidade de Borgonha (França).

Embora os resultados sejam promissores, os próprios pesquisadores destacam que mais estudos são necessários para entender os efeitos a longo prazo dessa exposição precoce aos sabores.

Mas como os cientistas chegaram a essa conclusão? Como o bebê no útero percebe os sabores e como isso pode influenciar sua alimentação no futuro?

A seguir, entenda os detalhes dessa pesquisa e o que ela revela sobre a formação do paladar ainda na gestação.

Ultrassons 4D revelam reações do bebê no útero aos sabores

Os pesquisadores analisaram as expressões faciais de fetos cujas mães consumiram cápsulas contendo pó de cenoura ou de couve.

No estudo inicial, realizado em 2022, foram utilizados ultrassons 4D para registrar as reações dos bebês no útero.

As imagens mostraram que os fetos expostos à cenoura frequentemente faziam expressões faciais semelhantes a sorrisos, enquanto os que foram expostos à couve demonstravam mais caretas de desagrado.

Já no estudo mais recente, os cientistas acompanharam esses bebês após o nascimento para entender se essa exposição precoce influenciaria suas reações aos mesmos odores.

As mães continuaram ingerindo as cápsulas de cenoura ou couve diariamente por três semanas até o parto.

Quando os bebês completaram aproximadamente três semanas de vida, os pesquisadores testaram suas reações a esses odores.

Os pesquisadores aproximaram cotonetes com cheiro de cenoura, couve ou apenas água do nariz dos bebês para observar suas reações. Eles não provaram os alimentos, apenas sentiram o aroma.

Bebê no útero memoriza sabores e reage a odores familiares

Os resultados mostraram que os bebês que foram expostos à cenoura no útero reagiram de forma mais positiva ao cheiro desse alimento após o nascimento.

Eles apresentaram expressões faciais agradáveis, sugerindo que já estavam familiarizados com o aroma.

Da mesma forma, os bebês que tiveram contato com a couve no útero reagiram mais positivamente ao cheiro do vegetal depois de nascidos.

Isso indica que a repetida exposição ao sabor no útero pode reduzir a rejeição a determinados alimentos, mesmo os que têm um gosto mais amargo, como a couve.

Além disso, os pesquisadores observaram um aumento nas expressões de “cara de riso” e uma redução nas de “cara de choro” quando os bebês foram expostos ao mesmo cheiro que haviam sentido no útero.

Isso reforça a hipótese de que o bebê no útero não apenas percebe os sabores, mas também pode desenvolver uma preferência alimentar com base no que a mãe consome durante a gravidez.

Como o bebê no útero percebe os sabores?

Os fetos entram em contato com os sabores através do líquido amniótico, que contém vestígios dos alimentos ingeridos pela mãe.

Como eles engolem e inalam esse líquido regularmente, acabam sendo expostos a diferentes gostos e aromas.

O olfato desempenha um papel fundamental nesse processo. Como o sabor dos alimentos é percebido por uma combinação de paladar e cheiro, a exposição a diferentes aromas no útero pode ajudar os bebês a se familiarizarem com certos alimentos antes mesmo de prová-los diretamente.

Preferência alimentar pode ser influenciada na gravidez?

Os resultados desse estudo sugerem que a alimentação da gestante pode impactar a formação da preferência alimentar do bebê.

Se a mãe consome regularmente vegetais, frutas e outros alimentos saudáveis durante a gravidez, há uma chance maior de que o bebê aceite esses sabores com mais facilidade no futuro.

Isso significa que as gestantes podem começar a estimular uma preferência alimentar saudável em seus bebês simplesmente mantendo uma dieta equilibrada e nutritiva ao longo da gravidez.

Esse processo pode facilitar a introdução alimentar após o nascimento, reduzindo a resistência dos pequenos a sabores mais amargos, como os dos vegetais verdes.

Limitações do estudo e necessidade de mais pesquisas

Apesar dos resultados animadores, os cientistas ressaltam que esse estudo tem algumas limitações.

Uma das principais é a ausência de um grupo de controle que não tenha sido exposto a sabores específicos no útero.

Sem esse comparativo, ainda não é possível afirmar com total certeza que a exposição aos sabores foi o fator determinante para as reações dos bebês após o nascimento.

Além disso, o estudo foi conduzido apenas com filhos de mães britânicas brancas.

Os pesquisadores destacam que futuras investigações devem incluir populações de diferentes origens culturais para entender se a aceitação dos sabores pode variar de acordo com hábitos alimentares regionais e genéticos.

O papel da mãe na formação do paladar do bebê

A professora Jackie Blissett, da Universidade de Aston, destaca que os achados reforçam a ideia de que os sabores consumidos pela mãe na gravidez são aprendidos pelo bebê no útero, preparando-o para os alimentos que provavelmente encontrará após o nascimento.

Já o professor Benoist Schaal, do CNRS da Universidade de Borgonha, explica que os fetos não apenas detectam pequenas quantidades dos sabores ingeridos pela mãe, mas também reagem e lembram deles por longos períodos.

Segundo ele, isso sugere que as mães desempenham um papel fundamental ao fornecer as primeiras memórias de odores e sabores para seus bebês.

O que isso significa para as gestantes?

Se você está grávida ou conhece alguém que esteja, essa pesquisa pode ser um incentivo para manter uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes.

Como o bebê no útero pode desenvolver uma preferência alimentar com base nos sabores consumidos pela mãe, incluir uma variedade de frutas, legumes e vegetais na dieta pode ajudar o bebê a aceitar esses alimentos mais facilmente no futuro.

Embora mais estudos sejam necessários para entender os impactos de longo prazo, os resultados já apontam que o paladar pode começar a ser moldado antes mesmo do nascimento.

Isso pode ser um passo importante na construção de hábitos alimentares saudáveis desde os primeiros anos de vida.

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Kethlyn Bukner
Kethlyn Bukner

Graduanda de Biomedicina pela Unicesumar no Paraná, também possui quatro anos de experiência na área de Farmácia, através do curso técnico.

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