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Ele está no corpo de quase todos — e pode influenciar um tipo de câncer
Pesquisadores acabam de identificar uma peça importante no quebra-cabeça do câncer de bexiga.
Um estudo publicado na revista Science Advances indica que um vírus muito comum (o vírus BK) pode criar um ambiente discreto, mas capaz de iniciar mutações que, ao longo do tempo, evoluem para tumores.
Isso pode acontecer mesmo depois de a infecção ter cessado no local.
Um vírus que quase todo mundo carrega sem saber
O câncer de bexiga sempre intrigou os cientistas, principalmente porque muitos tumores apresentam um padrão de mutações causado por enzimas do grupo APOBEC3.
Elas fazem parte das defesas naturais do organismo e atuam contra vírus.
O problema é que, quando são acionadas de forma exagerada, podem acabar danificando o próprio DNA das células.
Faltava entender o que provocava esse estado de hiperatividade.
O novo estudo aponta o vírus BK como um possível gatilho.
Ele infecta a maioria das pessoas ainda na infância, permanece inativo nos rins e costuma ser inofensivo.
Mas pode ser reativado quando o sistema imunológico está mais fragilizado; algo que pode acontecer com o envelhecimento ou durante tratamentos que reduzem a imunidade.
Quando isso ocorre, o vírus pode alcançar a bexiga e infectar algumas células da camada superficial.
É aí que o processo ganha outra dimensão.
O efeito dominó dentro da bexiga
Os pesquisadores viram que, quando uma célula é infectada pelo vírus BK, o corpo tenta eliminá-la; ela literalmente é empurrada para fora do tecido.
Mas o maior problema acontece com as células ao redor, que não estão infectadas.
Elas recebem sinais de alerta e acionam as enzimas APOBEC3 com força total.
Essa reação é uma tentativa de defesa, mas acaba criando um efeito colateral: pequenos erros no DNA vão se acumulando ao longo do tempo.
Os cientistas chamaram esse processo de “transmutagênese”, ou seja, mutações que surgem em células que nunca tiveram o vírus dentro delas, como se o dano fosse provocado à distância.
Com o passar dos meses ou anos, algumas dessas células alteradas podem começar a se multiplicar demais e dar origem aos primeiros focos de câncer de bexiga.
Quando esse tumor surge, a infecção já não está mais ativa, o que explica por que o vírus BK quase nunca aparece nas biópsias.
Um possível novo caminho para prevenção
O estudo sugere que parte dos casos de câncer de bexiga pode começar em episódios de reativação do vírus BK ao longo da vida.
Com isso, abre-se a possibilidade de que, no futuro, antivirais ou até vacinas ajudem a reduzir esse impacto e, quem sabe, diminuir o risco de novos tumores.
Ainda não há tratamentos específicos contra o BKPyV, mas a descoberta inaugura um novo campo de pesquisa.
Por enquanto, não muda a prática médica, mas amplia o entendimento sobre a origem desses tumores e aponta uma nova perspectiva de prevenção.
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