Como a qualidade da dieta pode impactar o risco de progressão do câncer de próstata

Um estudo recente publicado na JAMA Oncology trouxe à tona a relação entre a qualidade da dieta e o risco de progressão do câncer de próstata em pacientes sob vigilância ativa.

A pesquisa analisou como mudanças na alimentação poderiam influenciar a possibilidade de homens diagnosticados com câncer de próstata de baixo grau (grau 1) passarem para estágios mais avançados da doença.

Esse tipo de vigilância é utilizado para monitorar o câncer sem a necessidade imediata de tratamento agressivo, mas a evolução da doença pode ocorrer ao longo do tempo.

Os resultados indicam que uma dieta de melhor qualidade pode ter um papel significativo na redução do risco de progressão, sugerindo uma possível alternativa menos invasiva para homens com câncer de próstata em estágio inicial.

O estudo e seus métodos

A pesquisa, realizada entre 2005 e 2017, envolveu 886 homens diagnosticados com câncer de próstata de grau 1. Para investigar a influência da dieta, os participantes preencheram um questionário sobre seus hábitos alimentares no início do acompanhamento.

O estudo de coorte prospectivo acompanhou os participantes por um período médio de 6,5 anos, com a análise dos dados ocorrendo entre outubro de 2023 e junho de 2024.

O foco da análise foi avaliar como a alimentação, medida por índices como o Índice de Alimentação Saudável (HEI) e o Índice de Inflamação Dietética Potencial (DII), poderia influenciar a reclasificação do câncer durante a vigilância ativa.

Resultados e descobertas importantes

O estudo revelou que, durante o acompanhamento, 21% dos participantes experimentaram uma progressão do câncer, sendo reclasificados para um estágio mais avançado (grau 2 ou superior), e 6% para estágios mais graves (grau 3 ou superior).

As taxas de reclasificação foram de 7% após três anos, 15% após cinco anos e 33% após dez anos de vigilância. Uma das descobertas mais significativas foi a relação entre uma alimentação de melhor qualidade e a redução do risco de progressão.

Aqueles que apresentaram melhores resultados no Índice de Alimentação Saudável (HEI) tiveram menor risco de evolução do câncer, com uma diminuição de 15% no risco de progressão para cada aumento padrão na pontuação desse índice.

A relação entre dieta e inflamação

Embora o estudo tenha encontrado uma associação entre a qualidade da dieta e a redução do risco de progressão do câncer de próstata, a análise dos índices de inflamação dietética (DII) não mostrou uma correlação significativa com a evolução da doença.

Isso sugere que, embora a dieta saudável seja importante, o impacto direto de certos alimentos que influenciam a inflamação no corpo pode não ser tão relevante para a progressão do câncer de próstata neste caso específico.

No entanto, isso não exclui a importância de uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes, que pode ter outros benefícios à saúde, além de potencialmente auxiliar no controle do câncer.

Opiniões de especialistas e implicações clínicas

Este estudo pode representar um marco para a medicina preventiva, especialmente para homens diagnosticados com câncer de próstata de baixo grau. A evidência de que uma alimentação mais saudável pode reduzir o risco de progressão da doença abre possibilidades de intervenção dietética como parte do tratamento.

Para muitos pacientes, isso poderia significar a diminuição da necessidade de terapias mais agressivas, como a cirurgia ou a radioterapia, além de melhorar a qualidade de vida ao longo do tratamento.

No entanto, os especialistas enfatizam que mais pesquisas são necessárias para confirmar esses resultados e entender melhor o impacto de cada componente alimentar.

A pesquisa publicada em JAMA Oncology sugere que, para homens com câncer de próstata em estágio inicial, uma dieta saudável pode ser um fator importante na redução do risco de progressão da doença.

Com base nos resultados, a adoção de hábitos alimentares mais equilibrados, como uma dieta rica em frutas, vegetais, fibras e com baixo teor de gordura saturada, pode oferecer uma forma de prevenção adicional, especialmente para aqueles que desejam evitar tratamentos invasivos.

Embora o estudo tenha suas limitações e mais investigações sejam necessárias, os achados oferecem uma nova perspectiva sobre como intervenções simples, como mudanças na alimentação, podem contribuir para a saúde e o bem-estar dos pacientes com câncer de próstata.

Fonte: Medscape e JAMA

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Elizandra Civalsci Costa
Elizandra Civalsci Costa

Farmacêutica (CRF MT n° 3490) pela Universidade Estadual de Londrina e Especialista em Farmácia Hospitalar e Oncologia pelo Hospital Erasto Gaertner. - Curitiba PR. Possui curso em Revisão de Conteúdo para Web pela Rock Content University e Fact Checker pela poynter.org. Contato (65) 99813-4203

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