Por que você lembra de certas coisas e esquece outras? A ciência tem pistas

Por que o cérebro guarda algumas experiências por anos, enquanto outras desaparecem em poucas horas? A verdade é que nossa memória não funciona como um pendrive. Ela é dinâmica, seletiva e muda com o tempo.

Algumas cenas (como um susto, um cheiro da infância ou um momento marcante) ganham força. Outras, menos importantes, se apagam naturalmente.

Entender como a memória funciona começa justamente por essa seleção que o próprio cérebro faz.

Como a memória funciona: tudo começa no hipocampo (mas não termina ali)

Quando vivemos algo novo, o primeiro “ponto de parada” é o hipocampo.

Ele registra a experiência de forma rápida, quase como um rascunho.

O que determina se essa lembrança vai durar não está nesse primeiro registro, mas nas etapas seguintes, que envolvem outras regiões do cérebro e um conjunto de processos químicos que funcionam em sequência.

O que a ciência descobriu sobre o caminho das lembranças

Um estudo publicado na revista Nature acompanhou, por meio de realidade virtual, como camundongos criavam e reforçavam memórias. Isso ajudou os cientistas a ver como uma lembrança “viaja” dentro do cérebro.

O principal achado foi este: uma memória só dura quando o cérebro entende que ela é importante.

Quando algo se repete ou chama mais nossa atenção, essa lembrança recebe mais “reforços” e segue para outras partes do cérebro, como o tálamo e o córtex, onde fica mais estável.

Já as lembranças pouco relevantes não recebem reforço, e acabam sumindo com o tempo.

Os pesquisadores também descobriram que esse processo não acontece de uma vez.

Ele passa por vários pequenos passos, como se fossem “etapas de checagem”:

  • se a lembrança importa, ela avança para a próxima etapa;
  • se não importa, o processo para ali, e ela não vira uma memória de longo prazo.

O papel do tálamo na formação de memórias duradouras

Por muitos anos, o tálamo foi visto apenas como um centro de passagem de informações.

Agora, pesquisas mostram que ele tem um papel mais ativo do que se pensava.

Ele participa da seleção do que merece seguir para consolidação.

Isso não significa que o tálamo “decida” de forma consciente, mas sim que ele faz parte de um circuito que avalia, de maneira automática e biológica, quais informações devem ganhar reforço extra.

Depois dessa triagem, o material segue para o córtex, onde pode ganhar estabilidade de longo prazo.

Moléculas que ajudam a manter memórias firmes

O estudo também identificou três moléculas muito importantes para a “durabilidade” das lembranças: Camta1, Tcf4 e Ash1l.

As duas primeiras atuam no tálamo, e a terceira trabalha no córtex.

Para entender de um jeito fácil, essas moléculas funcionam como pequenos técnicos de manutenção da memória.

Elas não criam a lembrança, mas garantem que ela continue estável depois de formada.

Quando os cientistas desligaram essas moléculas nos camundongos, as memórias perderam força muito mais rápido.

Isso mostrou que elas são essenciais para manter certas lembranças vivas ao longo do tempo.

Por que essas descobertas importam para a saúde do cérebro

Entender como a memória se forma e se consolida ajuda a explicar por que doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, provocam tanta perda de informação.

Se o cérebro possui diversas rotas para reforçar memórias importantes, talvez no futuro seja possível estimular caminhos alternativos quando alguma área estiver comprometida.

Os pesquisadores agora buscam entender melhor o que faz o cérebro “priorizar” uma experiência.

A repetição parece ter peso, mas não é o único fator.

Emoções fortes, contexto e relevância também entram nessa equação, e ainda há muitas peças desse quebra-cabeça para serem descobertas.

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Michele Azevedo
Michele Azevedo

Formada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Arte na Educação e Psicopedagogia Escolar, idealizadora do site Escritora de Sucesso, empresária, redatora e revisora dos conteúdos do SaúdeLab.

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