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Café e diabetes: estudo revela o que algumas xícaras por dia fazem no corpo feminino
Entenda a relação entre café e diabetes e descubra como a bebida pode melhorar a sensibilidade à insulina em mulheres.
Café e diabetes – Uma das bebidas mais consumidas no mundo, pode ser uma aliada no cuidado com o diabetes, especialmente quando consumido sem açúcar ou creme.
Um estudo publicado na revista científica Nutrients analisou a relação entre café e diabetes e trouxe dados animadores: entre as mulheres, o consumo de café preto foi associado a uma melhora significativa na sensibilidade à insulina.
Realizado com adultos sul-coreanos, o estudo foi um dos primeiros a considerar o tipo de café consumido ao investigar os impactos da bebida no metabolismo da glicose.
Os resultados sugerem que o café preto pode contribuir para reduzir a resistência à insulina, um dos principais fatores ligados ao desenvolvimento do diabetes tipo 2.
Café e diabetes: o que já se sabia?
Estudos anteriores já sugeriam que cada xícara adicional de café poderia reduzir em até 6% o risco de desenvolver diabetes tipo 2 (mesmo em versões descafeinadas).
Esse efeito estaria ligado à presença de polifenóis e outras substâncias bioativas que podem melhorar a sensibilidade à insulina.
Mas os mecanismos por trás dessa relação ainda não estão totalmente esclarecidos.
Além disso, muitas pesquisas não levavam em conta o tipo de café consumido; um detalhe essencial, considerando que versões com açúcar e gordura podem ter efeitos metabólicos diferentes.
Como foi feito o estudo coreano
A pesquisa utilizou dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição da Coreia (KNHANES), coletados entre 2019 e 2021.
Participaram 7.453 adultos entre 19 e 64 anos. Todos informaram o tipo e a quantidade de café que consumiram nas 24 horas anteriores, sendo classificados como:
- Não consumidores;
- Consumidores de 1 xícara;
- Consumidores de 2 xícaras;
- Consumidores de 3 ou mais xícaras por dia.
O tipo de café também foi considerado: preto ou com adição de açúcar e/ou creme.
Os pesquisadores avaliaram a relação entre o consumo da bebida e vários marcadores do metabolismo da glicose:
- Glicose em jejum;
- Insulina em jejum;
- HOMA-IR (indicador de resistência à insulina);
- HbA1c (hemoglobina glicada);
- HOMA-β (função das células beta do pâncreas).
Principais resultados: café preto se destacou
De maneira geral, o consumo de duas xícaras de café por dia foi associado a uma redução de 23% nos níveis elevados de insulina em jejum ou HOMA-IR.
Entre os consumidores de café preto, os efeitos foram ainda mais expressivos, principalmente entre as mulheres.
Veja os dados:
- Até 1 xícara por dia:
- HOMA-IR: redução de 26%
- Insulina em jejum: redução de 21%
- 2 ou mais xícaras por dia:
- HOMA-IR: redução de 27%
- Insulina em jejum: redução de 30%
- 3 ou mais xícaras por dia:
- HOMA-IR: redução de 34%
- Insulina em jejum: redução de 36%
Esses números mostram que a relação entre café e diabetes pode ser bastante positiva, principalmente entre mulheres que consomem café preto de forma regular.
E o café com açúcar ou creme?
O estudo mostrou que a adição de açúcar ou creme ao café não apresentou impacto significativo nos marcadores analisados.
Ainda assim, os maiores benefícios foram observados entre os consumidores de café preto puro.
Ou seja: para quem busca melhorar a sensibilidade à insulina, optar por versões sem adição de açúcar ou gordura parece ser a escolha mais saudável.
Por que o efeito foi maior nas mulheres?
Os pesquisadores apontam que o motivo pode estar ligado à ação hormonal.
As mulheres tendem a ter níveis mais altos de SHBG (globulina ligadora de hormônios sexuais), graças ao estrogênio, e essa substância parece ter um efeito protetor sobre o metabolismo da glicose.
Além disso, mulheres geralmente fumam e consomem álcool com menos frequência que os homens, o que pode contribuir para resultados mais positivos quando associam a bebida a uma rotina alimentar equilibrada.
Café melhora a sensibilidade à insulina, mas não a função pancreática
Um dado importante: o consumo de café não parece melhorar a função das células beta do pâncreas (HOMA-β), responsáveis pela produção de insulina.
O principal benefício observado foi a melhora na sensibilidade à insulina; ou seja, na capacidade do corpo de usar essa substância de forma mais eficiente.
Esse é um ponto importante, já que a resistência à insulina é um dos primeiros sinais de alerta para o desenvolvimento do diabetes tipo 2.
Possíveis mecanismos por trás dos efeitos positivos do café:
Tem ação anti-inflamatória e antioxidante, graças à cafeína e aos polifenóis (compostos naturais do café);
Pode reduzir a quantidade de açúcar absorvida pelo intestino após as refeições;
Diminui a liberação de glicose pelo fígado, o que ajuda a manter os níveis de açúcar no sangue mais estáveis;
Ajuda a equilibrar hormônios e enzimas que controlam o metabolismo da glicose no corpo.
Consumo excessivo pode não trazer benefícios adicionais
Curiosamente, o estudo observou que os benefícios deixam de ser estatisticamente significativos quando o consumo ultrapassa três xícaras de café por dia.
Isso pode ter acontecido porque poucas pessoas tomavam essa quantidade, ou porque os benefícios do café param de aumentar depois de certo ponto.
Por isso, mesmo com os bons resultados, a recomendação continua sendo: moderação é a chave.
Café e diabetes: o que aprendemos com esse estudo
O consumo de até 2 a 3 xícaras de café preto por dia está associado a melhor sensibilidade à insulina, especialmente entre as mulheres.
Café com açúcar ou creme não apresentou os mesmos efeitos positivos.
Os benefícios parecem estar ligados a compostos bioativos do café, como polifenóis e cafeína.
Novos estudos são necessários para confirmar esses achados em outras populações e investigar os mecanismos envolvidos.
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