Diverticulite: saiba o que é, as causas, complicações e tratamento

A diverticulite é uma condição que afeta o sistema digestivo e é cada vez mais comum, especialmente em adultos mais velhos. Ela ocorre quando pequenas bolsas, chamadas divertículos, presentes na parede do intestino, ficam inflamadas ou infeccionadas.

Embora muitas pessoas possam ter divertículos sem apresentar sintomas, a diverticulite pode causar desconforto abdominal significativo e, em casos mais graves, necessitar de cuidados médicos urgentes.

Este artigo do SaúdeLAB aborda o que você precisa saber sobre a diverticulite, incluindo seus principais sinais, causas, métodos de diagnóstico, opções de tratamento e formas de prevenção, ajudando a entender melhor como manter a saúde intestinal e evitar complicações.

O que é Diverticulite?

Diverticulite é uma inflamação ou infecção dos divertículos, pequenas bolsas que podem se formar na parede do cólon, no intestino. Estes divertículos se desenvolvem quando pontos fracos na camada muscular do intestino cedem sob pressão, formando pequenas bolsas que se projetam para fora do intestino.

O termo diverticulose refere-se à presença dessas bolsas, enquanto a diverticulite ocorre quando uma ou mais dessas bolsas ficam inflamadas ou infectadas.

A diferença entre diverticulose e diverticulite é importante. Diverticulose é geralmente assintomática e muitas vezes é descoberta por acaso durante exames de imagem por outras razões.

Já a diverticulite pode causar sintomas significativos e complicações que necessitam de atenção médica. Quando os divertículos se tornam inflamados ou infeccionados, podem resultar em dor abdominal intensa, febre e problemas intestinais.

O processo de inflamação e infecção ocorre quando partículas de alimentos, fezes ou bactérias ficam presas nos divertículos, resultando em inflamação. Se essa inflamação piorar, pode levar a uma infecção.

Em casos graves, a infecção pode causar um abscesso (uma bolsa de pus), perfuração (um buraco na parede intestinal), ou uma fístula (uma conexão anormal entre o intestino e outros órgãos).

Causas da Diverticulite

A diverticulite ocorre quando há inflamação ou infecção nos divertículos. Vários fatores podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver diverticulite:

  • Idade: O risco de diverticulite aumenta com a idade. A diverticulose é comum em pessoas com mais de 40 anos e se torna mais prevalente com o passar dos anos.
  • Dieta pobre em fibras: Uma dieta baixa em fibras pode contribuir para o desenvolvimento de divertículos. Fibras ajudam a suavizar o bolo fecal, reduzindo a pressão no cólon. Dietas ricas em carnes vermelhas e gorduras também são associadas a um maior risco.
  • Obesidade: Pessoas obesas têm maior risco de desenvolver diverticulite.
  • Sedentarismo: A falta de atividade física está associada a um aumento do risco de diverticulite. O exercício regular ajuda a promover a saúde digestiva.
  • Histórico familiar: Ter um parente próximo com diverticulite aumenta o risco.
  • Uso de certos medicamentos: Alguns medicamentos, como anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), esteroides e opiáceos, podem aumentar o risco de diverticulite.

O estilo de vida e a alimentação desempenham papéis fundamentais na prevenção e manejo da diverticulite. Uma dieta rica em fibras, a manutenção de um peso saudável e a prática regular de exercícios são estratégias eficazes para reduzir o risco.

Sintomas da Diverticulite

Os sintomas da diverticulite podem variar de leves a graves e podem incluir:

Sintomas comuns

Conheça agora os sintomas mais comuns da diverticulite:

Dor abdominal

Geralmente, ocorre no lado inferior esquerdo do abdômen e pode ser constante e persistente.

Febre

Indica uma possível infecção.

Náusea e vômito

Podem ocorrer devido à irritação do trato gastrointestinal.

Alterações no hábito intestinal

Podem incluir constipação ou, menos comumente, diarreia.

Sintomas mais graves

Sintomas mais graves que podem indicar complicações:

Sangramento retal

Indica possível ruptura de um divertículo.

Abscesso

Formação de uma bolsa de pus dentro ou ao redor do intestino.

Perfuração

Um buraco na parede do intestino que pode causar infecção generalizada (peritonite).

Peritonite

Uma condição grave que ocorre quando o conteúdo intestinal vaza para a cavidade abdominal, exigindo intervenção médica urgente.

Diante de sintomas de diverticulite, é crucial procurar atendimento médico para um diagnóstico e tratamento adequados. A intervenção precoce pode prevenir complicações e melhorar o prognóstico.

Diagnóstico da Diverticulite

O diagnóstico da diverticulite geralmente começa com uma avaliação clínica detalhada feita por um profissional de saúde. Isso inclui um exame físico e a obtenção de um histórico clínico completo do paciente.

Durante o exame físico, o médico pode pressionar suavemente a área abdominal para verificar sinais de dor, especialmente no lado inferior esquerdo, onde os divertículos são mais comuns. Além disso, o histórico de sintomas do paciente, como febre, alterações no hábito intestinal, dor e desconforto abdominal, é considerado crucial.

Exames de Imagem

Para confirmar o diagnóstico de diverticulite e avaliar sua gravidade, são frequentemente utilizados exames de imagem, sendo os mais comuns:

Tomografia Computadorizada (TC)

É o exame mais preciso para diagnosticar diverticulite. A TC pode identificar a inflamação dos divertículos, determinar a extensão da infecção e detectar complicações como abscessos, fístulas, ou perfurações.

Ultrassonografia

Embora seja menos detalhada que a TC, a ultrassonografia é uma alternativa útil, especialmente para pacientes que não podem ser expostos à radiação. Ela pode ajudar a visualizar áreas inflamadas e identificar abscessos.

Outros Exames Laboratoriais

Em alguns casos, o médico pode solicitar exames laboratoriais adicionais para auxiliar no diagnóstico:

Hemograma Completo

Pode mostrar aumento no número de glóbulos brancos, indicando uma infecção.

Teste de Proteína C Reativa (PCR)

Um marcador de inflamação no corpo que pode estar elevado na diverticulite.

Exames de Urina

Para descartar outras causas de dor abdominal, como infecções urinárias.

Exame de Fezes

Pode ser solicitado para descartar infecções intestinais.

Esses exames ajudam a confirmar a presença de inflamação, avaliar a gravidade da diverticulite e orientar a escolha do tratamento.

Tratamento da Diverticulite

O tratamento da diverticulite depende da gravidade da condição. A maioria dos casos leves de diverticulite pode ser tratada de forma conservadora, enquanto casos mais graves ou complicados podem necessitar de hospitalização ou até cirurgia.

Opções de Tratamento Conservador

Para casos leves de diverticulite, as opções de tratamento incluem:

Repouso Intestinal

O paciente é orientado a descansar o intestino, o que pode envolver a limitação da ingestão de alimentos sólidos e a adoção de uma dieta líquida por alguns dias até que os sintomas melhorem.

Antibióticos

São frequentemente prescritos para tratar ou prevenir uma infecção. Antibióticos de amplo espectro que cobrem bactérias intestinais comuns são geralmente utilizados.

Analgésicos e Medicamentos Antiespasmódicos

Para controlar a dor e o desconforto abdominal.

Tratamento Hospitalar

O tratamento hospitalar pode ser necessário para casos de diverticulite moderada a grave, especialmente se houver:

  • Febre Alta ou sinais de infecção grave.
  • Incapacidade de ingerir líquidos ou alimentos devido à dor intensa ou vômitos.
  • Complicações como abscessos, perfuração intestinal ou peritonite.

Cirurgia

A cirurgia pode ser necessária em casos graves ou complicados de diverticulite. Existem dois tipos principais de procedimentos cirúrgicos:

Ressecção Intestinal Primária

O segmento afetado do intestino é removido, e as partes saudáveis do intestino são reconectadas. Esse é o tipo de cirurgia mais comum para a diverticulite.

Ressecção com Colostomia Temporária

Em casos de infecção severa ou inflamação extensa, pode ser necessária uma colostomia temporária. O intestino é desviado para uma abertura no abdômen para permitir a cicatrização antes de ser reconectado posteriormente.

Papel da Dieta na Recuperação e Prevenção

Após o tratamento inicial, é fundamental adotar uma dieta rica em fibras para prevenir novos episódios de diverticulite. Aumentar a ingestão de frutas, vegetais e grãos integrais ajuda a manter as fezes macias e reduz a pressão no cólon.

No entanto, durante uma crise, uma dieta baixa em fibras pode ser recomendada até que os sintomas melhorem.

Complicações da Diverticulite

Se não for tratada adequadamente, a diverticulite pode levar a várias complicações graves:

Abscesso

Uma coleção de pus que se forma em torno do divertículo inflamado. Pequenos abscessos podem ser tratados com antibióticos, mas os maiores podem necessitar de drenagem percutânea.

Fístulas

Conexões anormais entre o intestino e outros órgãos, como a bexiga, podem se formar após episódios graves de inflamação. As fístulas requerem correção cirúrgica.

Obstrução Intestinal

A inflamação pode causar bloqueio parcial ou completo do intestino, levando a dor, vômitos e inchaço abdominal. Em casos graves, a cirurgia pode ser necessária para remover a obstrução.

Perfuração Intestinal

Uma perfuração na parede do intestino pode causar peritonite, uma inflamação do revestimento da cavidade abdominal que é uma emergência médica e requer cirurgia imediata.

Peritonite

A infecção do revestimento do abdômen devido a uma perfuração no intestino é uma condição potencialmente fatal que requer cirurgia de emergência e antibióticos intravenosos.

Tratamento das Complicações e Importância da Intervenção Precoce

O tratamento precoce da diverticulite é essencial para evitar essas complicações graves. Em casos de abscessos ou perfuração, a drenagem ou cirurgia imediata é frequentemente necessária.

A gestão adequada da diverticulite através de mudanças no estilo de vida, alimentação adequada, e seguimento médico regular pode ajudar a minimizar o risco de complicações futuras e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Prevenção da Diverticulite

A prevenção da diverticulite envolve principalmente mudanças no estilo de vida, especialmente relacionadas à alimentação, hidratação e atividade física. Seguem algumas recomendações fundamentais:

Dieta Rica em Fibras

Consumir uma dieta rica em fibras é essencial para manter o intestino funcionando bem. As fibras ajudam a aumentar o volume das fezes e a promover a regularidade intestinal, o que pode reduzir a pressão no cólon e o risco de formação de divertículos. Frutas, vegetais, grãos integrais, feijões e leguminosas são ótimas fontes de fibras.

Hidratação Adequada

A ingestão de água é crucial quando se aumenta a ingestão de fibras. A água ajuda a suavizar as fezes, facilitando sua passagem pelo intestino e reduzindo o risco de diverticulite.

Atividade Física Regular

O exercício físico regular, como caminhar, correr ou andar de bicicleta, pode ajudar a manter o trato digestivo saudável, além de contribuir para o controle de peso e a redução da pressão abdominal.

O Papel de Evitar Certos Alimentos

Por muitos anos, acreditou-se que evitar alimentos como sementes, nozes e pipoca poderia prevenir a diverticulite. No entanto, estudos mais recentes sugerem que esses alimentos não aumentam o risco de inflamação dos divertículos e, portanto, não há necessidade de evitá-los.

O foco deve estar em uma dieta equilibrada e rica em fibras para manter o intestino saudável.

Importância de uma Dieta Equilibrada e de um Peso Saudável

Manter uma dieta equilibrada e um peso saudável é essencial. A obesidade está associada a um risco aumentado de complicações da diverticulite, e, portanto, manter um peso saudável por meio de uma alimentação adequada e atividade física regular é fundamental.

Diverticulite Crônica e Cuidados de Longo Prazo

Algumas pessoas podem experimentar diverticulite recorrente ou crônica. Para esses indivíduos, é fundamental adotar uma abordagem de cuidados de longo prazo para minimizar a recorrência e as complicações.

Gerenciamento a Longo Prazo

O acompanhamento médico regular é essencial para monitorar a condição e ajustar o tratamento conforme necessário. Isso pode incluir o uso de antibióticos intermitentes, mudanças na dieta e ajustes no estilo de vida.

Estratégias de Monitoramento

Exames de imagem, como tomografia computadorizada, e testes laboratoriais podem ser utilizados para monitorar a condição. Um médico também pode recomendar exames de colonoscopia para avaliar a saúde do cólon após um episódio de diverticulite.

Alterações na Dieta e Estilo de Vida

Manter uma dieta rica em fibras, beber muita água e realizar atividades físicas são componentes essenciais para prevenir recorrências de diverticulite. Evitar o uso excessivo de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) também pode ser importante, pois eles podem aumentar o risco de complicações.

A diverticulite é uma condição comum, especialmente em adultos mais velhos, mas é altamente tratável e, na maioria dos casos, pode ser prevenida com mudanças no estilo de vida.

Uma dieta rica em fibras, adequada hidratação, atividade física regular e manutenção de um peso saudável são fundamentais tanto para a prevenção quanto para a gestão de longo prazo da diverticulite.

Se você experimentar sintomas como dor abdominal intensa, febre ou alterações no hábito intestinal, é essencial procurar orientação médica para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado. A informação e a ação precoce são as melhores estratégias para manter a saúde intestinal e evitar complicações.

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Enf. Raquel Souza de Faria
Enf. Raquel Souza de Faria

Sou Raquel Souza de Faria, Enfermeira (COREN – MG 212.681) Especialista em Docência do Ensino Superior, Consultora de Enfermagem em Núcleo de Segurança do Paciente, Gestora de Serviços de Atenção Básica/Saúde da Família. Empresária e Empreendedora, amante da Fitoterapia e das Terapias Holísticas, oferecendo bem-estar e prevenção de doenças como Auriculoterapêuta e Esteticista.
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