Câncer de boca: o que você precisa saber sobre prevenção, sintomas e tratamento

Saiba como identificar sinais, prevenir e tratar o câncer de boca, com destaque para a importância da vacinação contra o HPV.

O câncer de boca ainda é uma doença pouco falada, mas que merece toda a nossa atenção.

Ele pode atingir diferentes regiões da cavidade oral, como os lábios, a língua, as gengivas, o céu da boca, as bochechas e o assoalho da boca (região embaixo da língua).

Apesar de ser um câncer que pode ser identificado visualmente e até mesmo tocado, muitos casos ainda são diagnosticados tardiamente, o que compromete o sucesso do tratamento.

Entendendo melhor o que é o câncer de boca

O câncer de boca é um tipo de tumor maligno que surge quando células da mucosa bucal sofrem mutações no seu DNA e passam a se multiplicar de forma descontrolada.

Com o tempo, essas células formam uma massa que pode invadir tecidos vizinhos e, em casos mais graves, se espalhar para outras partes do corpo, o que chamamos de metástase.

Esse tipo de câncer faz parte dos chamados tumores de cabeça e pescoço e representa um desafio importante na saúde pública.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados mais de 15 mil novos casos de câncer de boca por ano no Brasil, com maior incidência entre homens acima dos 40 anos.

Quais são os principais fatores de risco?

O surgimento do câncer de boca está fortemente ligado a hábitos de vida, especialmente:

  • Tabagismo: o cigarro é o principal fator de risco. Fumar cigarros, charutos, cachimbos ou até mascar fumo aumenta significativamente a chance de desenvolver a doença.
  • Consumo de bebidas alcoólicas: especialmente em excesso e associado ao fumo.
  • Exposição solar sem proteção: afeta principalmente os lábios, especialmente em pessoas que trabalham ao ar livre.
  • Má higiene bucal: inflamações crônicas causadas por próteses mal adaptadas, dentes quebrados ou feridas recorrentes podem favorecer o desenvolvimento do câncer.
  • Infecção pelo vírus HPV: o papilomavírus humano, especialmente os subtipos 16 e 18, está relacionado ao câncer de orofaringe, mas também pode estar presente na cavidade oral.

Vale lembrar que a combinação de fatores (como fumar e beber) aumenta ainda mais o risco.

Quais os sinais e sintomas do câncer de boca?

Um dos grandes desafios do câncer de boca é que ele pode passar despercebido nos estágios iniciais.

No entanto, alguns pontos devem acender o alerta, como:

  • Feridas na boca ou nos lábios que não cicatrizam em até 15 dias;
  • Manchas brancas, vermelhas ou escuras na mucosa;
  • Caroços ou nódulos na região bucal ou no pescoço;
  • Dificuldade ou dor ao engolir e mastigar;
  • Dor persistente na boca ou garganta;
  • Sensação de dormência em partes da boca;
  • Mau hálito constante.

Nem todo sintoma é sinal de câncer, mas toda alteração persistente deve ser avaliada por um profissional de saúde.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do câncer de boca começa com o exame clínico feito por um médico ou dentista.

Em caso de suspeita, é indicada uma biópsia, que consiste na retirada de uma pequena amostra da lesão para análise laboratorial.

Exames de imagem, como tomografia e ressonância magnética, também podem ser solicitados para verificar se há comprometimento de outras estruturas ou linfonodos (gânglios linfáticos).

O diagnóstico precoce é fundamental.

Quando identificado nos estágios iniciais, o câncer de boca tem uma taxa de cura que pode ultrapassar 80%.

Quais são as opções de tratamento?

O tratamento do câncer de boca depende de vários fatores, como o estágio da doença, o tamanho do tumor, sua localização e o estado geral de saúde do paciente.

As principais formas de tratamento incluem:

  • Cirurgia: é o método mais comum e consiste na retirada do tumor. Em alguns casos, é necessário remover parte de estruturas vizinhas, como pedaços da língua ou do osso da mandíbula.
  • Radioterapia: utiliza radiação para destruir as células cancerígenas. Pode ser usada isoladamente ou em conjunto com outros tratamentos.
  • Quimioterapia: indicada em casos mais avançados ou quando há metástases. Pode ser usada para potencializar os efeitos da radioterapia.
  • Terapia de suporte: envolve acompanhamento com fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos, pois o tratamento pode afetar a fala, a alimentação e o bem-estar emocional.

É possível prevenir o câncer de boca?

Sim, e essa é uma das mensagens mais importantes.

O câncer de boca é, em grande parte, prevenível com atitudes simples:

  • Pare de fumar: mesmo quem já fumou por muitos anos se beneficia ao parar;
  • Modere o consumo de álcool: especialmente bebidas destiladas;
  • Use protetor labial com filtro solar: especialmente se trabalha ao ar livre;
  • Mantenha uma boa higiene bucal e visite o dentista regularmente;
  • Esteja atento a lesões que não cicatrizam;
  • Considere a vacinação contra o HPV, especialmente em adolescentes.

A importância da vacinação contra o HPV na prevenção do câncer de boca

O vírus do papiloma humano (HPV) está relacionado não apenas ao câncer de orofaringe, mas também pode contribuir para o desenvolvimento do câncer de boca. Por isso, a vacinação contra o HPV é uma estratégia fundamental na prevenção dessa doença.

O esquema vacinal é altamente eficaz e recomendado principalmente para crianças e adolescentes, antes do início da vida sexual, mas também pode beneficiar jovens e adultos em algumas situações.

A vacina protege contra os principais subtipos do vírus associados ao câncer, incluindo os tipos 16 e 18, que são responsáveis pela maioria dos casos relacionados ao HPV.

Além da prevenção do câncer de boca, a vacinação reduz o risco de outras doenças causadas pelo HPV, como o câncer do colo do útero, do ânus e outras lesões genitais.

Seguir corretamente o esquema vacinal, com as doses indicadas pelo Ministério da Saúde, é uma medida segura e eficaz para reduzir a incidência desses cânceres.

Informação salva vidas

Como médico, vejo diariamente o impacto do diagnóstico precoce na vida dos pacientes.

Quanto mais cedo uma condição de saúde é identificada, maiores são as chances de tratamento eficaz, cura e preservação da qualidade de vida.

Infelizmente, muitos pacientes chegam ao consultório tardiamente porque ignoraram sintomas, normalizaram dores persistentes ou não sabiam que sinais aparentemente simples (como uma ferida que não cicatriza) poderiam indicar algo mais sério.

No caso do câncer de boca, essa realidade se repete. Mas ela também vale para tantos outros tipos de câncer e doenças crônicas que podem ser silenciosas no início.

Por isso, falar sobre saúde, promover informação e incentivar o autocuidado é uma forma poderosa de salvar vidas.

Informação de qualidade salva vidas. E se notar algo diferente no seu corpo, não espere: cuide-se.

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Sou Dr. Victor Cordeiro Trevas, médico especialista em Oncologia

Siga no Instagram – @dr.victorcordeiroonco

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Dr. Victor Cordeiro Trevas
Dr. Victor Cordeiro Trevas

Sou médico, especialista em oncologia clinica, pelo hospital Felício Rocho. Atualmente trabalho na cidade de Manhuaçu onde coordeno o centro de oncologia da cidade. Atuo desde a prevenção até o tratamento do câncer incluindo quimioterapia, imunoterapia e hormonioterapia. Atuo também na parte da clínica médica onde busco tratar diversas comorbidades. Busco atender os pacientes tanto online quanto presencialmente sempre focando no paciente e nas perspectivas dele sobre a sua dor.
Graduação em Itaúna, 2016
Clínica médica Hospital Vera cruz 2021, Oncologia clínica Felício Rocho 2024

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