Custos de ultraprocessados e álcool ao SUS: um impacto de R$ 28 bilhões por ano

O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas representa um impacto financeiro alarmante para o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Segundo um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), realizado em parceria com as organizações ACT Promoção da Saúde e Vital Strategies, os custos anuais atribuídos a esses produtos somam cerca de R$ 28 bilhões. Esses valores incluem gastos diretos com atendimentos médicos, custos indiretos relacionados a mortes prematuras e perda de produtividade.

Além disso, o impacto dessas substâncias está ligado a aproximadamente 160 mil mortes anuais.

A pesquisa destaca a urgência de implementar políticas públicas que reduzam o consumo desses produtos, utilizando estratégias como impostos seletivos e campanhas de conscientização.

A aplicação de tributos mais altos para itens prejudiciais à saúde pode não apenas financiar os custos gerados por eles, mas também promover escolhas alimentares mais saudáveis e reduzir a pressão sobre o SUS.

O impacto financeiro dos ultraprocessados e do álcool no SUS

Os dados do levantamento mostram que os alimentos ultraprocessados, como snacks industrializados e refrigerantes, geram um custo direto de R$ 933,5 milhões ao SUS por ano.

Quando se somam os custos indiretos, como perda de produtividade e mortes prematuras, o impacto chega a R$ 10,4 bilhões. Já o consumo de bebidas alcoólicas é ainda mais oneroso, resultando em um total de R$ 18,8 bilhões anuais.

Esses números não incluem gastos com atendimentos na rede suplementar, como clínicas privadas e planos de saúde, o que indica que os custos reais para a sociedade são ainda maiores.

O consumo excessivo desses produtos está diretamente relacionado a diversas condições de saúde, como obesidade, diabetes, hipertensão e doenças hepáticas. Esse cenário reflete uma crise de saúde pública que sobrecarrega o sistema de saúde e demanda intervenções urgentes.

Os especialistas defendem que medidas preventivas, além de tratar doenças já instaladas, são fundamentais para reduzir os gastos e melhorar a qualidade de vida da população.

Estratégias para reduzir o impacto no sistema de saúde

Entre as estratégias sugeridas para diminuir o impacto dos ultraprocessados e do álcool, destaca-se a implementação de impostos seletivos. Esse tipo de tributação já foi utilizado com sucesso em políticas de controle do tabagismo e poderia ser adaptado para outros produtos prejudiciais à saúde pública.

Segundo Marília Albiero, coordenadora da ACT Promoção da Saúde, os impostos seletivos têm dois benefícios principais: ajudam a financiar os custos de tratamento das doenças associadas ao consumo desses produtos e estimulam escolhas mais saudáveis por parte dos consumidores.

Ela afirma que, a longo prazo, essas medidas podem reduzir os custos do sistema de saúde, além de promover maior produtividade e longevidade.

Outras iniciativas incluem campanhas de conscientização para educar a população sobre os riscos do consumo excessivo desses produtos e regulamentações mais rígidas sobre a publicidade e comercialização de alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas.

Tributação seletiva: uma solução sustentável?

A adoção de impostos sobre produtos nocivos à saúde é uma pauta defendida pelas ONGs que participaram do estudo. Essa proposta busca não apenas financiar os custos associados ao consumo desses itens, mas também promover uma justiça tributária.

A lógica é que os setores que causam mais prejuízos à saúde pública contribuam proporcionalmente para os gastos que geram.

Além disso, a arrecadação extra gerada por essa tributação pode ser redirecionada para políticas públicas, como o fortalecimento do SUS e o financiamento de campanhas educativas. Para especialistas, esse modelo de tributação funciona em uma lógica de “ganha-ganha”, beneficiando tanto a saúde pública quanto a economia do país.

Outro ponto a ser considerado é que a medida pode atuar como uma ferramenta de equidade, já que os produtos ultraprocessados e o álcool têm um impacto desproporcional em populações mais vulneráveis, que enfrentam maior dificuldade para acessar serviços de saúde.

Os números alarmantes do impacto financeiro e humano causado pelo consumo de alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas no Brasil reforçam a necessidade de mudanças urgentes nas políticas públicas.

A implementação de impostos seletivos, combinada com campanhas de conscientização, pode ser um passo decisivo para enfrentar essa crise de saúde pública.

Ao desestimular o consumo de produtos nocivos e direcionar recursos para o fortalecimento do sistema de saúde, essas medidas podem promover um futuro mais saudável para a população e aliviar a pressão sobre o SUS.

Essa abordagem integrada não apenas reduz os custos econômicos, mas também salva vidas e melhora a qualidade de vida dos brasileiros.

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Fonte: Agência Brasil

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Redação SaúdeLab
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